Fraudes já geraram mais de R$ 400 bilhões em perdas no mercado de criptomoedas desde 2022, diz estudo

+Milionária, concurso 158: resultado
Movimento acompanha aumento do uso fraudulento de 'deepfake' no setor; só no primeiro trimestre deste ano, perdas geradas por esse tipo de crime no segmento somaram mais de R$ 34 bilhões. Criptomoedas / Bitcoin / Ethereum
Reuters
As perdas no mercado de criptomoedas por operações fraudulentas já totalizam US$ 79,1 bilhões (o equivalente a R$ 429,4 bilhões) desde o início de 2022. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (27) pela corretora de criptomoedas Bitget.
Segundo o estudo, o movimento acompanha o crescimento de 245% no número total de fraudes relacionadas a "deepfake" registrado no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2023.
Deepfake é uma técnica que permite alterar um vídeo ou foto com ajuda de inteligência artificial (IA).
Com ela, o rosto da pessoa que está em cena pode ser trocado pelo de outra, por exemplo. Ou aquilo que a pessoa fala pode ser modificado. Isso é possível com o uso de aplicativos criados com essa finalidade. Entenda no vídeo abaixo como funciona o deepfake.
Para a presidente da Bitget, Gracy Chen, há uma presença cada vez maior de deepfakes no mercado cripto, e há pouco que o setor possa fazer para deter esse tipo de crime "sem educação e conscientização adequadas".
"A vigilância dos utilizadores e a sua capacidade de discernir fraudes de ofertas reais ainda é a linha de defesa mais eficaz contra esses crimes, até que seja implementado um quadro jurídico e de segurança cibernética abrangente à escala global”, afirma a executiva, em nota.

Entre as perdas registradas nos três primeiros meses deste ano, cerca de US$ 6,3 bilhões (R$ 34,2 bilhões) estão relacionadas a fraudes com uso de deepfake, quase metade do registrado em quase todo o ano de 2022, de US$ 13,8 bilhões (R$ 74,9 bilhões).
“Supondo que essa tendência [de alta no número de fraudes relacionadas a deepfake] persista nos próximos trimestres, ela pode levar a uma perda total anual de US$ 25,1 bilhões [cerca de R$ 136,3 bilhões] em 2024”, indica a empresa em relatório.
Caso essa previsão se concretize, o número representaria um novo recorde e ultrapassaria as perdas dos dois anos anteriores somadas.
Ainda de acordo com o estudo, as perdas por esse tipo de fraude devem continuar crescendo caso não haja uma “intervenção regulatória”, podendo afetar não somente o mercado de criptomoedas, mas toda a indústria financeira.
A estimativa é que, sem medidas efetivas, esse tipo de crime pode responder por 70% das perdas no mercado de criptomoedas até 2026.
Entre os crimes com uso de deepfake identificados no mercado de criptomoedas, estão:
Roubo de identidade e falsidade ideológica;
Golpes e esquemas fraudulentos;
Manipulação de mercado;
Fraude em investimentos;
Resgate e extorsão;
Ataques de engenharia social – quando um criminoso usa influência e persuasão para enganar e manipular pessoas e obter senhas de acesso;
Falsos anúncios legais ou regulatórios;
Captação ilícita de recursos;
Imitação em realidade virtual e metaverso, entre outros.
Segundo o estudo, os fraudadores se aproveitam da dinâmica do mercado cripto para agir. Isso porque vários fatores podem influenciar a flutuação de valor das criptomoedas, tais como a declaração de um influenciador, uma notícia ou a atualização sobre o status financeiro de um projeto, por exemplo.
“O surgimento de novos métodos de proteção não impediu que os invasores continuassem a criar novos esquemas de fraude”, indica o relatório da Bitget.
O estudo ainda indica:
A combinação de eventos de hackers em contas do YouTube, operações com inteligência artificial e deepfakes;
a criação de identidades virtuais para estabelecer contas fictícias e obter acesso não autorizado a outras contas; e
o uso de deepfake para simular um volume maior de negociações de determinado ativo, aumentando o apetite de investidores e beneficiando fraudadores.
“O desenvolvimento de novas técnicas para identificação de fotos, vídeos e áudio falsos podem ajudar a mitigar as perdas resultantes do uso fraudulento de deepfake durante os períodos de alta do mercado”, conclui o estudo.
G1 explica o que é deepfake
G1 Explica: Deepfake

Grupo Globo atualiza princípios editoriais para incluir orientações sobre inteligência artificial

Política encoraja testes e uso da tecnologia como um meio para aprimorar a qualidade do jornalismo, mantendo o compromisso com isenção, correção e agilidade, e estabelece compromissos de supervisão humana, transparência e respeito a direitos autorais. O Grupo Globo atualizou nesta quinta-feira (27) os princípios editoriais para incluir orientações sobre o uso de inteligência artificial na produção jornalística em todas as suas redações.
O objetivo é encorajar testes e uso dessa tecnologia – que amplia de forma disruptiva a capacidade de processamento e geração de informações – como um meio para aprimorar a qualidade do jornalismo, mantendo o compromisso com a isenção, a correção e a agilidade.
As orientações estabelecem que o uso de inteligência artificial nas redações do Grupo Globo deve
ter supervisão humana;
ser transparente com o público;
e respeitar os direitos autorais – próprios e de terceiros.
Elas definem, ainda, parâmetros para lidar com a tecnologia nas diversas etapas do processo de produção jornalística – da apuração das informações à entrega delas para o público.
A elaboração de orientações sobre o uso de inteligência artificial no jornalismo feita pelo Grupo Globo acompanha um movimento global. Veículos como os jornais “The New York Times” e “The Guardian”, as redes de televisão PBS (EUA) e CBC (Canadá) e as agências de notícias Associated Press, France Presse e Reuters, por exemplo, divulgaram documentos sobre o tema nos últimos meses.
Leia, abaixo, a íntegra da política de IA do Grupo Globo, que será incluída como a Seção III dos princípios editoriais.
SEÇÃO III
O USO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO JORNALISMO
A busca por inovação e a adoção das mais avançadas ferramentas da tecnologia para o jornalismo são uma prioridade no Grupo (ver seção I, parte 3-a). É com esse mesmo espírito que abordamos o uso de Inteligência Artificial no exercício do jornalismo. O desenvolvimento das diversas vertentes de IA amplia a capacidade de processamento e de geração de informação (como textos, vídeos, áudios, infográficos, sites e outros formatos de conteúdo) e tem grande potencial disruptivo, mas não altera os valores que norteiam o exercício do jornalismo profissional. O Grupo Globo adota a inteligência artificial como meio para aprimorar a qualidade do jornalismo, mantendo o compromisso com a isenção, correção e agilidade manifestado neste documento. Os jornalistas são encorajados a testar e adotar ferramentas de IA que auxiliem nos processos de apuração, produção e distribuição, respeitando as orientações aqui expostas:
1) Transparência e supervisão humana
a) Os jornalistas do Grupo Globo sempre adotarão ferramentas de inteligência artificial como um meio para produzir informação de qualidade: isenta, correta e prestada com rapidez.
b) O uso de inteligência artificial deve sempre ser supervisionado por um humano, e nenhum conteúdo produzido com a tecnologia deve ser veiculado sem essa supervisão. Isso não significa que cada conteúdo gerado de forma automatizada passará por uma revisão humana antes de ser veiculado. Essa obrigação tornaria inócua boa parte da eficiência e abrangência permitidas pelo uso da ferramenta. A correção e a qualidade desses conteúdos serão garantidas por supervisão de processos, leituras por amostragem e outras formas de checagem. Isso não diminui em nada a responsabilidade do jornalista: todos os envolvidos na produção desses conteúdos – assim como acontece com toda reportagem – são responsáveis pelo resultado. A supervisão humana, então, deve ser entendida como o monitoramento do uso da inteligência artificial para garantir a correção e a isenção daquilo que é veiculado. E essa supervisão pode variar conforme as necessidades de cada veículo e conteúdo.
c) O Grupo Globo se compromete a informar ao público sobre o uso de inteligência artificial em seus conteúdos jornalísticos. A divulgação desta política é parte deste processo. Aqui se informa que os jornalistas do Grupo Globo vão considerar o uso da inteligência artificial nas diversas etapas do processo jornalístico, seja por meio de ferramentas próprias ou de terceiros. Isso indica que, da mais sucinta nota à mais extensa reportagem, a tecnologia poderá ser empregada, em maior ou menor escala, sempre que contribua para que a informação jornalística seja isenta, correta e prestada com rapidez. Em alguns casos, entretanto, será necessário destacar como a inteligência artificial foi empregada em um determinado conteúdo jornalístico. Isso será feito sempre que contribuir para que o público compreenda as circunstâncias em que a reportagem foi produzida.
2) Apuração, produção e distribuição de jornalismo com auxílio de IA
a) Os jornalistas do Grupo Globo devem considerar o uso de inteligência artificial para otimizar o processo de apuração das notícias – por exemplo, na realização de busca e levantamento de informações, no processamento de grandes volumes de dados e no acesso a bases de dados confiáveis (ver seção I, parte 2-f). A responsabilidade final pelo conteúdo veiculado, entretanto, será sempre dos profissionais envolvidos, e os jornalistas vão adotar estratégias para que eventuais erros e enviesamentos produzidos pela inteligência artificial – e, de resto, por qualquer tecnologia usada – não resultem em erros ou enviesamentos na cobertura jornalística. Além disso, os jornalistas têm a responsabilidade de analisar quais tipos de informação são inseridas em ferramentas de IA, para não haver vazamento de informações sigilosas ou de dados protegidos pela legislação vigente, nem o uso de informações que firam a propriedade intelectual.
b) Os jornalistas do Grupo Globo irão considerar o uso de inteligência artificial para otimizar a produção de reportagens nos seus mais diversos formatos, como vídeos, textos, áudios, imagens, infográficos, sites. A publicação de conteúdos gerados total ou parcialmente por inteligência artificial, entretanto, só pode ser feita sob supervisão humana, como já foi dito aqui. A inteligência artificial não deve ser usada, contudo, para redigir textos opinativos ou editoriais. A opinião e a análise devem ser reservadas para os jornalistas, que podem fornecer o contexto e a perspectiva necessários. Revisões gramaticais, correções factuais e enriquecimento para fins de estilo são permitidos.
c) O uso da inteligência artificial para geração de áudios sintéticos baseados em vozes humanas é permitido, desde que com expressa autorização do dono da voz ou de seus representantes legais. Este uso deve ser informado ao público. As imagens geradas por inteligência artificial não podem ser produzidas de forma que sejam confundidas com a realidade. Se a imagem tiver características de uma imagem real, o público deve ser informado claramente de que aquela é uma reconstituição, ou uma simulação, produzida por inteligência artificial. Ferramentas de IA podem ser usadas para fazer pequenas correções técnicas em áudios e imagens com o intuito de facilitar ao público a apreensão das informações que aquela imagem ou áudio contém, sem jamais alterar a realidade retratada.
d) As redações do Grupo Globo devem utilizar inteligência artificial para otimizar o alcance do jornalismo. Isso pode ser feito, por exemplo, por meio da análise de dados sobre o consumo de informação, para definir as melhores estratégias de circulação, na criação de diferentes versões de uma reportagem para atender às diferentes formas de consumo de informação e no uso de ferramentas que permitam maior personalização do conteúdo. Todas as versões de reportagens devem ser fiéis à essência do conteúdo original, respeitando os padrões editoriais de qualidade e veracidade.
3) Direitos autorais e governança
a) A utilização de ferramentas de Inteligência Artificial pelo Grupo Globo deve sempre observar e respeitar rigorosamente os direitos autorais e a propriedade intelectual, tanto em relação ao conteúdo de terceiros quanto aos materiais próprios.
b) O Grupo Globo investe na capacitação de seus profissionais para o uso eficaz e ético das ferramentas de IA. Essa política será revisada periodicamente pelo Conselho Editorial do Grupo Globo para adaptar-se às evoluções tecnológicas e garantir que as práticas permaneçam alinhadas com estes princípios.

Os brasileiros que ganham R$ 500 por mês para treinar inteligências artificiais

+Milionária, concurso 158: resultado
Os ‘operários de dados’ são o equivalente ao chão de fábrica da IA. Eles executam nos bastidores uma série interminável de microtarefas para aperfeiçoar sistemas. São essenciais, mas mal remunerados, apesar de vários terem diploma universitário, e, por isso, têm que acumular empregos. Gustavo Luiz, 19 anos, divide-se entre o curso de inteligência artificial e o emprego como operário de dados
Arquivo pessoal via BBC
O mercado bilionário da inteligência artificial (IA) tem atraído talentos brasileiros com salários muito acima da média para engenheiros, matemáticos e outros profissionais que se destacam na área.
Mas nem todos os envolvidos com esta tecnologia estão em uma posição invejável.
Há todo um contingente de trabalhadores terceirizados que fazem um trabalho manual laborioso, ganham menos da metade de um salário mínimo, em média, e, por isso, têm mais de um emprego para conseguir pagar as contas — mas são essenciais para que os sistemas de IA sejam capazes de operar.
Os chamados “operários de dados” são considerados “trabalhadores fantasmas” porque executam nos bastidores uma série interminável de microtarefas para refinar as inteligências artificiais.
"Os sistemas de IA requerem muito trabalho humano manual e discreto para funcionarem, o que evidentemente contradiz a narrativa dominante da progressiva e inexorável automação”, diz a socióloga Paola Tubaro, especializada da ciência da computação e professora e pesquisadora do Centro de Pesquisa em Economia e Estatística, na França.
“Por isso, empresas de tecnologia e desenvolvedores de IA não se dispõem a divulgar esse tipo de trabalho, que assim permanece escondido, ou seja, 'fantasma'".
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Mas o que faz um operário dos dados?
"Eles inserem dados para treinar e moderar sistemas e atividades de IA", explica Rafael Grohmann, professor da Universidade de Toronto que pesquisa o trabalho no mundo contemporâneo.
Esse tipo de atividade ficou conhecida como microtrabalho, pela natureza fragmentada das tarefas envolvidas. O fenômeno é novo, assim como os termos usados para descrevê-lo, diz Grohmann.
“Temos usado muito o termo data workers [operários de dados, em tradução livre do inglês], o que os diferencia dos tech workers [profissionais de tecnologia], que são os responsáveis por produzir, projetar e analisar os dados da IA".
Na prática, esses trabalhadores (de dados) também podem ser chamados de "treinadores de IA".
Pegue um sistema como o ChatGPT, por exemplo. Os “treinadores” são responsáveis por alimentar o robô com as informações e dados que ele precisa para responder perguntas de usuários, auxiliar em traduções, fazer pesquisas, dentre outras tarefas.
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Praticamente todos os sistemas de IA dependem destes operários de dados. Redes sociais, por exemplo, os contratam para monitorar as postagens e interações e detectar ações que ferem suas regras ou a lei.
Na comparação com uma fábrica tradicional, esses profissionais seriam o chão de fábrica.
"A lógica do que é a classe operária vai mudando com o tempo. Essa é uma nova apresentação do que são os blue-collars [termo em inglês para a classe operária] e os white-collars [os executivos, que estão longe das tarefas manuais]", diz Grohmann.
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Quanto ganha um operário de dados?
Muitas vezes, os operários de dados acumulam trabalhos para conseguirem pagar as contas
GETTY IMAGES
Os operários de dados ganham, em média, R$ 583,71 por mês em um emprego, segundo a pesquisa Microtrabalho no Brasil: Quem são os trabalhadores por trás da inteligência artificial.
Esses trabalhadores ganham por cada tarefa concluída e não por hora trabalhada. Segundo o estudo, esse valor médio mensal corresponde a cerca de 15,5 horas de dedicação por semana (cerca de R$ 37,66 por hora, na média).
Segundo um estudo de 2018 da Organização Internacional do Trabalho realizado com 3,5 mil microtrabalhadores de 75 países, a média global de ganho por hora é de US$ 4,43 (cerca de R$ 24, em valores atuais).
Mas, enquanto nos Estados Unidos o valor é maior, de US$ 4,70 (cerca de R$ 25), os operários de dados da África faturam bem menos, US$ 1,33 (cerca de R$ 7) por hora.
No Brasil, de acordo com a pesquisa Microtrabalho no Brasil, o valor gira em torno de US$ 1,60 (cerca R$ 9).
A pesquisa, conduzida por Tubaro junto com o psicólogo brasileiro Matheus Viana Braz e o sociólogo italiano Antonio Casilli, fez uma radiografia da situação do trabalho fantasma no Brasil.
Esse valor fica muito aquém do que os empregadores prometiam a esses trabalhadores que ganhariam realizando estas funções.
Os 477 trabalhadores fantasmas ouvidos pela pesquisa esperavam receber três vezes isso, cerca de R$ 1,6 mil por mês.
Pelo ganho bem abaixo do esperado, eles costumam acumular empregos, por vezes na mesma área, e conseguem com as múltiplas jornadas chegar a uma renda mensal média de R$ 1,8 mil.
O pesquisador em inovação e ciência de dados Mauro Zackiewicz, de 50 anos, que tem um doutorado nesta área, conta que trabalhou por pouco menos de um mês para uma fabricante de celulares recebendo documentos, como áudios triviais, conversas curtas e, por vezes cenas de filmes ou novelas.
“Tinha de corrigir tudo, provavelmente para alimentar de dados um sistema de reconhecimento de voz, mas nem chegaram a me contar para o que fazíamos aquilo", conta ele.
"Ganhava pouca coisa, dava apenas para a subsistência, e nem tinha contrato, o que é, digamos assim, curioso para uma grande empresa."
A pesquisa Microtrabalho no Brasil constatou que 66% dessa força de trabalho só ganha o suficiente para pagar as contas mais básicas.
A grande concorrência entre esses trabalhadores é um fator que contribui para os salários baixos, explica Tubaro.
"As plataformas querem garantir mão-de-obra suficiente para atender picos de demandas. O resultado é que, na maior parte do tempo, há excesso de trabalhadores e, por consequência, muita competição entre eles", explica a socióloga.
Isso significa que, na prática, os operários de dados não conseguem bater as metas estabelecidas pelos empregadores e, como são remunerados de acordo com isso, ganham valores reduzidos por cada hora trabalhada.
Quem são os trabalhadores fantasmas?
Guilherme Graper, 24 anos, conta que seus ganhos no setor variam muito
Arquivo pessoal via BBC
A pesquisa Microtrabalho no Brasil constatou que há muitas pessoas com diploma universitário fazendo esse tipo de serviço.
Dos quinze participantes selecionados para entrevistas, como uma amostra representativa do setor, treze eram formados em cursos variados, como direito, administração, ciências da computação e fisioterapia.
Sete em cada dez trabalhadores deste mercado têm entre 18 e 35 anos, segundo o estudo. De cada cinco, três são mulheres.
A maioria mora nos Estados de São Paulo (28,8%), Rio de Janeiro (12,6%) e Minas Gerais (9,7%).
O estudante Gustavo Luiz, de 19 anos, se divide entre o curso de inteligência artificial da Universidade Federal de Goiás, e o emprego como operário de dados.
“Estou trabalhado no desenvolvimento de um sistema de IA para analisar sentimentos expressos em textos e frases em português”, conta ele.
“Esse modelo vai receber dados e tentar encontrar padrões, como de sentimentos, em comentários nas redes sociais.”
Por ser um fenômeno detectado mais recentemente, não há dados precisos sobre o aumento da demanda por esse tipo de trabalho no Brasil.
Mas ofertas do tipo em plataformas de trabalho, como a rede social LinkedIn, têm se multiplicado. Para começar a trabalhar com isso, normalmente basta se cadastrar em um site e seguir as orientações.
Guilherme Graper, de 24 anos, conta que trabalha em uma plataforma da Amazon, mas contratado por outras empresas.
"Por exemplo, tem uma demanda de colocar nomes de médicos nesse sistema para treinar uma IA para pesquisar por médicos em toda a internet", explica.
Os ganhos variam muito. Guilherme diz que já chegou a tirar em um mês apenas R$ 300, mas também já ultrapassou a casa dos R$ 5 mil. Em média, ele calcula que ganha cerca de R$ 2 mil mensais.
Trabalhadores terceirizados do ‘Sul global’
Na maioria dos casos, as empresas que contratam trabalhadores fantasmas prestam na verdade serviços para outras bem maiores.
Gigantes de tecnologia, como Meta (do Facebook e Instagram) e a OpenAI (do ChatGPT) subcontratam os seus operários de dados.
"Trata-se de uma realidade do Sul Global [termo que designa países mais pobres, a maioria localizada no hemisfério sul]. São trabalhadores na Venezuela, na Colômbia, no Quênia", ressalta Grohmann.
Apesar de estarem distantes dos maiores centros mundiais de tecnologia, como o Vale do Silício californiano, usualmente os operários de dados treinam IAs de propriedade das grandes marcas do setor.
"A distância não é somente geográfica, como também linguística e cultural. Geralmente, essa distância leva a redução de custos para as empresas do Vale do Silício, mas resultam em baixa qualidade", comenta a socióloga Paola Tubaro.
Tanto a terceirização quanto a falta de regulamentação da profissão levam também, segundo Tubaro, a "práticas sob condições indesejáveis, com precariedade, baixos pagamentos, falta de reconhecimento, informalidade e, como em casos de moderação de conteúdo em redes sociais, riscos à saúde mental".
"Os moderadores de conteúdo das redes sociais ainda estão expostos a riscos psicológicos", completa Tubaro.
Isso por efeito do contato diário com imagens de crueldade, crimes e outras atrocidades que são detectadas pelo algoritmo dessas plataformas e, depois, repassados para avaliação humana.
É aí que atuam os moderadores: no pente-fino do que pode ou não ser publicado em redes sociais.
Os brasileiros que ganham R$ 500 por mês para treinar inteligências artificiais
Getty Images via BBC
Já há, contudo, iniciativas que visam regulamentar esse trabalho. É o caso do projeto global Fairwork, coordenado pelo instituto Oxford Internet e pelo Centro de Ciências Sociais WZB Berlin.
Presente em 38 países de cinco continentes, inclusive no Brasil, a organização denuncia abusos relacionados aos trabalhadores de dados, além de propor soluções.
Em todo o mundo, a Fairwork afirma ter convencido 64 empresas de tecnologia a implementar um total de 300 mudanças em políticas internas, como de salários mínimos para a categoria.
A organização é influente principalmente na Europa, mas também tem presença no Brasil, onde tem atuado em prol da criação de leis para regularizar essa categoria de trabalhadores.
A Fairwork destaca em seu site que está "envolvida com o grupo de trabalho tripartido do governo (brasileiro) que procura elaborar um projeto de lei para proteger os direitos dos trabalhadores".
Além de atuar no Congresso em favor de leis que garantam mais direitos trabalhistas, a organização produz relatórios que denunciam o cenário no Brasil.
O documento, divulgado em 2023, apontou que, em uma análise de onze empresas do setor, apenas duas conseguiam garantir ao menos um salário mínimo de pagamento a estes trabalhadores.
Tubaro avalia que estas iniciativas podem ajudar a combater condições de trabalho que são consideradas precárias.
A pesquisadora destaca como bons exemplos leis recentemente aprovadas na Alemanha e na França e que, segundo avalia, "exigem que pelo menos as grandes empresas exerçam a devida diligência no respeito dos direitos humanos e laborais ao longo de suas cadeias de abastecimento".
Trata-se de um problema global. A Fairwork produz relatórios sobre os cenários para os microtrabalhadores em 36 países, tanto em desenvolvimento, como Argentina, Quênia e Índia, quanto desenvolvidos, como França e Estados Unidos.
Segundo um desses relatórios, 16% dos trabalhadores americanos realizam alguma forma de microtrabalho, mesmo que como renda secundária. É o país que lidera o ranking neste quesito.
Dentre a atuação de treze empresas nos Estados Unidos, apenas 3 alcançaram os critérios estabelecidos para serem consideradas como ambientes de trabalho justos.
"Há custos globais para esse rápido desenvolvimento e pelo aumento da presença da IA", afirma o pesquisador Rafael Grohmann. "Mas há especificidades para cada país e isso exige atenção".
Em países como os Estados Unidos, esses trabalhadores costumam atuar mais, por exemplo, como motoristas de Uber.
"As tarefas mais precárias, como as de moderação de conteúdo, costumam ser terceirizadas para nações da África, da Ásia e da América Latina", diz Grohmann.
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+Milionária, concurso 158: prêmio acumula e vai a R$ 232 milhões

+Milionária, concurso 158: resultado
Dez apostas que acertaram cinco dezenas e dois trevos vão levar R$ 62,8 mil cada. Próximo sorteio será no sábado (29). Mais Milionária bilhete volante
Rafael Leal /g1
O sorteio do concurso 158 da +Milionária foi realizado na noite desta quarta-feira (26), em São Paulo, e nenhuma aposta acertou a combinação de seis dezenas e dois trevos. Com isso, o prêmio para o próximo sorteio acumulou em R$ 232 milhões.
Clique aqui para seguir o canal de Loterias do g1 no WhatsApp
De acordo com a Caixa Econômica Federal, dez apostas acertaram cinco dezenas e dois trevos e vão levar R$ 62.871,83 cada.
Veja os números sorteados:
Dezenas: 05 – 15 – 16 – 39 – 44 – 48
Trevos: 1 – 6
Os outros ganhadores foram:
5 acertos + 1 ou nenhum trevo – 99 apostas ganhadoras: R$ 2.822,53
4 acertos + 2 trevos – 211 apostas ganhadoras: R$ 1.418,90
4 acertos + 1 ou nenhum trevo – 2961 apostas ganhadoras: R$ 101,11
3 acertos + 2 trevos – 3108 apostas ganhadoras: R$ 50,00
3 acertos + 1 trevo – 22193 apostas ganhadoras: R$ 24,00
2 acertos + 2 trevos – 25295 apostas ganhadoras: R$ 12,00
2 acertos + 1 trevo – 179936 apostas ganhadoras: R$ 6,00
O próximo sorteio da +Milionária será no sábado (29).
+Milionária, concurso 158
Reprodução/Caixa
+Milionária: veja como jogar na loteria da Caixa
Sobre a +Milionária
As chances de vencer na loteria são ainda menores do que na Mega-Sena tradicional: para levar o prêmio máximo, é preciso acertar seis dezenas e dois “trevos”. (veja no vídeo mais abaixo)
O valor de uma aposta simples é de R$ 6. Com ela, o apostador pode escolher 6 números de 50 disponíveis e mais 2 trevos, dentre os seis disponíveis.
Para apostas múltiplas, é possível escolher de seis a 12 números e de dois a seis trevos, com preços que chegam a R$ 83,1 mil.
A +Milionária teve seu primeiro sorteio em maio de 2022. Na época, a Caixa informou que ela foi a primeira modalidade "a oferecer prêmio mínimo de dois dígitos de milhões". Cada concurso distribui o valor mínimo de R$ 10 milhões. Saiba mais aqui.
Além disso, a +Milionária se destaca por ter dez faixas de premiação. São elas:
6 acertos + 2 trevos
6 acertos + 1 ou nenhum trevo
5 acertos + 2 trevos
5 acertos + 1 ou nenhum trevo
4 acertos + 2 trevos
4 acertos + 1 ou nenhum trevo
3 acertos + 2 trevos
3 acertos + 1 trevo
2 acertos + 2 trevos
2 acertos + 1 trevo

+Milionária, concurso 158: resultado

+Milionária, concurso 158: resultado
Veja as dezenas e os trevos sorteados. Prêmio é de R$ 230 milhões. Mais Milionária bilhete volante
Rafael Leal /g1
O sorteio do concurso 158 da +Milionária foi realizado na noite desta quarta-feira (26), em São Paulo. O prêmio para as apostas que acertarem a combinação de seis dezenas e dois trevos é de R$ 230 milhões.
Clique aqui para seguir o canal de Loterias do g1 no WhatsApp
Veja os números sorteados:
Dezenas: 05 – 15 – 16 – 39 – 44 – 48
Trevos: 1 – 6
A Caixa Econômica Federal ainda não divulgou o rateio do sorteio.
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Sobre a +Milionária
As chances de vencer na loteria são ainda menores do que na Mega-Sena tradicional: para levar o prêmio máximo, é preciso acertar seis dezenas e dois “trevos”. (veja no vídeo mais abaixo)
O valor de uma aposta simples é de R$ 6. Com ela, o apostador pode escolher 6 números de 50 disponíveis e mais 2 trevos, dentre os seis disponíveis.
Para apostas múltiplas, é possível escolher de seis a 12 números e de dois a seis trevos, com preços que chegam a R$ 83,1 mil.
A +Milionária teve seu primeiro sorteio em maio de 2022. Na época, a Caixa informou que ela foi a primeira modalidade "a oferecer prêmio mínimo de dois dígitos de milhões". Cada concurso distribui o valor mínimo de R$ 10 milhões. Saiba mais aqui.
Além disso, a +Milionária se destaca por ter dez faixas de premiação. São elas:
6 acertos + 2 trevos
6 acertos + 1 ou nenhum trevo
5 acertos + 2 trevos
5 acertos + 1 ou nenhum trevo
4 acertos + 2 trevos
4 acertos + 1 ou nenhum trevo
3 acertos + 2 trevos
3 acertos + 1 trevo
2 acertos + 2 trevos
2 acertos + 1 trevo