Lula diz que fará ajuste fiscal ‘necessário’, mas não ‘em cima do pobre’

Diretor-geral da PF pede ajuda a Portugal para prender ex-diretora foragida das Americanas
Presidente participou de inauguração de viaduto e fez anúncios de rodovias ao lado de Margarida Salomão (PT), prefeita de Juiz de Fora. Presidente Lula durante evento em Juiz de Fora (MG)
Divulgação/EBC
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconheceu nesta sexta-feira (28) a importância de fazer cortes de gastos para equilibrar as contas públicas, mas negou a possibilidade de fazer ajustes que possam retroceder nas agendas sociais do governo.
O petista voltou garantir que não tomará medidas que mexam em salário mínimo e benefícios – por exemplo, desobrigando a correção desses valores pela inflação do período. Segundo ele, o governo "fará os ajustes necessários", mas "não em cima do povo pobre".
"Agora mesmo estão dizendo que é importante ter preocupação de ajuste fiscal, que o salário mínimo está ficando muito alto. Que salário mínimo alto? O mínimo é o mínimo, gente, não tem nada salário mínimo alto", declarou o petista.
"Eu farei o ajuste necessário, porque eu não quero gastar mais do que a gente ganha, mas eu quero dizer para vocês, não será nunca em cima do povo trabalhador, e do povo pobre que eu vou fazer que vou fazer ajuste fiscal nesse país. Nunca" afirmou o presidente.
A declaração foi dada em Juiz de Fora (MG), onde Lula participa do evento de inauguração de um viaduto na cidade.
Pressão por cortes de gastos
Nos últimos meses, o setor produtivo e o mercado financeiro têm pressionado o governo federal a realizar um corte de gastos para manter o arcabouço fiscal e equilibrar as contas públicas.
Lula diz que governo está fazendo uma análise dos cortes de gastos
Integrantes da equipe econômica já indicaram que podem enviar projetos para coibir supersalários no funcionalismo e mudar regras de previdência de militares, além de rever bases de dados de benefícios sociais.
Lula, no entanto, tem resistido. Não é a primeira vez que o presidente afirma que não vai aceitar cortar despesas de projetos e setores que afetam as pessoas menos favorecidas.
Na quinta-feira (27), em entrevista à rádio Itatiaia, em Belo Horizonte, Lula mencionou que não aceita mexer em benefício social, mas que o governo está fazendo um pente-fino e que se "houver gente recebendo sem direito, será cortado", mas enfatizou que as pessoas mais pobres vão continuar recebendo benefícios do governo federal.

Dólar dispara a R$ 5,59 após Lula dizer que juros vão ‘melhorar’ quando ele indicar presidente do BC; Ibovespa cai

Diretor-geral da PF pede ajuda a Portugal para prender ex-diretora foragida das Americanas
No dia anterior, a moeda norte-americana recuou 0,20%, cotada em R$ 5,5079. Já o principal índice acionário da bolsa encerrou em alta de 1,36%, aos 124.308 pontos. Mulher segura notas de dólar, dinheiro
Karolina Grabowska/Pexels
O dólar opera em alta nesta sexta-feira (28), último pregão do primeiro semestre de 2024, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar a criticar o Banco Central do Brasil (BC).
Em entrevista à rádio O Tempo, Lula disse que o patamar de juros no Brasil "vai melhorar" quando ele indicar o próximo presidente do BC. Luan Aral, especialista em câmbio da Genial Investimentos, afirma que isso traz receio ao mercado, que entende a fala como uma sinalização de que o novo presidente vai promover quedas forçadas na taxa básica de juros, a Selic.
Ainda no cenário doméstico, o BC divulgou o resultado das contas do setor público consolidado de maio, quando o déficit primário subiu para R$ 63,9 bilhões.
Nos Estados Unidos, ontem, houve o primeiro debate da disputa presidencial entre Joe Biden e Donald Trump e a percepção geral é que o republicando venceu o confronto. Como mostrou o blog da Sandra Cohen, o desempenho de Biden no debate virou pesadelo para os democratas.
Além disso, o mercado aguarda, também, a divulgação do índice PCE no país, o indicador de inflação favorito do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Esse número pode trazer novas expectativas sobre o futuro dos juros nos Estados Unidos.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Às 16h10, o dólar subia 1,41%, cotado a R$ 5,5854. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,5982. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda norte-americana caiu 0,20%, cotado a R$ 5,5079
Com o resultado, acumulou:
avanço de 1,23% na semana;
ganho de 4,93% no mês;
alta de 13,51% no ano.

Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,43%, aos 123.770 pontos.
Na véspera, o índice fechou em alta de 1,36%, aos 124.308 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 2,44% na semana;
ganhos de 1,81% no mês;
perdas de 7,36% no ano.

DINHEIRO OU CARTÃO? Qual a melhor forma de levar dólares em viagens?
DÓLAR: Qual o melhor momento para comprar a moeda?
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
"Em meio a novos ataques do presidente Lula ao Banco Central, ao denominar a Selic em 10,5% como 'irreal', e dizer que a taxa de juros deve melhorar com o novo presidente do BC, o câmbio reage à maior percepção de risco, e receio de politização na conduta da política monetária", explica José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos.
Além disso, a divulgação do resultado consolidado do setor público revelou um déficit superior às projeções. "O que se vê é uma trajetória de crescimento da dívida que preocupa, ao mesmo tempo em que carece a urgência de ajustes fiscais. A piora da percepção de risco fiscal e institucional é transferida diretamente para o câmbio, sendo principal motor da alta", diz Alfaix.
Também, hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje que a taxa de desemprego no Brasil foi de 7,1% no trimestre encerrado em maio, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.
Com os resultados, o número absoluto de desocupados teve queda de 8,8% contra o trimestre anterior, atingindo 7,8 milhões de pessoas. Na comparação anual, o recuo é de 13%.
Também seguem no radar dos investidores as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ontem, o presidente criticou as perspectivas de investidores e do mercado financeiro sobre uma aposta no enfraquecimento do real e em uma piora da economia brasileira.
"Quem estiver apostando em derivativo vai perder dinheiro nesse país. As pessoas não podem ficar apostando no fortalecimento do dólar e no enfraquecimento do real", declarou.
"Eu já vi isso em 2008. Quem não lembra a quantidade de empresa que quebrou? Quem não lembra o que aconteceu com a Sadia, a Aracruz? As pessoas achavam que era importante ganhar dinheiro apostando no fortalecimento do dólar e quebraram a cara. E vão quebrar outra vez", seguiu Lula.
também nesta semana, Lula criticou a condução dos juros por parte do Banco Central (BC) em entrevista ao portal "Uol". Esse é um tema sensível para o mercado, que aguarda saber quem será o sucessor de Roberto Campos Neto na cadeira da presidente da instituição no ano que vem.
Sobre Gabriel Galípolo, diretor do BC indicado por seu governo e um dos mais cotados para a posição, Lula disse que "é um companheiro altamente preparado, conhece sistema financeiro. Mas ainda não estou pensando na questão do Banco Central."
"Eu não indico presidente do Banco Central para o mercado. Ele vai ter que tomar conta dos interesses do Brasil. Mercado tem que se adaptar a isso", argumentou Lula.
O presidente também abordou as contas públicas, e disse que o governo está fazendo uma análise dos cortes de gastos que podem ajudar a equilibrar as contas.
Lula disse garantir que não tomará medidas que mexam em salário mínimo e em benefícios sociais — por exemplo, desobrigando a correção desses valores pela inflação do período. "Garanto, salário mínimo não será mexido enquanto eu for presidente da República", disse.
Também nesta quinta-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que não vê motivos, neste momento, para que a autoridade monetária atue para tentar conter a alta do dólar e evitar o chamado "contágio inflacionário" que a disparada da moeda norte-americana pode causar.
O entendimento de economistas é de que o dólar alto tende a pressionar a inflação no Brasil, pois os produtos importados ficam mais caros, e isso normalmente é repassado aos consumidores.
Campos Neto explicou que o Banco Central acredita no princípio da separação entre a definição da taxa de juros, que busca conter a inflação, e as chamadas "medidas macroprudenciais", ou seja, voltadas ao bom funcionamento dos mercados — que é o caso de eventuais atuações cambiais.
"O câmbio é flutuante [a cotação varia de acordo com a demanda e a oferta pela moeda] e intervenção tem de ser por conta de disfuncionalidade pontual [como a ausência de moeda, em um momento em que as instituições a procuram]. Não fazemos intervenção visando algum tipo de nível [da taxa de câmbio]", afirmou Campos Neto.
Na agenda do dia, o Banco Central anunciou, em seu relatório de inflação do segundo trimestre, que elevou de 1,9% para 2,3% sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
"A revisão foi bastante afetada por surpresas positivas no primeiro trimestre, notadamente em impostos, nos componentes mais cíclicos da oferta, no consumo das famílias e na Formação Bruta de Capital Fixo (taxa de investimentos)'", informou o Banco Central.
Além disso, o Ministério do Trabalho e Emprego informou que a economia brasileira gerou 131,8 mil empregos formais em maio deste ano, uma queda de 15,3% em relação ao mesmo período do ano passado.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que o resultado foi influenciado pela calamidade climática no Rio Grande do Sul. O estado foi o único que registrou fechamento de vagas.
"A tendência é a economia voltar a girar no estado e voltar a ter números positivos em agosto", afirmou.
Mercado externo
Nesta sexta-feira, os investidores repercutem novos dados de inflação nos Estados Unidos. O índice PCE avançou 0,1% em maio, acumulando alta de 2,6% em um ano, dentro das expectativas do mercado e representando uma leve desaceleração em relação ao mês anterior.
Na véspera, o destaque ficou com o número de pedidos de seguro-desemprego no país. As solicitações recuaram em 6 mil na semana encerrada em 22 de junho, chegando a 233 mil, informou o Departamento do Trabalho norte-americano.
Economistas estão divididos sobre o significado dos resultados: alguns interpretam que os números indicam alta nas demissões, enquanto outros acreditam que se trata de uma repetição da volatilidade observada no mesmo período do ano passado.
Os pedidos de seguro-desemprego são importantes porque indicam sinais sobre a atividade econômica. Os dados podem ser vistos como indícios do aquecimento ou não da economia e, por isso, estão no radar do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).
A taxa básica de juros norte-americana está em seu maior patamar desde 2001, na faixa de 5,25% e 5,50% ano ano. O objetivo do Fed com a taxa elevada é reduzir a inflação do país para perto de 2%, a meta da autoridade monetária.
Juros mais altos nos Estados Unidos tornam os emergentes, como o Brasil, menos atrativos — impactando no real. Assim, os investidores levam investimentos para economias desenvolvidas e o real tende a se desvalorizar ainda mais.

Compras internacionais terão imposto embutido nos preços, diz secretário da Receita

Plataformas de venda terão até agosto para se adequar, de modo que o preço anunciado incorpore o tributo e o consumidor não seja surpreendido pela cobrança quando as encomendas chegarem ao Brasil. O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, informou nesta sexta-feira (28) que o preço de venda das mercadorias em plataformas de mercadorias do exterior já trará, embutida, a cobrança de 20% sobre os produtos de até US$ 50. Ele lembrou que a taxação começa em agosto deste ano.
Segundo o secretário, esse prazo foi necessário para que a Receita Federal e as plataformas de vendas online tenham tempo para adequar os sistemas, de modo que "o preço [anunciado] já incorpore o tributo" e que o consumidor "não volte a ser surpreendido com a cobrança de impostos depois que as encomendas cheguem ao Brasil".
Dados do Fisco indicam que as encomendas do exterior que chegam ao país alcançam o "pico" de até R$ 18 milhões por mês.
Governo publica MP que prevê início da taxação de compras de até US$ 50 a partir de 1º de agosto
Mais cedo nesta sexta, o governo federal publicou em edição extra do "Diário Oficial da União" desta sexta-feira (28) a medida provisória que estabelece o início dessa taxação.
Embora tenha sancionado nesta quinta-feira (27) a lei que estabelece a cobrança do imposto de importação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) era crítico da medida, que classificou como irracional.
Pressão no Congresso
A taxação foi estabelecida pelo Congresso Nacional após pressão do setor produtivo sobre deputados e senadores.
A crítica era de que, com a isenção, os produtos comprados no exterior, principalmente na China, ingressavam no país mais baratos — prejudicando a geração de empregos no país.
"O Congresso Nacional teve enorme sensibilidade e compreendeu que não faz nenhum sentido ter uma política de favorecimento de produtos vindos do exterior em detrimento dos produzidos e vendidos no Brasil", avaliou o presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Jorge Gonçalves Filho.
No ano passado, segundo dados da Receita Federal, os consumidores brasileiros gastaram R$ 6,42 bilhões em um total de pouco mais de 210 milhões de encomendas internacionais. A maior parte dos pacotes não pagou imposto de importação.
Transparência
O secretário da Receita reiterou o compromisso com a segurança, transparência e controle aduaneiro dos produtos que chegam ao Brasil, bem como com a proteção do consumidor brasileiro.
"Há um ano atrás, praticamente não tínhamos controle do que entrava no Brasil de encomendas internacionais, pois 2% apenas — pela via de remessa postal —, tinham algum tipo de registro aduaneiro e de importação", declarou o secretário.
Ele afirmou que, atualmente, 100% das mercadorias têm registro, endereço e CPF do requerente, o que permite uma "série de controles, não apenas da Receita, mas de outras agências do Brasil".

Ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez pedia documentos por pen drive para se proteger, diz MPF

Diretor-geral da PF pede ajuda a Portugal para prender ex-diretora foragida das Americanas
'Envia pen drive ao MG como solicitado', pede um funcionário ao receber um documento com dados usados para maquiar as contas da empresa. Miguel Gutierrez foi preso nesta sexta (28) em Madri. Sua defesa nega irregularidades. Miguel Gutierrez, ex-CEO das Lojas Americanas
GloboNews/Reprodução
O ex-CEO das Americanas, Miguel Gutierrez, recebia documentos por pen drive, e não por e-mail, segundo o Ministério Público Federal (MPF), para se proteger.
"A maior parte dos documentos não era enviada a Miguel Gutierrez por e-mail. Para se resguardar, o CEO pedia que as informações fossem gravadas em pen drive e entregues fisicamente", diz o MPF.
O órgão cita uma troca de mensagens entre Flávia Carneiro e Carlos Padilha, ex-funcionários da Americanas, sobre verbas de propaganda cooperada (VPC). Essas verbas são comuns no varejo, mas, no caso da Americanas, foram usadas para maquiar as contas.
"Padilha, segue o controle de verba. É o item 4 do índice no kit de fechamento", diz Flávia num e-mail de setembro de 2019.
O e-mail continha um anexo que, segundo o MPF, discriminava os valores falsos de VPC que, em julho de 2019, somavam R$ 3,9 bilhões.
No mesmo dia, Padilha – que também é investigado – responde para a funcionária:
“Flávia, fecha com o Sérgio e Paula e envia pen drive ao MG como solicitado. Posiciona por favor. Obrigado”, diz a mensagem.
Arquivo enviado para ser repassado em pen drive mostra, segundo MPF, cartas VPC falsas lançadas em balanço.
Reprodução
Gutierrez foi preso nesta sexta-feira (28) em Madri, suspeito participação em fraudes contábeis que chegaram a R$ 25 bilhões, segundo investigações da Polícia Federal. A ex-diretora Anna Christina Ramos Saicali, também alvo de mandado de prisão, segue foragida.
Segundo o MPF, Gutierrez participava de fraudes "desde o seu planejamento até a publicação dos resultados".
A defesa de Miguel Gutierrez declarou que ele jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude, e que tem colaborado com as autoridades. Assessoria da ex-diretora Anna Saicali não se posicionou.
A Americanas afirma que é vítima da antiga administração.
O ASSUNTO: Americanas – o novo capítulo da fraude bilionária
Fraude na Americanas: o que a investigação ainda pode revelar sobre esquema bilionário
Veja como o ex-CEO tentou blindar patrimônio após fraude contábil, segundo a PF
Americanas: entenda a fraude que levou à operação da PF
Saiba mais sobre a fraude e as investigações
A prisão de Gutierrez é parte da Operação Disclosure, deflagrada na quinta-feira (28) pela Polícia Federal.
Além do ex-CEO e de Anna Saicali, outros ex-executivos da Americanas foram alvos de busca. Ao todo, a Justiça Federal determinou o bloqueio de R$ 500 milhões dos envolvidos.
De acordo com a PF, a fraude maquiou os resultados financeiros do conglomerado a fim de demonstrar um falso aumento de caixa e consequentemente valorizar artificialmente as ações das Americanas na bolsa.
Com esses números manipulados, segundo a PF, os executivos recebiam bônus milionários por desempenho e obtinham lucros ao vender as ações infladas no mercado financeiro.
A maquiagem foi detectada em pelo menos 2 operações:
Risco sacado: antecipação do pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto a bancos;
Verba de propaganda cooperada (VPC): incentivos comerciais que geralmente são utilizados no setor, mas no presente caso eram contabilizadas VPCs que nunca existiram.
Foram identificados vários crimes, como manipulação de mercado, uso de informação privilegiada (ou insider trading), associação criminosa e lavagem de dinheiro. Caso sejam condenados, os alvos poderão pegar até 26 anos de prisão.
A força-tarefa contou com procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e representantes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A atual administração do Grupo Americanas também contribuiu com o compartilhamento de informações da empresa.
Disclosure, expressão utilizada pela Polícia Federal para designar a operação, é um termo do mercado de capitais referente ao fornecimento de informações para todos os interessados na situação de uma companhia e tem relação com a necessidade de transparência das empresas de capital aberto.

Diretor-geral da PF pede ajuda a Portugal para prender ex-diretora foragida das Americanas

Diretor-geral da PF pede ajuda a Portugal para prender ex-diretora foragida das Americanas
Anna Saicali está foragida e com o nome incluído na lista de procurados da Interpol. Ela é suspeita de participar de fraude contábil na Americanas. Ex-Diretora da Americanas, Anna Christina Ramos Saicali
Vinicius Loures / Câmara dos Deputados
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, se reuniu com autoridades de Portugal na tentativa de prender a ex-diretora das Americanas, Anna Saicali, que está foragida.
Foram duas reuniões com esse objetivo. O diretor-geral da PF está na linha de frente, tratando pessoalmente do cumprimento dessa prisão.
“Fiz reuniões aqui em Lisboa ontem e hoje com a Polícia Judiciária e com a Polícia de Segurança Publica, solicitando colaboração para prisão desta foragida”, disse ao blog.
Nesta sexta (28), o ex-CEO das Lojas Americanas Miguel Gutierrez foi preso em Madri. A informação foi publicada em primeira mão pelo Blog da Malu Gaspar, do jornal O Globo.
A Polícia Federal (PF) havia deflagrado na quinta a Operação Disclosure, contra as fraudes contábeis nas Lojas Americanas que, segundo as investigações, chegaram a R$ 25 bilhões.
O nome de Anna Saicali segue na Difusão Vermelha da Interpol, a lista dos mais procurados do mundo.
Segundo o Ministério Público Federal no Rio, Anna “tomou parte das fraudes ajudando a criar documentos para apresentar à auditoria, de forma a dar suporte ao saldo fictício” da Americanas.
PF inclui dois ex-executivos das Americanas na lista de procurados da Interpol
CEO das Americanas
Sobre o CEO das Americanas, Miguel Gutierrez, preso hoje na Espanha, o diretor-geral da PF falou sobre os próximos passos para tentar a extradição.
O juiz da Justiça de 1º grau na Espanha vai encaminhar ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI) da Polícia Federal brasileira a documentação para a extradição;
O Brasil recebe, coloca todos os pedidos e manda de volta à Espanha;
O material volta às mãos do juiz espanhol, a quem caberá decidir.
A Espanha não extradita seus nacionais, mas há, segundo Andrei Passos, dois critérios que podem levar a uma decisão de cumprimento de prisão no Brasil: a data da nacionalidade espanhola e a gravidade do crime.
Se a Justiça considerar que a nacionalidade foi recente demais e que a gravidade do crime é relevante, pode permitir uma eventual extradição.
Americanas se diz vítima
A Americanas divulgou a seguinte nota:
“A Americanas reitera sua confiança nas autoridades que investigam o caso e reforça que foi vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes. A Americanas acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos.”