Ministério da Agricultura declara emergência zoossanitária no RS após caso da doença de Newcastle em aviário

Dólar opera em queda, após anúncio de congelamento de gastos e apagão cibernético global; Ibovespa sobe
Enfermidade viral contamina aves silvestres e domésticas, de acordo com especialista. Sete mil animais precisarão ser sacrificados em granja de Anta Gorda. Granja onde foi identificado caso da doença de Newcastle em Anta Gorda
Reprodução/RBS TV
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou, nesta sexta-feira (19), uma portaria que declara estado de emergência zoossanitária no Rio Grande do Sul. A medida vale por um prazo de 90 dias, em função da detecção de um caso doença de Newcastle em um aviário de Anta Gorda, no Vale do Taquari.
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O estado de emergência zoossanitária é declarado sempre que há um risco de uma doença se propagar rapidamente entre os animais, como uma forma de o governo se antecipar a um surto. Segundo o Mapa, a declaração de emergência "prevê uma vigilância epidemiológica de forma mais ágil com a aplicação dos procedimentos de erradicação do foco".
Entre as medidas, estão ações de sacrifício ou abate de todas as aves onde o foco foi confirmado, limpeza e desinfecção do local, adoção de medidas de biosseguridade, demarcação de zonas de proteção e vigilância em todas propriedades existentes no raio de 10km, definição de barreiras sanitárias, entre outras.
O Ministério da Agricultura afirma que "a população não deve se preocupar e pode continuar consumindo carne de frango e ovos, inclusive da própria região afetada".
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O Brasil negocia com países importadores medidas para evitar a suspensão das exportação de carne de frango. De acordo com o Mapa, o país tem um acordo com a China que prevê uma "autossuspensão" das exportações de forma imediata, medida que pode ser negociada para limitar a área afetada pela suspensão.
"O acordo com a China se define neste aspecto: fecha imediato, provê a informação, e eles imediatamente dizem o que eles aprovam no segundo momento. Nós já suspendemos, eles não nos fecham. O Brasil autossuspende sua certificação, comunica o foco. A gente está fazendo comunicações país a país e, para cada país, eu peço: 'China, não fecha o Brasil todo, fecha 50 km ao redor'", explica Marcelo Mota, diretor-adjunto do Departamento de Saúde Animal do Mapa.
O mercado brasileiro vende frango para 150 países. Os maiores compradores da carne do RS são Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, China, Japão e Iraque.
"Para alguns países, vai haver um cenário mais extremo e que vai ser feito o fechamento de mercado. E é para isso que o Ministério da Agricultura tem trabalhado para prestar as comunicações de forma mais transparente possível e dizer: 'olha, o foco é circunscrito a uma situação muito localizada no município de Anta Gorda e a gente tentar limitar as restrições nessa exportação'", afirma Mota.
Em nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV) afirmaram que "as autoridades federais e do estado agiram rapidamente na identificação do caso com interdição da granja, garantindo que não houvesse saída de aves". As entidades ainda disseram que "os protocolos oficiais estabelecidos para a mitigação da situação pontual foram acionados e o entorno segue monitorado".
Doença de Newcastle identificada em aviário do RS
g1
Especialista explica doença
A doença de Newcastle (DNC) é uma enfermidade viral que contamina aves domésticas e silvestres. Causada pelo vírus pertencente ao grupo paramixovírus aviário sorotipo 1 (APMV-1), a doença apresenta sinais respiratórios, seguidos por manifestações nervosas, diarreia e edema da cabeça dos frangos.
O g1 conversou com um especialista sobre o assunto, o professor de Medicina de Aves da Faculdade de Medicina Veterinária da UFRGS Hamilton Luiz de Souza Moraes, que esclareceu dúvidas sobre a doença.
O que é
A DNC é uma enfermidade viral que contamina aves domésticas e silvestres. Ela é causada pelo vírus pertencente ao grupo paramixovírus aviário sorotipo 1 (APMV-1). Com isso, as aves apresentam sinais respiratórios, seguidos por manifestações nervosas, diarreia e edema da cabeça.
Qual o impacto em humanos
O especialista explica que a doença pode causar, no máximo, conjuntivite transitória em humanos, podendo durar cerca de uma semana. A transmissão ocorre pelo contato, e não pelo consumo.
"Ela é o que a gente chama de uma zoonose classe 2. Ela não causa muitos problemas, no máximo conjuntivite, mas em uma semana, tá bom. Então não é um problema para a saúde pública, vamos dizer assim. O problema maior é para as aves mesmo", explica.
Como ela é transmitida
A doença é transmitida por aves migratórias infectadas que fazem rotas comuns através dos continentes. Por conta disso, elas podem ter ocorrência em qualquer lugar do mundo.
"Em algum momento essas aves se cruzam, então algumas que estejam infectadas podem contaminar outras, e nos locais onde elas estavam podem sair e infectar aves domésticas", explica.
Como a doença é extinta
A eliminação de todas as aves do mesmo lote é a metodologia de controle da doença. Isso ocorre pois o vírus é transmitido pelo ar, podendo contaminar ração, água e o abrigo aviário. Caso o foco não seja extinto, o surto pode se espalhar para uma região mais ampla.
A medida foi confirmada pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Mapa, em conjunto com a Seapi, que irá seguir o seguinte protocolo:
Eliminação e destruição de todas as aves do estabelecimento;
Limpeza e desinfecção do local;
Interdição imediata do estabelecimento avícola, suspendendo toda movimentação de aves desde o primeiro atendimento pela Seapi.
Existe uma vacina contra a doença de Newcastle, que precisa ser aplicada, preventivamente, antes da transmissão da doença.
Quão transmissível é a doença
A difusão da DNC é rápida, pois ocorre por um vírus transmitido pelo ar. O especialista alerta que, se as aves contaminadas saem dos locais onde estão concentradas ou se são mortas e descartadas em lugares inadequados, podem se disseminar para toda uma região.
A enfermidade também é letal, podendo matar quase 100% das aves infectadas. Por conta disso, os órgãos fiscalizadores têm uma preocupação com a dispersão.
Para garantir a contenção do surto, o Mapa afirmou que irá realizar uma investigação epidemiológica complementar em um raio de 10 quilômetros ao redor da área de ocorrência do foco.
No entanto, o especialista afirma que cada país tem um protocolo. Alguns países regionalizam em raio de 50km, podendo fechar um estado ou até o país, dependendo da disseminação da doença.
"O Japão é mais inteligente. Para 50 quilômetros, porque esse vírus se conserva bem na carne congelada, então se a gente exportar a carne com vírus, a gente pode estar contaminando outros locais", explica.
Qual a recorrência da doença
No Brasil, o último registro da doença foi em 2006, nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, segundo o Ministério. O especialista afirma que o foco da doença no estado se concentrou no município de Vale Real, a cerca de 90 km de Porto Alegre. "Algumas aves morreram e outras foram eliminadas", relembra.
Qual o impacto financeiro
O especialista explica que os animais sacrificados em 2006 foram um problema não apenas para as aves como também para os países que importavam o frango à época. Ele afirma que houve uma interdição do produto por cerca de três meses.
"O Brasil é o primeiro exportador mundial de carne de frango, e os países que compram a nossa carne, quando tem surtos dessa doença, não querem exportar daquele local. Então naquela época, em 2006, houve a interdição da importação por mais ou menos 3 meses", revela.
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Especialistas criticam atualização no sistema da CrowdStrike, que travou computadores pelo mundo: ‘Recuperação é manual e lenta’

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Falha em update de software, que serve para detectar possíveis invasões hackers, ocasionou o apagão global na manhã desta sexta. Brasil teve impacto menor porque a CrowdStrike tem pouco alcance no país, explicam profissionais de cibersegurança. Tela mostra erro em casa de câmbio no Aeroporto Internacional de Hong Kong em meio a apagão global no dia 19 de julho de 2024
Tyrone Siu/Reuters
Várias empresas que usam sistema operacional Windows tiveram seus computadores travados na manhã desta sexta-feira (19). O problema causou interrupção cibernética global e paralisou serviços de aeroportos, hospitais, além de serviços bancários e de comunicação.
A falha foi motivada por uma atualização (update) em uma ferramenta chamada Falcon, produzinda pela empresa norte-americana CrowdStrike. Ela é utilizada para detectar possíveis invasões hackers e uma de suas clientes é justamente a Microsoft.
Essa atualização no Falcon gerou BSOD (ou "tela azul da morte" em português) nessas máquinas. Especialistas em cibersegurança consultados pelo g1 criticaram a CrowdStrike por ter liberado a nova versão do software sem uma testagem mais segura.
Para o presidente da Associação Brasileira de Segurança Cibernética, Hiago Kin, "faltou implementar testes exaustivos em ambientes de pré-produção que simulem cenários reais antes de liberar atualizações".
"Faltou também implementar um lançamento gradual da atualização para um pequeno grupo de usuários antes de expandir para a base completa", completou.
Thiago Ayub, diretor de tecnologia da Sage Networks, explicou que a recuperação desses computadores é manual e lenta, pois é feita máquina por máquina.
Além disso, ela exige que um profissional de TI remova a atualização em uma série de etapas que um usuário comum teria dificuldade em fazer.
Ayub ainda afirmou que, para uma empresa ser afetada pelo problema, três fatores precisam ser combinados: ser usuária de sistemas Windows; ser cliente da fabricante da solução de segurança que provocou o problema e ter permitido a atualização desse produto nessa madrugada.
Segundo ele, no Brasil o impacto tem sido menor do que em outros países devido a combinação desses fatores. O alcance comercial da CrowdStrike por aqui é menor.
"A atualização em sistemas de segurança não é prudente postergá-las, pois isso aumenta a vulnerabilidade. Seria análogo a adiar tomar um remédio para prevenir uma doença", disse Ayub.
"Quando se encontra alguma nova vulnerabilidade ou novo vírus que poderia infectar esse tipo de computador, há pressa no lançamento de atualizações desse produto para que ele faça frente contra essa nova ameaça. Mas essa pressa é inimiga da perfeição", completou.
Problema vem sendo resolvido
A dona do Windows afirmou por volta das 8h10 (horário de Brasília) que a falha já havia sido resolvida, mas que problemas residuais ainda poderiam ocorrer.
"Os clientes que continuarem ter problemas devem entrar em contato com a CrowdStrike para obter assistência adicional", disse a Microsoft, em nota.
Segundo a agência de notícias Reuters, qualquer cliente que ligar para a companhia ouvirá a seguinte mensagem: "obrigado por entrar em contato com o suporte da Crowdstrike. Estamos cientes dos relatos de falhas".
O CEO da CrowdStrike, George Kurtz, declarou no X que o problema na atualização já foi identificado, isolado e uma correção foi instalada.
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Vendas de champanhe têm queda de 15% no semestre, e produtores vão limitar a colheita de 2024

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Para associação de produtores, a situação geopolítica e econômica sombria, e uma inflação generalizada estão impactando o consumo familiar da bebida mais tradicional da França. Uvas são retratadas no vinhedo Brun de Neuville durante a tradicional colheita de Champagne em Bethon, França, em 2020.
REUTERS/Charles Platiau/File Photo
Os produtores de champanhe da França solicitaram nesta sexta-feira (19) uma redução na colheita de uvas deste ano, devido a uma queda de mais de 15% nas vendas do vinho durante o primeiro semestre. A redução de demanda acontece em meio a um cenário econômico mais incerto, que levou os consumidores a apertarem os gastos.
De acordo com dados divulgados nesta sexta, as remessas de champanhe no primeiro semestre de 2024 totalizaram 106,7 milhões de garrafas, o que representa uma queda de 15,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando os números estavam mais próximos dos níveis vistos em 2019.
David Chatillon, presidente da Union des Maisons de Champagne, declarou que "a situação geopolítica e econômica global sombria, além da inflação generalizada, estão impactando o consumo familiar".
"O champanhe também está lidando com os efeitos do excesso de estoque que os varejistas acumularam em 2021 e 2022", conforme comunicado emitido pela associação que representa os produtores da região.
Garrafas de champagne são vistas na adega da Bollinger durante a tradicional colheita de champagne em Ay, França, em 2016.
REUTERS/Benoit Tessier/File Photo
O comitê mencionou que a colheita deste ano em Champagne foi afetada por condições climáticas adversas desde o início do ano, incluindo geadas e chuvas que aumentaram os problemas com míldio nos vinhedos — uma das pragas mais importantes que afetam as plantas.
Como resposta, foi estabelecido um limite máximo de 10 mil kg de uvas por hectare para a colheita deste ano, abaixo dos 11.400 kg/ha registrados em 2023.
Ao contrário de outras vinícolas, a produção de champanhe geralmente envolve uma mistura de várias safras, utilizando estoques de anos anteriores. Essas reservas são acumuladas em anos de boas colheitas e podem compensar períodos de baixa produção.
Apanhador de uvas colhe frutas de um vinhedo durante a tradicional colheita de Champagne em Bethon, França, em 2020.
REUTERS/Charles Platiau/File Photo
Esta não é a primeira vez que a região enfrenta perdas significativas devido a condições climáticas desfavoráveis. Em 2021, a produção caiu 25% em comparação com a média dos últimos cinco anos, atingindo o nível mais baixo em 35 anos.
A colheita deste ano está programada para começar entre 10 e 12 de setembro. Diferentemente do ano passado, o comitê não divulgou previsões para as vendas e exportações para o ano completo.
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Dólar opera em queda, após anúncio de congelamento de gastos e apagão cibernético global; Ibovespa sobe

Dólar opera em queda, após anúncio de congelamento de gastos e apagão cibernético global; Ibovespa sobe
Na véspera, a moeda norte-americana fechou em alta de 1,89%, cotada em R$ 5,5872. Já o principal índice de ações da bolsa teve queda de 1,39%, aos 127.652 pontos. Notas de 1 dólar
Rafael Holanda/g1
O dólar abriu a sessão desta sexta-feira (19) em queda, à medida que investidores continuam de olho cenário fiscal brasileiro e repercutem eventuais impactos nos mercados financeiros após o apagão cibernético que atingiu diversos lugares do mundo.
Na véspera, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um bloqueio de R$ 11,2 bilhões no Orçamento de 2024, além de um contingenciamento de R$ 3,8 bilhões. As medidas vieram como uma tentativa do governo de cumprir a regra de gastos prevista no arcabouço fiscal.
O valor está abaixo do que queriam os agentes de mercado, mas a sinalização de contenção foi suficiente para, em certa medida, acalmar os nervos do mercado.
No exterior, além dos desdobramentos políticos e de juros nos Estados Unidos, os mercados também monitoram os efeitos do apagão cibernético global em ações de tecnologia. (entenda mais abaixo)
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, operava em alta.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
ENTENDA: A cronologia da disparada do dólar motivada pelos juros nos EUA, o cenário fiscal brasileiro e as declarações de Lula
CONSEQUÊNCIAS: Alta do dólar deve pressionar inflação e impactar consumo das famílias no 2º semestre, dizem especialistas
Dólar
Às 10h15, o dólar operava em queda de 0,55%, cotado em R$ 5,5567. Na mínima do dia chegou a R$ 5,5223. Veja mais cotações.
Na véspera, a moeda fechou com um avanço de 1,89%, cotada em R$ 5,5872.
Com o resultado, acumulou:
alta de 2,88% na semana;
recuo de 0,02% no mês;
avanço de 15,14% no ano.

Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa operava em alta de 0,36%, aos 128.111 pontos.
Na véspera, o índice caiu 1,39%, aos 127.652 pontos.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,97% na semana;
ganhos de 3,02% no mês;
perdas de 4,87% no ano.

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O apagão cibernético que atrasou voos e prejudicou diversos serviços bancários e de comunicação ao redor do mundo ficava no centro das atenções nesta sexta-feira (19). O problema estaria relacionado a sistemas que utilizam Windows na empresa CrowdStrike, uma fornecedora de serviços de segurança digital.
Em nota, a Microsoft informou que a falha já teria sido resolvida, mas que problemas residuais ainda podem ocorrer. Não há indícios de que o apagão esteja relacionado a um ataque hacker.
Ainda assim, os futuros dos índices acionários de Nova York já sentiam os efeitos do apagão nos negócios desta sexta-feira, com investidores se desfazendo de algumas ações de tecnologia no pré-mercado. Os papéis da Microsoft e da CrowdStrike sinalizavam queda.
Apagão cibernético prejudica bolsas de valores e mercados de commodities e câmbio pelo mundo
Nos Estados Unidos, a corrida eleitoral também continua no radar. Investidores seguem incerto sobre o futuro chefe de Estado da maior economia do mundo, em meio a um crescente favoritismo pelo ex-presidente Donald Trump e após o atual presidente dos EUA, Joe Biden, afirmar que "analisa alma" sobre desistir de sua candidatura.
Na agenda, dados econômicos e falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) devem ficar na mira, à medida que o mercado segue em busca de novas pistas sobre o futuro dos juros no país.
Na véspera, o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou que o Fed não deveria cortar os juros "antes do final de 2024", destacando que o governo norte-americano precisa aumentar os impostos para desacelerar o crescimento da dívida federal.
Na Ásia, o Banco Central do Japão (BoJ) informou que recebeu um número considerável de solicitações para reduzir a compra mensal de títulos nos próximos anos. Já na China, a falta de estímulos econômicos pesou nos preços do minério de ferro, que recuaram nesta sexta-feira.
No mercado local, o cenário fiscal continua a fazer preço nos negócios, com as atenções dos investidores voltadas para as discussões em torno do Orçamento.
Na véspera, depois do fechamento do mercado, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciaram R$ 15 bilhões entre bloqueio e contingenciamento de verbas.
Agentes de mercado queriam ao menos R$ 30 bilhões contingenciados para que a meta de déficit zero seja cumprida.
A diferença entre bloqueio e contingenciamento é a seguinte:
Bloqueio: se refere a valores no Orçamento que têm que ser bloqueados para o governo manter a meta de gastos do arcabouço fiscal.
Contingenciamento: é uma contenção feita em razão de a receita do governo estar vindo abaixo do esperado.
Segundo Haddad, as medidas são necessárias para cumprir a regra de gastos do governo prevista no arcabouço fiscal.
O mercado já vinha mal com a perspectiva de que os cortes não fossem suficientes. Na quinta-feira, Tebet, descartou interromper programas sociais e obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) já iniciadas, principalmente nas áreas de saúde e educação. Tebet admitiu que o governo deve cortar gastos, mas afirmou que isso deve ser feito com os gastos "desnecessários".
"Não tem nenhuma, nenhuma sinalização, nenhuma, de que o PAC, especialmente na área da educação e da saúde, vai ter corte", disse Tebet ao programa "Bom Dia, Ministra" do CanalGov.
"Ainda que a gente tenha que fazer cortes temporários, contingenciamento ou bloqueios em obras de infraestrutura a gente faz naquelas que não iniciaram ou que não iniciariam agora para que a gente possa depois de dois meses –porque a cada dois meses a gente faz essa revisão — repor de outra forma", declarou Tebet.
A ministra destacou que o governo pretende reestruturar alguns programas sociais, com cortes de gastos "naquilo que estiver efetivamente sobrando", com fiscalização de fraudes e irregularidades.
"Obviamente, na hora que tiver que cortar, nós vamos reestruturar alguns programas. Nós temos que fazer reformas estruturantes para poder ter [recursos] para aquilo que mais precisa. Onde mais precisa? E eu sou professora, então educação, saúde", declarou.
Ainda na quinta-feira, o governo manteve em 2,5% a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024. Assim, o governo espera uma desaceleração no ritmo de crescimento da economia brasileira, que cresceu 2,9% em 2023.
A informação consta no Boletim Macrofiscal, da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, que também trouxe:
A previsão para a inflação deste ano subiu de 3,7% para 3,90%.
A perspectiva para o PIB em 2025 caiu de 2,8% para 2,6%.
*Com informações da agência de notícias Reuters.