Dólar sobe e bate R$ 5,52, com IPCA-15 e fala de Lula trazendo preocupações; Ibovespa tem queda

Lula volta a criticar ‘taxa das blusinhas’ e diz que medida é ‘irracional’; texto ainda não foi sancionado
Na véspera, a moeda norte-americana teve alta de 1,16%, cotada em R$ 5,4534. Já o principal índice acionário da bolsa encerrou em queda de 0,25%, aos 122.331 pontos. Notas de dólar
Gary Cameron/Reuters
O dólar opera em alta nesta quarta-feira (25), dia em que o mercado analisa os novos dados da prévia da inflação brasileira para junho. A alta de preços foi de 0,39% em junho, abaixo das expectativas do mercado financeiro, mas com alta em preços de alimentos e núcleo de serviços preocupante.
Também repercute uma entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em que ele volta a criticar a decisão de juros do Banco Central do Brasil (BC). Na véspera, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) mostrou que os membros vão adotar um discurso mais cauteloso sobre a condução da taxa básica de juros, a Selic, em meio às incertezas sobre a inflação e a economia global. (saiba mais abaixo)
Além disso, o cenário no exterior segue incerto, em especial após uma declaração de uma diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) que também reiterou que os juros americanos devem permanecer altos por mais tempo. O mercado espera dados de inflação americana na sexta-feira para reafirmar essa posição.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Às 11h, o dólar operava em alta de 0,94%, cotado a R$ 5,5046. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,5216. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda norte-americana avançou 1,16%, cotado a R$ 5,4534.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,23% na semana;
ganho de 3,89% no mês;
alta de 12,38% no ano.

Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa operava em queda de 0,52%, aos 121.662 pontos.
Na véspera, o índice fechou em queda de 0,25%, aos 122.331 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,82% na semana;
ganhos de 0,19% no mês;
perdas de 8,83% no ano.

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A principal notícia desta quarta-feira é o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) — considerado a prévia da inflação oficial do país, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A prévia da inflação registrou uma alta de 0,39% nos preços de junho. A expectativa do mercado financeiro era de que o IPCA-15 tivesse uma alta de 0,45% em junho.
Os índice foi puxado principalmente pela alta de 0,98% no grupo de Alimentação e bebidas, com um impacto de 0,21 ponto percentual (p.p.) no indicador.
"O grupo alimentação no domicílio é o mais afetado pelas enchentes do RS, nele observamos a elevação de itens in natura e leite", diz Leonardo Costa, economista do ASA.
No mês passado, em maio, o indicador registrou um avanço de 0,44%, uma aceleração de 0,23 pontos percentuais (p.p.) em relação a abril, quando teve alta de 0,21%.
Em 12 meses, porém, o IPCA-15 acumulou uma ata de 4,06% até junho, acima dos 3,70% observados nos 12 meses anteriores.
"Foi um resultado com qualitativo não muito bom, pois os preços de serviços subjacentes — que importam bastante à condução da política monetária — se aceleraram para níveis acima do esperado [0,31% para 0,40%]", diz Maykon Douglas, economista da Highpar.
"Os preços se desaceleraram quando se anualiza as variações mais recentes, ou seja, variam um pouco menos do que vimos no início do ano. No entanto, o qualitativo recente da inflação segue exigindo atenção, uma vez que o mercado de trabalho continua aquecido e surpreendendo para cima."
Para o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, a leitura geral é de uma inflação "salgada" em um momento que o dólar ganha força mesmo contra moedas de países desenvolvidos.
"A expectativa para esse ano já está quase em 4%. O BC vai ter uma vida difícil para controlar a inflação nos próximos meses, dado que a economia está mais aquecida, o mercado de trabalho está mais apertado e o câmbio está mais desvalorizado. […] Um câmbio de R$ 5,50 é muito mais inflacionário que um câmbio de R$ 5", diz.
Ainda durante a manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a condução dos juros por parte do Banco Central (BC) em entrevista ao portal "Uol". Esse é um tema sensível para o mercado, que aguarda saber quem será o sucessor de Roberto Campos Neto na cadeira da presidente da instituição no ano que vem.
Sobre Gabriel Galípolo, diretor do BC indicado por seu governo e um dos mais cotados para a posição, Lula disse que "é um companheiro altamente preparado, conhece sistema financeiro. Mas ainda não estou pensando na questão do Banco Central."
"Eu não indico presidente do Banco Central para o mercado. Ele vai ter que tomar conta dos interesses do Brasil. Mercado tem que se adaptar a isso", argumentou Lula.
Na terça-feira, um dos fatores de piora do câmbio foi divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Após sete reduções seguidas na taxa Selic o colegiado decidiu fazer uma pausa no ciclo de cortes e manter os juros em 10,50% ao ano.
A decisão veio em linha com as atuais expectativas do mercado, mas ainda representa uma previsão maior de juros para 2024 em relação ao observado no começo do ano, além de indicativos de que os riscos que o BC leva em conta para mexer na Selic estão mais preocupantes.
O comitê informou, no documento, que o controle das estimativas de inflação, que estão em alta, requer uma "atuação firme" da autoridade monetária, e acrescentou que se manterá "vigilante". Além disso, avaliou que "eventuais ajustes futuros" na taxa de juros, com possíveis aumentos na Selic, "serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta".
Lula voltou a criticar a decisão, reforçando no mercado as dúvidas sobre o futuro dos juros no país. "O Banco Central tem necessidade de manter a taxa de 10,50% quando a inflação está a 4%? Não é culpa sequer do BC, é culpa da estrutura que foi criada. BC vai ter plano de meta de crescimento? A gente vai avançar para isso".
"Continuo criticando a taxa. Acho que não deveria ser o presidente que criticasse, mas é preciso que empresários do setor produtivo, CNI [Confederação Nacional da Indústria], Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo], ao invés de reclamar do governo deveriam fazer passeata contra taxa de juros", completou.
No fim do dia, o mercado também fica de olho na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que deve discutir as metas de inflação. O governo decidiu manter a meta de inflação em 3% para os próximos anos, mas decidiu pela mudança no sistema.
O sistema era o chamado "ano-calendário", que analisa a inflação de janeiro até dezembro. Foi decidido que vai virar um sistema de "meta contínua", em que vai se analisando continuamente se a meta está dentro do que foi definido, se a inflação está dentro da meta definida.
Como explica o blog do Valdo Cruz, a alteração será de um período "janeiro a dezembro" para um prazo de dois a três anos. O BC teria mais tempo para levar a inflação para o centro da meta, evitando uma política mais rígida para ancorar a expectativa de inflação.
O Banco Central já mira uma inflação além do ano-calendário. A interrupção na queda de juros já teve o objetivo de evitar essa desancoragem da inflação principalmente em 2025.
Ontem, outro ponto que deu força ao dólar e continua a repercutir foi a declaração da diretora do Federal Reserve Michelle Bowman, que reiterou sua opinião de que manter a taxa de juros dos Estados Unidos estável "por algum tempo" provavelmente será suficiente para deixar a inflação sob controle.
Juros mais altos nos Estados Unidos tornam os emergentes menos atrativos, o que inclui o Brasil. Assim, os investidores levam investimentos para economias desenvolvidas e o real tende a se desvalorizar ainda mais.
"A inflação nos EUA continua elevada, e ainda vejo vários riscos de aumento da inflação que afetam minha perspectiva", disse Bowman em comentários preparados para uma apresentação em Londres.
Bowman disse ainda que conflitos regionais podem pressionar para cima os preços da energia e dos alimentos, e condições financeiras mais frouxas ou estímulos fiscais também podem estimular a inflação.
"Se os dados que estão chegando indicarem que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção à nossa meta de 2%, será apropriado em algum momento reduzir gradualmente a taxa de juros para evitar que a política monetária se torne excessivamente restritiva", disse ela.
Entretanto, Bowman destacou que a economia "ainda" não chegou a esse ponto, acrescentando que "permanecerá cautelosa" em sua abordagem da política monetária e previu que os bancos centrais de outros países poderão afrouxar mais cedo ou mais rapidamente do que o Fed.
Os investidores estarão atentos à divulgação na sexta-feira de números do índice PCE de maio, o indicador de inflação preferido do Federal Reserve, para reiterar a posição de Bowman. Analistas projetam estabilidade, ante alta de 0,3% em abril.

Produção de insumo essencial para medicamentos no Brasil cai de 50% para 5% em 30 anos; entenda os riscos da redução

Lula volta a criticar ‘taxa das blusinhas’ e diz que medida é ‘irracional’; texto ainda não foi sancionado
Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) é responsável pelo efeito terapêutico dos remédios. Fabricação pelo Brasil caiu nas últimas décadas. Empresa do Paraná investe na produção como estratégia de 'competência tecnológica'. Especialista explica o que é IFA e importância para fabricação de medicamentos
Em pouco mais de 30 anos, a taxa de produção própria de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) do Brasil caiu de 50% para 5%, de acordo com presidente da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (ABIQUIFI), Norberto Honorato Prestes Junior.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), IFA é a substância responsável pelo efeito farmacêutico desejado do remédio. O "ingrediente" é imprescindível na formulação de medicamentos.
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Apesar da drástica redução na produção nas últimas décadas, em 2023, as 48 empresas que produzem IFA no Brasil exportaram mais de 850 milhões de dólares, segundo dados da ABIQUIFI.
O número engloba exportações de cerca de 150 diferentes IFAs, como anestésicos, antirretrovirais, analgésicos, vacinas e entre outros.
❓O que são os IFAs
Nelson Ferreira Claro Júnior, diretor da unidade de IFAs da Prati-Donaduzzi, uma das empresas brasileiras que produz o insumo em Toledo, no oeste do Paraná, e faz a seguinte analogia para explicar a importância do produto na produção de remédios:
"É possível fazer bolo chocolate sem ter matéria prima chocolate? Não. Então, o chocolate do bolo é o IFA, sem o IFA, não existe medicamento. […] O Brasil tem uma indústria farmacêutica bastante desenvolvida, nós aprendemos a fabricar bolo muito bem feito, vários tipos de bolo, mas nós dependemos dos insumos, do chocolate", explicou o diretor.
Acesso Restrito: Veja como são feitos medicamentos dentro da maior fabricante de comprimidos da América Latina
Acesso Restrito mostra como é a fabricação de medicamentos
Em vacinas de vírus inativados, por exemplo, o IFA contém o corpo do micro-organismo "morto", que não é mais capaz de se replicar e provocar uma infecção. Após receber a vacina, o corpo da pessoa passa a conhecer a estrutura do vírus e produz defesas específicas contra as formas de ataque.
Atualmente a Prati-Donaduzzi, em Toledo, produz a IFA Canabidiol, usado no tratamento de doenças do sistema nervoso e a IFA Cabergolina, que inibe/interrompe a produção de prolactina – hormônio que produz leite materno.
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⛔Redução na produção de IFAs e riscos à saúde do país
FioCruz produziu primeiros lotes do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) nacional para a produção da vacina contra a Covid-19
Reprodução/TV Globo
A produção de IFAs no país começou a despencar com a significativa abertura comercial nos anos 90, impulsionada pelo Governo Collor, que reduziu gradualmente as tarifas de importação. Como reflexo da política, o setor passou a mirar mercados internacionais como China e Índia, por terem valores mais competitivos.
Com importados mais baratos, a intenção era forçar os produtores nacionais a reduzir seus preços, mas isso não ocorreu e, na mesma época, impulsionou a criação pelo governo chinês de programa para atrair farmacêuticas, explica o presidente da ABIQUIBI.
"Ela ofereceu, naquela ocasião, tudo, desde a colherzinha da fábrica até o equipamento mais sofisticado. […] Passaram-se quase quatro décadas e a China é a primeira e a maior produtora de insumos farmacêuticos do mundo e medicamentos, junto com a Índia", afirmou Norberto.
Por um lado, a redução de custos favoreceu o setor, por outro aumentou a fragilidade do país na produção dos IFAs – efeito sentido principalmente durante a pandemia de Covid-19.
Foram meses para a transferência de tecnologia da Astrazeneca para a Fiocruz, no Brasil e mais outro período até a aprovação da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que a instituição se tornasse a primeira a produzir o IFA em território nacional.
A pandemia, segundo Norberto, mostrou que o país tem capacidade de produção, a exemplo da Fiocruz que já possuía a produção das vacinas no portifólio.
"Mostramos que mesmo uma quantidade pequena a gente sabe fazer. Nós temos que olhar para isso e investir para retomar”, destacou.
Dose de vacina AstraZeneca/Fiocruz contra Covid-19
Hélia Scheppa/SEI-PE
A baixa produção de IFAs pode impactar também na produção de medicamentos em desastres naturais, como as enchentes no Rio Grande do Sul, e que podem favorecer o surgimento de uma série de doenças que exijam resposta rápida do setor de saúde.
Guerras como as entre Ucrânia e Rússia ou mesmo entre Israel e Palestina também acendem um alerta sobre como os principais fornecedores de IFA ao Brasil, neste momento China e Índia (cerca de 90%), podem reagir e, de algum modo, desabastecer o país.
"A gente não tem essa visão de como se precaver no mundo de guerra e a gente corre risco de ficar extremamente dependente de importações desse tipo de insumo. Nosso alerta, desde a pandemia, não é só com questão pandêmica, não é só sobre mudança climática, mas também dessas questões geopolíticas. […] A gente não sabe como um parceiro gigante como a China, a Índia, vai reagir a um processo desses. Então, assim a gente tem que prevenir, é saúde", alertou Norberto.
💊Consumo de medicamentos no Brasil não acompanha produção de IFAs
Para Norberto, o desestímulo na produção de IFAs não acompanhou políticas nacionais seguintes, como a Lei dos Genéricos, em 1999, que incentivou a produção de medicamentos mais baratos no país, mas não estimulou a produção de todos ou parte dos insumos em território nacional.
"Nós temos uma indústria de produção de genéricos que teve plano especial, mas os genéricos cresceram e a produção de IFAs despencou, não teve plano para acompanhar o genérico. Chegou a pandemia e, como não teve essa conexão desses dois setores, a gente usou produtos chineses, indianos", destacou.
Medicamentos genéricos
Divulgação
🧠Competência tecnológica
Antes da produção própria de IFAs na pandemia, o Brasil dependeu 100% da importação do insumo de outros países, um tempo de resposta que só não foi maior porque instituições públicas como Fiocruz e Instituto Butantan tinham o que Nelson, da Prati-Donaduzzi, chamou de "competência tecnológica".
"Eles já tinham desenvolvido essa capacidade, esse conhecimento de produzir IFAS biológicos. […] Antes da pandemia talvez isso não ficasse muito evidente, da importância de se estar pronto", avaliou Nelson.
Esse é um dos motivos pelo qual a empresa, localizada em Toledo e produtora de cerca de 13 bilhões de comprimidos por ano, vem investindo em tecnologia para a produção própria de IFAs.
"A importância disso é a construção de base tecnológica. […] atende ao desejo da própria empresa, que é ser independente desses fornecedores asiáticos, mas, pensando em país, nós estamos construindo conhecimento que pode ser ampliado", afirmou Nelson.
"Fortalecer a indústria farmoquímica no país é dar segurança ao paciente de que, quando ele precisar do medicamento, ele vai encontrar na farmácia. Porque se não tiver chocolate para fazer o bolo, não se faz. […] Então, fazendo analogia com o medicamento, se eu não tenho IFA, não tem o medicamento e isso causa uma insegurança para a população do país", destacou Nelson.
🛤️Caminhos possíveis
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (ABIQUIFI), Norberto Honorato Prestes Junior, compreender a cadeia produtiva do insumo é fundamental para retomada da produção nacional em maior escala, associada a ações conjuntas entre Governo Federal e iniciativa privada para garantir que a saúde da população brasileira ganhe mais segurança.
Uma das estratégias apontadas por ele é fortalecer a Anvisa em termos de pessoal, para acelerar o processo de análise de novos medicamentos, incentivando e inserindo novos produtos no mercado nacional e favorecendo a venda para outros países.
Outra medida importante para incentivo da fabricação nacional de IFA, segundo Norberto, é investir em políticas públicas nacionais de curto, médio e longo prazo, a exemplo da Lei de Genéricos.
Esse incentivo à produção nacional pode, se bem estruturado, levar o Brasil a ser colocado no mapa mundial para compra de insumos farmacêuticos, avalia o presidente da ABIQUIFI. Para isso, no entanto, investimentos em inovação tecnológica e desenvolvimento, assim como mecanismos que possibilitem competitividade no mercado, são fundamentais na avaliação dele.
"Sempre falo que nós nunca vamos bater produzir 100%, não é essa questão, a questão é a gente ficar estruturado aqui, tecnicamente, estruturalmente em infraestrutura, para produzir, para que, em um revés ou numa situação mais complexa, a gente consiga ligar turbina e produzir o que precisa mesmo com custo mais alto", destacou Norberto.
Complexo Econômico Industrial da Saúde e de Inovação para o SUS
Em setembro do ano passado, o governo federal anunciou o Complexo Econômico Industrial da Saúde e de Inovação para o Sistema Único de Saúde (SUS). Tanto a ABIQUIFI quanto outras instituições do setor esperam que a medida traga avanços na área da saúde.
O objetivo, segundo comunicado do governo federal na época, é promover a reindustrialização do país com investimento de R$ 42 bilhões na saúde, "um dos setores mais importantes para a política industrial brasileira".
"Com seis programas estruturantes, o objetivo é expandir a produção nacional de itens prioritários para o SUS e reduzir a dependência do Brasil de insumos, medicamentos, vacinas e outros produtos de saúde estrangeiros. A maior autonomia do país é fundamental para reduzir a vulnerabilidade do setor e assegurar o acesso universal à saúde para todos", informou o governo.
Norberto avalia que a estratégia é positiva e deve contribuir no processo de reindustrialização nacional da saúde se for associada a ajustes fiscais que tornem os produtos nacionais mais competitivos, dando mais possibilidades de mercado às indústrias nacionais.
Segundo o presidente da ABIQUIFI, discussões sobre o complexo já vêm sendo realizadas entre governo Federal, a associação e outras instituições, trazendo o alerta com relação aos IFAs e outros itens que dependem, em sua maioria, de importação da China e Índia.
"Existe uma lógica de soberania nacional, porque o Estado vê que precisamos nos sacrificar, entre aspas, pagando preço igual ou um pouco mais caro do que está a ser importado, para acelerar o crescimento do setor. Então, vale a pena esse investimento, porque estou trazendo autonomia para o país, é um investimento", destacou Norberto.
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IPCA-15: preços sobem 0,39% em junho, puxados por alimentação

Lula volta a criticar ‘taxa das blusinhas’ e diz que medida é ‘irracional’; texto ainda não foi sancionado
O resultado da prévia da inflação veio abaixo das expectativas do mercado financeiro, mas núcleo de serviços gera preocupação. Batata inglesa foi o produto que mais aumentou entre os alimentos
Reprodução/TV Rio Sul
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) — considerado a prévia da inflação oficial do país — registrou uma alta de 0,39% nos preços em junho, informou nesta quarta-feira (26) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado representa uma desaceleração de 0,05 p.p. em relação a maio, que fechou em 0,44%. Em junho de 2023, o índice foi de 0,04%.
Desta vez, o índice foi puxado principalmente pela alta de 0,98% no grupo de Alimentação e bebidas, com um impacto de 0,21 ponto percentual (p.p.) no indicador.
Alimentos comuns na mesa do brasileiro contribuíram para a alta, com destaque para a batata inglesa, que disparou 24,18%, o leite longa vida, que subiu 8,84%, o tomate, 6,32%, e o arroz, 4,20%.
A tendência foi vista também no resultado da inflação oficial do mês passado, o IPCA registrou alta de 0,46% nos preços, refletindo um aumento dos valores de alimentos depois de efeitos das chuvas no Rio Grande do Sul.
Assim, o IPCA-15 acumulou uma alta de 4,06% em 12 meses, acima dos 3,70% observados anteriormente. No ano, a alta é de 2,52%.
A prévia da inflação veio abaixo das expectativas do mercado financeiro, que esperava uma alta de 0,45% em junho, mas a alta em preços de alimentos e de núcleo de serviços gerando reação negativa de investidores.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, sete apresentaram alta nos preços em junho. Além de Alimentação e bebidas, destaque também para os grupos de Habitação e Saúde e cuidados pessoais, que avançaram 0,63% e 0,57%, respectivamente.
Veja abaixo a variação dos grupos em maio
Alimentação e bebidas: 0,98%;
Habitação: 0,63%;
Artigos de residência: -0,01%;
Vestuário: 0,30%;
Transportes: -0,23%;
Saúde e cuidados pessoais: 0,57%;
Despesas pessoais: 0,25%;
Educação: 0,05%;
Comunicação: 0,18%.

Preços dos alimentos em alta
O grupo de Alimentação e bebidas foi o que apresentou a maior alta e o maior impacto no IPCA-15 de junho, puxado, sobretudo, pela alimentação no domicílio, que avançou de 0,22% em maio para 1,13% em junho, com a disparada nos preços de itens populares, como a batata.
Alguns produtos, porém, apresentaram queda nos preços. O IBGE destaca o feijão carioca, com baixa de 4,69%, a cebola, com queda de 2,52%, e as frutas, que tiveram preços, em média, 2,28% menores.
A alimentação fora do domicílio também acelerou, passando de 0,37% em maio para 0,59% em junho. Dentro do subgrupo, tanto os preços do lanche (que passou de 0,47% em maio para 0,80% em junho) quanto da refeição (0,34% para 0,51%) subiram.
IPCA-15 de junho fica em 0,39%
Outros destaques
O grupo de Habitação teve um impacto de 0,10 p.p. no IPCA-15, influenciado pelas altas nos preços da taxa de água e esgoto – que subiu, em média, 2,29%, seguindo reajustes tarifários em São Paulo, Brasília e Curitiba – e da energia elétrica residencial – que subiu, em média, 0,79%, com reajustes em Salvador, Recife, Fortaleza e Belo Horizonte.
Saúde e cuidados pessoais também registraram alta forte, com um impacto de 0,08 p.p. no índice. O avanço neste grupo foi puxado pela alta média de 0,37% nos preços dos planos de saúde, após a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) autorizar reajustes de até 6,91%.
Os únicos grupos a apresentarem quedas no mês de junho foram Artigos de residência e Transportes. No primeiro destes grupos, a queda foi residual, de apenas 0,01%.
Já em Transportes, a queda de 0,23% nos preços resultou em um impacto de -0,05% p.p. no índice. Tanto as passagens aéreas quanto os combustíveis apresentaram reduções nos preços no mês:
passagens aéreas: – 9,87%
etanol: -0,80%
gás veicular: -0,46%
óleo diesel: -0,42%
gasolina: -0,13%

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Na véspera, a moeda norte-americana teve alta de 1,16%, cotada em R$ 5,4534. Já o principal índice acionário da bolsa encerrou em queda de 0,25%, aos 122.331 pontos. Notas de dólar
Gary Cameron/Reuters
O dólar opera em alta nesta quarta-feira (25), dia em que o mercado analisa os novos dados da prévia da inflação brasileira para junho. A alta de preços foi de 0,39% em junho, abaixo das expectativas do mercado financeiro, mas com alta em preços de alimentos e núcleo de serviços preocupante.
Na véspera, houve piora no câmbio e o dólar voltou ao patamar dos R$ 5,45, conforme investidores repercutiram os sinais na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Os membros enfatizaram um discurso mais cauteloso sobre a condução da taxa básica de juros, a Selic. (saiba mais abaixo)
Além disso, o cenário no exterior segue incerto, em especial após uma declaração de uma diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) que também reiterou que os juros americanos devem permanecer altos por mais tempo. O mercado espera dados de inflação americana na sexta-feira para reafirmar essa posição.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Às 10h20, o dólar operava em alta de 1,20%, cotado a R$ 5,5191. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,5216. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda norte-americana avançou 1,16%, cotado a R$ 5,4534.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,23% na semana;
ganho de 3,89% no mês;
alta de 12,38% no ano.

Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa operava em queda de 0,37%, aos 121.873 pontos.
Na véspera, o índice fechou em queda de 0,25%, aos 122.331 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,82% na semana;
ganhos de 0,19% no mês;
perdas de 8,83% no ano.

DINHEIRO OU CARTÃO? Qual a melhor forma de levar dólares em viagens?
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O que está mexendo com os mercados?
A principal notícia desta quarta-feira é o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) — considerado a prévia da inflação oficial do país, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A prévia da inflação registrou uma alta de 0,39% nos preços de junho. A expectativa do mercado financeiro era de que o IPCA-15 tivesse uma alta de 0,45% em junho.
Os índice foi puxado principalmente pela alta de 0,98% no grupo de Alimentação e bebidas, com um impacto de 0,21 ponto percentual (p.p.) no indicador.
"O grupo alimentação no domicílio é o mais afetado pelas enchentes do RS, nele observamos a elevação de itens in natura e leite", diz Leonardo Costa, economista do ASA.
No mês passado, em maio, o indicador registrou um avanço de 0,44%, uma aceleração de 0,23 pontos percentuais (p.p.) em relação a abril, quando teve alta de 0,21%.
Em 12 meses, porém, o IPCA-15 acumulou uma ata de 4,06% até junho, acima dos 3,70% observados nos 12 meses anteriores.
"Foi um resultado com qualitativo não muito bom, pois os preços de serviços subjacentes — que importam bastante à condução da política monetária — se aceleraram para níveis acima do esperado [0,31% para 0,40%]", diz Maykon Douglas, economista da Highpar.
"Os preços se desaceleraram quando se anualiza as variações mais recentes, ou seja, variam um pouco menos do que vimos no início do ano. No entanto, o qualitativo recente da inflação segue exigindo atenção, uma vez que o mercado de trabalho continua aquecido e surpreendendo para cima."
Para o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, a leitura geral é de uma inflação "salgada" em um momento que o dólar ganha força mesmo contra moedas de países desenvolvidos.
"A expectativa para esse ano já está quase em 4%. O BC vai ter uma vida difícil para controlar a inflação nos próximos meses, dado que a economia está mais aquecida, o mercado de trabalho está mais apertado e o câmbio está mais desvalorizado. […] Um câmbio de R$ 5,50 é muito mais inflacionário que um câmbio de R$ 5", diz.
No fim do dia, o mercado também fica de olho na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que deve discutir as metas de inflação. O governo decidiu manter a meta de inflação em 3% para os próximos anos, mas decidiu pela mudança no sistema.
O sistema era o chamado "ano-calendário", que analisa a inflação de janeiro até dezembro. Foi decidido que vai virar um sistema de "meta contínua", em que vai se analisando continuamente se a meta está dentro do que foi definido, se a inflação está dentro da meta definida.
Como explica o blog do Valdo Cruz, a alteração será de um período "janeiro a dezembro" para um prazo de dois a três anos. O BC teria mais tempo para levar a inflação para o centro da meta, evitando uma política mais rígida para ancorar a expectativa de inflação.
O Banco Central já mira uma inflação além do ano-calendário. A interrupção na queda de juros já teve o objetivo de evitar essa desancoragem da inflação principalmente em 2025.
Na terça-feira, um dos fatores de piora do câmbio foi divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Após sete reduções seguidas na taxa Selic o colegiado decidiu fazer uma pausa no ciclo de cortes e manter os juros em 10,50% ao ano.
A decisão veio em linha com as atuais expectativas do mercado, mas ainda representa uma previsão maior de juros para 2024 em relação ao observado no começo do ano, além de indicativos de que os riscos que o BC leva em conta para mexer na Selic estão mais preocupantes.
O comitê informou, no documento, que o controle das estimativas de inflação, que estão em alta, requer uma "atuação firme" da autoridade monetária, e acrescentou que se manterá "vigilante". Além disso, avaliou que "eventuais ajustes futuros" na taxa de juros, com possíveis aumentos na Selic, "serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta".
"O cenário das contas públicas ainda é um grande problema, e estamos entrando em período eleitoral e de possível aumento de gastos. Essa é uma preocupação do Copom e do mercado financeiro", diz Helena Veronese, economista-chefe da B. Side Investimentos.
"Além disso, o BC trouxe projeções de inflação mais altas, que podem em breve ultrapassar o teto da meta. Isso piora a percepção de risco da economia e impacta o câmbio", explica.
Para Leonado Costa, do ASA, a ata indica um "aumento da incerteza do cenário, com piora no ambiente externo e na ancoragem das expectativas" de inflação, que agora estão em níveis mais distantes da meta de 3%.
Além disso, diz o economista, confirma a interrupção do ciclo de quedas e manutenção de uma taxa Selic mais alta, em um patamar contracionista para a economia, até que se consolide o processo de desinflação.
Outro ponto que deu força ao dólar foi a declaração da diretora do Federal Reserve Michelle Bowman, que reiterou sua opinião de que manter a taxa de juros dos Estados Unidos estável "por algum tempo" provavelmente será suficiente para deixar a inflação sob controle.
Juros mais altos nos Estados Unidos tornam os emergentes menos atrativos, o que inclui o Brasil. Assim, os investidores levam investimentos para economias desenvolvidas e o real tende a se desvalorizar ainda mais.
"A inflação nos EUA continua elevada, e ainda vejo vários riscos de aumento da inflação que afetam minha perspectiva", disse Bowman em comentários preparados para uma apresentação em Londres.
Bowman disse ainda que conflitos regionais podem pressionar para cima os preços da energia e dos alimentos, e condições financeiras mais frouxas ou estímulos fiscais também podem estimular a inflação.
"Se os dados que estão chegando indicarem que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção à nossa meta de 2%, será apropriado em algum momento reduzir gradualmente a taxa de juros para evitar que a política monetária se torne excessivamente restritiva", disse ela.
Entretanto, Bowman destacou que a economia "ainda" não chegou a esse ponto, acrescentando que "permanecerá cautelosa" em sua abordagem da política monetária e previu que os bancos centrais de outros países poderão afrouxar mais cedo ou mais rapidamente do que o Fed.
Os investidores estarão atentos à divulgação na sexta-feira de números do índice PCE de maio, o indicador de inflação preferido do Federal Reserve, para reiterar a posição de Bowman. Analistas projetam estabilidade, ante alta de 0,3% em abril.

Lula volta a criticar ‘taxa das blusinhas’ e diz que medida é ‘irracional’; texto ainda não foi sancionado

Congresso aprovou taxação sobre compras de até 50 dólares; Lula tem até dia 8 para vetar ou sancionar. Em entrevista ao Uol, presidente comparou com isenção para compras em viagens. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar nesta quarta-feira (26) a chamada "taxa das blusinhas" – apelido dado ao projeto aprovado pelo Congresso que prevê a cobrança do imposto de importação sobre compras internacionais de até 50 dólares.
Pelas regras atuais, essas compras estão sujeitas apenas à incidência do ICMS, um imposto estadual. Em acordo com a área econômica do governo, o Congresso aprovou texto que inclui, antes da incidência do ICMS, um imposto de importação de 20%.
"Nós temos um setor da sociedade brasileira que pode viajar uma vez por mês pro exterior, e pode comprar até 2 mil dólares sem pagar imposto. Pode chegar no free shop e comprar mil, e pode comprar mil no país, e não paga imposto. E é maravilhoso, fiz isso pra ajudar a classe média, a classe média alta", disse Lula, em entrevista ao Uol.
"Agora, quando chega a minha filha, a minha esposa, que vai comprar 50 dólares, eu vou taxar 50 dólares? Não é irracional? Não é uma coisa contraditória?", emendou.
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O projeto está na mesa de Lula, que tem até o dia 8 de julho para sancionar ou vetar. Se decidir pelo veto, o tema volta ao Congresso Nacional, que pode respaldar a avaliação de Lula ou restaurar o projeto.
Em maio, Lula afirmou que a tendência seria vetar a taxa às compras de até US$ 50, mas que estava aberto a negociar. Passado um mês, o presidente indicou que cumprirá o acordo firmado pela equipe econômica com deputados e senadores para implementar a cobrança.
A taxa foi incluída no texto de um projeto que incentiva a transição energética no setor de transportes, aprovada recentemente pelo Congresso Nacional.