Pagamentos de junho para aposentados e pensionistas do INSS começam nesta segunda-feira; veja calendário e como consultar

Os escritores que ajudam a inteligência artificial a falar que nem gente
Pagamentos serão feitos para os beneficiários que ganham até um salário mínimo. INSS realiza mutirão de perícia médica na Bahia
Divulgação/INSS
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começa a fazer os pagamentos de junho de aposentados e pensionistas que recebem até um salário mínimo (R$ 1.412) nesta segunda-feira (24). Veja como saber quanto vai receber.
Para aqueles que recebem acima desse valor, os pagamentos só começarão em 1º de julho.
Os primeiros a receber serão os beneficiários com Número de Identificação Social (NIS) com final 1. (veja o calendário mais abaixo)
Também receberão nesta segunda-feira os beneficiários que residem no Rio Grande do Sul e foram atingidos pelas fortes chuvas que inundaram o estado em maio.
Segundo o INSS, a antecipação do calendário para essas pessoas vai prevalecer até que seja determinado o fim do estado de calamidade pública do RS.
Atualmente, segundo o instituto, são pagos mensalmente 39,9 milhões de benefícios.
Confira o calendário de pagamentos do INSS deste mês:
Final do NIS: 1 – pagamento em 24/06
Final do NIS: 2 – pagamento em 25/06
Final do NIS: 3 – pagamento em 26/06
Final do NIS: 4 – pagamento em 27/06
Final do NIS: 5 – pagamento em 28/06
Final do NIS: 6 – pagamento em 01/07
Final do NIS: 7 – pagamento em 02/07
Final do NIS: 8 – pagamento em 03/07
Final do NIS: 9 – pagamento em 04/07
Final do NIS: 0 – pagamento em 05/07
Para uma aposentadoria tranquila, piso do INSS deveria ser 9 vezes maior, diz Louise Barsi
Como saber quanto vai receber?
Os segurados podem consultar os valores no site ou no aplicativo "Meu INSS". Veja como:
Abra o site ou aplicativo Meu INSS, disponível para os sistemas Android e iOS;
Faça login na tela inicial;
Clique no serviço de "Extrato de pagamento" para ter aceso ao extrato e todos os detalhes sobre o pagamento do benefício.
Já caso o segurado não tenha acesso à internet, ele precisará ligar para a Central 135. Ao fazer a chamada, basta informar o número do CPF e confirmar algumas informações cadastrais para evitar fraudes. Nesse caso, o atendimento está disponível de segunda-feira a sábado, das 7h às 22h.
Como transferir o local de recebimento do benefício?
Segundo o INSS, aqueles que precisarem transferir o local de recebimento do benefício poderão fazer todo o processo pelo site ou aplicativo Meu INSS, não sendo necessário ir até uma agência da Previdência.
Para isso, basta fazer login na página inicial e fazer a solicitação por meio do serviço "Alterar local e forma de pagamento". Caso o beneficiário não tenha acesso à internet, também poderá fazer o pedido por meio da Central 135.
Vale lembrar que o pagamento de benefícios é feito por meio de cartão magnético, sem necessidade de abertura de conta bancária e sem custos adicionais ao beneficiário.

Pagamentos de junho para aposentados e pensionistas do INSS começa nesta segunda-feira; veja calendário e como consultar

Os escritores que ajudam a inteligência artificial a falar que nem gente
Pagamentos serão feitos para os beneficiários que ganham até um salário mínimo. INSS realiza mutirão de perícia médica na Bahia
Divulgação/INSS
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começa a fazer os pagamentos de junho de aposentados e pensionistas que recebem até um salário mínimo (R$ 1.412) nesta segunda-feira (24). Veja como saber quanto vai receber.
Para aqueles que recebem acima desse valor, os pagamentos só começarão em 1º de julho.
Os primeiros a receber serão os beneficiários com Número de Identificação Social (NIS) com final 1. (veja o calendário mais abaixo)
Também receberão nesta segunda-feira os beneficiários que residem no Rio Grande do Sul e foram atingidos pelas fortes chuvas que inundaram o estado em maio.
Segundo o INSS, a antecipação do calendário para essas pessoas vai prevalecer até que seja determinado o fim do estado de calamidade pública do RS.
Atualmente, segundo o instituto, são pagos mensalmente 39,9 milhões de benefícios.
Confira o calendário de pagamentos do INSS deste mês:
Final do NIS: 1 – pagamento em 24/06
Final do NIS: 2 – pagamento em 25/06
Final do NIS: 3 – pagamento em 26/06
Final do NIS: 4 – pagamento em 27/06
Final do NIS: 5 – pagamento em 28/06
Final do NIS: 6 – pagamento em 01/07
Final do NIS: 7 – pagamento em 02/07
Final do NIS: 8 – pagamento em 03/07
Final do NIS: 9 – pagamento em 04/07
Final do NIS: 0 – pagamento em 05/07
Para uma aposentadoria tranquila, piso do INSS deveria ser 9 vezes maior, diz Louise Barsi
Como saber quanto vai receber?
Os segurados podem consultar os valores no site ou no aplicativo "Meu INSS". Veja como:
Abra o site ou aplicativo Meu INSS, disponível para os sistemas Android e iOS;
Faça login na tela inicial;
Clique no serviço de "Extrato de pagamento" para ter aceso ao extrato e todos os detalhes sobre o pagamento do benefício.
Já caso o segurado não tenha acesso à internet, ele precisará ligar para a Central 135. Ao fazer a chamada, basta informar o número do CPF e confirmar algumas informações cadastrais para evitar fraudes. Nesse caso, o atendimento está disponível de segunda-feira a sábado, das 7h às 22h.
Como transferir o local de recebimento do benefício?
Segundo o INSS, aqueles que precisarem transferir o local de recebimento do benefício poderão fazer todo o processo pelo site ou aplicativo Meu INSS, não sendo necessário ir até uma agência da Previdência.
Para isso, basta fazer login na página inicial e fazer a solicitação por meio do serviço "Alterar local e forma de pagamento". Caso o beneficiário não tenha acesso à internet, também poderá fazer o pedido por meio da Central 135.
Vale lembrar que o pagamento de benefícios é feito por meio de cartão magnético, sem necessidade de abertura de conta bancária e sem custos adicionais ao beneficiário.

Entenda o que a Meta diz sobre a coleta de informações de usuários para treinar IA e saiba passo a passo para desativar

Os escritores que ajudam a inteligência artificial a falar que nem gente
Empresa de Mark Zuckerberg controla as redes sociais Instagram e Facebook, além do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp. Ações da Meta enfrentam péssimo momento na bolsa de NY
Reuters
A Meta, empresa de Mark Zuckerberg e que controla as redes sociais Instagram e Facebook, além do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp, atualizou seus termos de uso para, através de publicações abertas de usuários, aprimorar e treinar seu serviço de inteligência artificial (IA). A mudança aconteceu em 16 de junho.
🤔 O que diz a Meta sobre a coleta de informações? Na Central de Privacidades da Meta, que pode ser acessada no Instagram, a empresa diz que:
usa informações que estão publicamente disponíveis online;
usa informações compartilhadas nos produtos e nos serviços da empresa.
🤔 Isso inclui o conteúdo postado pelo usuário? Segundo a Meta, essas informações podem abranger publicações ou fotos e legendas.
❌ Há algo que não é usado? De acordo com a empresa, o conteúdo das mensagens privadas com amigos e familiares não é usado.
📑 É possível se opor? Também na Central de Privacidades, a Meta diz que os usuários têm "direitos relacionados à forma como suas informações são usadas para IA na Meta", o que inclui o direito de se opor ao uso de informações compartilhadas.
🚶‍♂️ E como fazer isso? Logado no seu Instagram, siga o passo a passo a seguir (ou CLIQUE aqui para ver prints com as instruções):
no feed de fotos, clique nos três tracinhos que ficam os alto do campo direito.
então, você, usuário, vai cair na página "configurações e atividades".
em seguida, role até o fim da página e clique em "sobre";
depois, selecione "política de privacidade".
📱Nesta etapa, você vai cair nessa outra página, fora do aplicativo chamada, "Política de Privacidade". Então, logado, siga com o passo a passo nessa mesma página (ou CLIQUE aqui para ver prints com as instruções):
clique nos três tracinhos horizontais no canto superior direito;
no menu de opções, clique em "outras políticas e artigos" e, imediatamente, em "como a Meta usa informações para recursos e modelos de IA generativa";
em seguida, abrirá uma nova página chamada "oposição quanto ao uso das suas informações para IA na Meta;
então, role até o fim da página e clique em "direito de se opor" (é um escrito, destacado em azul, no meio do texto).
Aí… É hora de preencher um formulário para, segundo o documento, exercer o direito de "não querer que suas informações compartilhadas nos nossos produtos e serviços sejam usadas para desenvolver e melhorar a IA na Meta" (CLIQUE para ver prints com as instruções).
⏳ A remoção é instantânea? Segundo a Meta, não. O texto diz que as solicitações de objeção serão analisadas de acordo com as leis de proteção de dados relevantes. "Se a sua solicitação for atendida, ela será aplicada a partir do momento que for aceita", diz o texto.
🏛️ LGPD – Está em vigor no Brasil a Lei Geral de Proteção de Dados, que rege como as empresas podem armazenar, usar e tratar dados de cidadãos brasileiros. Ela estabelece diretrizes sobre coleta, armazenamento, tratamento e compartilhamento de dados pessoais.
A Meta diz que pode "processar informações sobre você para desenvolver e melhorar a IA na Meta, mesmo se você se opuser ou não usar nossos produtos e serviços".
Como exemplo, a empresa diz que isso poderia acontecer se o usuário ou suas informações:
aparecerem em uma imagem compartilhada nos produtos ou serviços por alguém que os usa.
forem mencionados em publicações ou legendas que outra pessoa compartilhar nos produtos e serviços.
Procurada pelo g1, a Meta enviou a seguinte nota:
"Estamos comprometidos em desenvolver a inteligência artificial na Meta – nossa coleção de recursos e experiências generativas de inteligência artificial junto com os modelos que os alimentam – de forma segura, responsável e atendendo as regulações de privacidade no Brasil."
Meta Conversations
Durante o "Meta Conversations", evento que aconteceu no Brasil no início de junho, Zuckerberg falou, por videoconferência, sobre a liberação da assistente de inteligência artificial integrada aos seus produtos — a "IA da Meta".
"Nosso objetivo é construir o melhor serviço de IA do mundo tanto em qualidade quanto em usabilidade. E estou animado para anunciar que vamos lançar o Meta AI em português no próximo mês, junto com vários outros novos idiomas", disse Zuckerberg.
"Isso significa que mais pessoas ao redor do mundo poderão fazer perguntas ao assistente em qualquer um de nossos aplicativos. Recebemos muitos comentários positivos até agora e estou animado para que todos vocês experimentem. Acho que vocês ficarão realmente impressionados", prometeu.
🌍 Como é em outros lugares no Mundo?
A Meta pretende seguir o mesmo em outros países, incluindo os que fazem parte da União Europeia, o que deve acontecer a partir de 26 junho e já é alvo de reclamações.
Segundo a agência de notícias APF, os esforços da Meta no continente estão sendo dificultados pelas leis de privacidade de dados mais rigorosas. O grupo NOYB, com sede em Viena, liderado pelo ativista Max Schrems, queixou-se a 11 vigilantes nacionais da privacidade sobre os planos de formação em IA da Meta e instou-os a parar a empresa antes de começar a treinar a próxima geração do Llama, tecnologia usada pela "IA da Meta" que é uma espécie de "cérebro" do assistente.
Passo a passo
Passo a passo para evitar que Meta use dados para treinar IA 1
Reprodução
Passo a passo para evitar que Meta use dados para treinar IA 2
Reprodução
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Passo a passo para evitar que Meta use dados para treinar IA 3
Reprodução
Passo a passo para evitar que Meta use dados para treinar IA 4
Reprodução
Passo a passo para evitar que Meta use dados para treinar IA 5
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Passo a passo para evitar que Meta use dados para treinar IA 7
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Passo a passo para evitar que Meta use dados para treinar IA 8
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Pressionado pelo mercado, governo avalia cortar gastos para manter arcabouço fiscal de pé; veja alternativas

Os escritores que ajudam a inteligência artificial a falar que nem gente
Integrantes da equipe econômica já indicaram que podem enviar projetos para coibir supersalários no funcionalismo e mudar regras de previdência de militares, além de rever bases de dados de benefícios sociais. Mercado pede reformas mais profundas. Governo avalia alternativas para conter o ritmo de crescimento dos gastos obrigatórios e manter de pé o arcabouço fiscal
Reuters
Após pressão do mercado financeiro e do setor produtivo, com fortes críticas ao aumento de tributos dos últimos meses, a equipe econômica começa a se debruçar com mais atenção sobre a redução de despesas e avalia quais gastos podem ser cortados.
Segundo informou na semana passada a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, a ideia é dar um cardápio de possibilidades de redução de gastos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, até agosto deste ano, quando será apresentada a proposta de orçamento de 2025.
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Segundo especialistas, há possibilidade do governo fazer cortes em gastos obrigatórios.
Veja abaixo quais gastos são esses e, mais adiante, nesta reportagem, a proposta dos economistas envolvendo cada um deles.
Gastos com servidores
Gastos previdenciários
Reforma de gastos sociais
Abono salarial
Desvinculação de gastos
Contudo, o corte de despesas difere da agenda de curto prazo, que busca encontrar fontes de recursos para manter a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia e dos municípios.
A ideia do governo é que essas propostas de aumento de arrecadação sejam enviadas nas próximas semanas.
Já o trabalho de redução de gastos tem foco no médio e longo prazos, com o objetivo de manter de pé o chamado "arcabouço fiscal", a regra para as contas públicas aprovada em 2023.
A manutenção do arcabouço é considerada vital pelo mercado financeiro para manter a previsibilidade das contas públicas.
LEIA MAIS:
Arcabouço fiscal: mesmo com mais espaço para gastos, economistas veem possível impacto em políticas públicas
Governo cria grupo para revisar gastos públicos, afirma secretário do Planejamento
"Temos que tomar medidas hoje que garantam que esse cenário [de colapso do arcabouço fiscal] não aconteça. Quanto mais o tempo passa, mais difícil fica. Então, tem coisas que dá pra ir fazendo e garantindo. É preciso tomar medidas adequadas. O país precisa tomar decisões, ou vamos colocar tudo em colapso lá na frente", declarou o secretário do Tesouro Nacional, Rogerio Ceron, ao g1 e à TV Globo em abril deste ano.
Sem redução de despesas — que passa pelo envio de propostas para corte de gastos obrigatórios ao Congresso Nacional — o espaço para gastos livres dos ministérios (como aqueles relacionados com a manutenção de serviços básicos), vai terminar antes de 2030, e será necessário rever o arcabouço fiscal.
Por conter um limite para o crescimento dos gastos do governo, que não pode ser maior do que 70% do aumento da receita ou do que 2,5% (em termos reais, acima da inflação), a regra para as contas públicas gera previsibilidade para o resultado das contas públicas e, consequentemente, para o nível da dívida brasileira no futuro.
Sem o arcabouço, fica mais difícil fazer projeções para as contas públicas no médio e longo prazos (período acima de cinco anos), e essa falta de previsibilidade, no mercado financeiro, costuma ser repassada aos preços dos ativos (dólar e juros futuros, que servem de base para o valor cobrado dos clientes bancários).
O Banco Central avaliou, em maio, que o "esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal", junto com outros fatores, tem o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia — aquela que mantém a inflação sob controle sem afetar o crescimento da economia.
Recomendações de analistas
A lista de gastos obrigatórios que podem ser cortados, segundo análise feita por economistas do mercado financeiro no último ano, é grande e contempla reformas profundas nas regras para gastos públicos. Veja abaixo:
1) Gastos com servidores, por meio de uma reforma administrativa
Os gastos com servidores do governo federal estão estimados em R$ 380 bilhões em 2024, ou 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB). É a segunda maior despesa primária do governo, perdendo apenas para a Previdência Social (R$ 913 bilhões, ou 8% do PIB).
Estudo divulgado em 2020 mostra que o Brasil gastou 13,7% do Produto Interno Bruto (PIB), no ano anterior, cerca de R$ 930 bilhões, com servidores públicos federais, estaduais a municipais. O Brasil era, naquele momento, o 7º país que mais gastava com servidores.
Análise do Banco Mundial, divulgada em 2019, apontou que os servidores federais ganhavam quase o dobro de trabalhador do setor privado. O levantamento foi feito com base em dados de 2017. Os reajustes de servidores foram contidos na gestão Bolsonaro. No início do governo Lula, foram retomados.
Em 2020, a equipe econômica chefiada por Paulo Guedes propôs uma reforma administrativa, com mudanças em leis, somente para futuros servidores, propondo o fim do regime jurídico único da União, com possibilidade de outras formas de vínculo, e o término dos chamados "penduricalhos". A estimativa, naquele momento, era de uma economia de R$ 300 bilhões de gastos em dez anos.
2) Gastos previdenciários, por meio de uma nova reforma da Previdência
Números divulgados no ano passado pelo governo federal mostram que o déficit do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), sistema público que atende aos trabalhadores do setor privado, deve mais que dobrar até 2060 e quadruplicar até 2100.
A lógica é que, com o aumento da proporção de idosos no país no futuro, também cresçam as despesas com o pagamento de benefícios previdenciários — que não podem ser menores do que um salário mínimo.
Segundo avaliou naquele momento o economista Paulo Tafner, as projeções para o rombo previdenciário mostram que será necessária uma nova reforma da Previdência Social nos próximos anos. A última reforma foi feita em 2019.
Para ser levada adiante, essa reforma alteraria o formato de pagamento de benefícios previdenciários, que são gastos obrigatórios. Por isso, seria necessária uma nova mudança legal.
3) Reforma de gastos sociais
Estudo do economista Gabriel Leal de Barros, da ARX Investimentos, apontou em estudos a necessidade de promover uma fusão de políticas sociais diante da execução fracionada de diversos programas como o Auxílio Brasil, Auxílio Gás, Auxílio reclusão, Farmácia Popular, salário maternidade, salário família, seguro defeso, BPC, dentre outros.
Segundo cálculos de Barros, a integração e redesenho dos programas sociais podem entregar economia fiscal de quase R$ 200 bilhões em dez anos.
Estudo divulgado em 2023 deste ano pelo Banco Mundial também sugere "consolidar" os programas em uma única transferência social escalonada, que poderia "apoiar os pobres crônicos e os afetados por choques transitórios de forma mais generosa e sustentável".
4) Abono salarial
Outra política criticada por especialistas é o abono salarial, um benefício que assegura o valor de até um salário mínimo anual aos trabalhadores que receberam em média até dois salários mínimos de remuneração mensal durante pelo menos 30 dias no ano, e que estejam cadastrados no PIS ou no Pasep há pelo menos cinco anos
Estudo promovido pela equipe econômica de Paulo Guedes, que comandava a Economia na gestão Bolsonaro, conclui que, do ponto de vista distributivo, a maior parte do benefício tende a se concentrar nas camadas de renda média da população.
"Consequentemente, o Abono tem pouco efeito sobre o nível geral de desigualdade e pobreza da economia, embora contribua para uma redução da desigualdade dentro do grupo de trabalhadores formais", diz o estudo.
De acordo com análise feita pelo economista Fabio Giambiagi, o abono salarial não combate o desemprego, pois quem recebe o abono está empregado, e também não combate a miséria, porque quem recebe o abono não está entre os 20% mais pobres do país. "Ele ajuda a reduzir a informalidade? Não, porque quem recebe o benefício já está no mercado formal", conclui, em artigo de 2022.
5) Desvinculação de gastos
Em artigo publicado em abril deste ano, citado pelo ministro Fernando Haddad, o economista da FGV-Ibre, Bráulio Borges, avaliou que um elemento crucial para conter sua expansão do déficit do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) seria a desvinculação do piso previdenciário (e mesmo de outros benefícios assistenciais, como o BPC) do salário-mínimo nacional.
Se essa medida fosse adotada, os benefícios previdenciários teriam a correção somente da inflação do ano anterior. Atualmente, eles são corrigidos pela inflação do último ano, e pelo crescimento da economia de dois anos antes, ou seja, têm ganho real (acima da inflação) sempre que o PIB cresce.
"O salário-mínimo é uma variável que deve sim ser reajustada ao longo do tempo em termos reais, refletindo ganhos de produtividade da mão de obra, mas é uma variável que deve regular o mercado de trabalho, ou seja, a vida de quem está participando ativamente da produção econômica", argumentou Borges.
O economista também analisou que mínimos constitucionais de Saúde e Educação poderiam deixar de estarem atrelados às receitas, passando a ter uma vinculação a pisos reais de gasto per capita. Deste modo, os gastos em saúde e educação cresceriam menos do que a atual fórmula, levando à uma perda de recursos em relação ao modelo em vigor.
Bolsa Família; cartão bolsa família
Setas/Divulgação
Posição do governo
Diante da pressão do mercado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na semana passada que a equipe econômica vai intensificar a agenda de trabalho em relação aos gastos públicos, e que deve focar, nas próximas semanas, em fazer uma revisão "ampla, geral e irrestrita" das despesas.
Em viagem à Itália, o presidente Lula afirmou que não fará ajuste de contas "em cima dos pobres". Ele fez o comentário em meio à pressão para que o governo modifique regras que tratam dos investimentos mínimos em saúde e educação — que poderia gerar perda de recursos para essas áreas.
Veja onde o governo já indicou que poderá propor ajustes:
▶️ Supersalários de servidores públicos
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, já afirmaram que o governo quer regulamentar do teto do funcionalismo para coibir "supersalários" dos servidores públicos.
Em 2021, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto que regulamenta os chamados "supersalários" – que extrapolam o teto do funcionalismo – no serviço público. O valor máximo hoje é de R$ 44.008,52 mensais. O texto retornou ao Senado, onde aguarda definição.
A proposta em discussão no Congresso define quais pagamentos poderão extrapolar o teto do funcionalismo. Entre eles, os auxílios para moradia, alimentação e transporte.
Em 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que algumas gratificações de natureza remuneratória devem entrar no chamado "abate-teto".
Ficam de fora, ou seja, não são descontados, os chamados jetons (verba dos ministros por participação em conselhos de administração em estatais) ou as verbas de caráter indenizatório (como reembolsos).
▶️ Desvinculação benefícios assistenciais
Durante audiência pública no Congresso Nacional na semana passada, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que a área econômica está avaliando desvincular benefícios concedidos pelo governo federal da política de valorização do salário mínimo.
Se implementada a proposta, alguns benefícios assistenciais, como seguro-desemprego, abono salarial e Benefício de Prestação Continuada (BPC), não teriam a mesma correção do salário mínimo (inflação mais o crescimento do PIB). Com isso, haveria uma redução de despesas.
"[Estamos olhando] como está o BPC, como está o abano salarial, como está o seguro-desemprego, como é que estão essas políticas públicas para mobilizar, para aperfeiçoar. Então, essa é uma discussão que está sendo feita internamente. Não há nenhuma decisão política. Meu papel é apresentar números", afirmou a ministra, naquele momento.
▶️Reforma de Previdência de militares
Outra ideia discutida pela área econômica, também segundo a ministra Simone Tebet, em entrevista ao jornal "O Globo", seria uma reforma da Previdência dos militares.
Segundo dados citados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), o sistema de proteção social dos militares registrou um déficit de R$ 49 bilhões no ano passado.
"Eu vou colocar tudo na mesa. Eu tenho coragem para colocar tudo. Até porque o próprio Tribunal de Contas da União fez um alerta em relação à previdência dos militares. O meu otimismo é porque tem um leque de possibilidades", disse Tebet, ao "Globo".
Ao g1, o presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, afirmou que mudanças para melhorar o déficit dos militares são necessárias, principalmente para não sobrecarregar o regime geral (que atende ao setor privado), que dá menos prejuízo por beneficiário.
"No entanto, tudo deve ser feito com base em estudos técnicos e com muita tranquilidade, entendendo o especial papel das Forças Armadas”, acrescentou ele.
▶️Revisão de cadastros
Nesta semana, o ministro Fernando Haddad afirmou que a revisão de cadastros, ou seja, de bancos de dados de benefícios previdenciários e assistenciais, pode abrir espaço no orçamento para outras despesas. A lógica é excluir as pessoas que não têm direito aos benefícios.
No ano passado, o governo iniciou um processo de revisão do cadastro do Bolsa Família. Na ocasião, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que isso pode gerar uma redução de despesas de até R$ 7 bilhões por ano.
Ao mesmo tempo, o governo também trabalha em uma força tarefa, neste ano, para excluir do cadastro do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pessoas que estejam recebendo indevidamente os benefícios. A estimativa que consta no orçamento deste ano é de uma economia de R$ 9 bilhões com esse processo.
Questionado se o governo pretende fazer uma revisão da base de dados do Benefício de Prestação Continuada (BPC), o ministro da Fazenda disse apenas que a Casa Civil e o Ministério do Planejamento prepararam "vários gráficos" para o presidente Lula compreender melhor a evolução das despesas.
▶️Seguro-defeso
Na proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025, o governo informou que o seguro-defeso será alvo do processo de revisão de gastos.
Esse é um programa de seguro-desemprego, durante o período de defeso, ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal.
A projeção do governo é que o benefício seja pago a 928,44 mil trabalhadores em 2025, com pagamento estimado de R$ 4,51 bilhões no próximo ano.
"É necessária a avaliação sobre as condições de funcionamento e possibilidades de aprimoramento do programa", diz o governo, no projeto da LDO.

Os escritores que ajudam a inteligência artificial a falar que nem gente

Os escritores que ajudam a inteligência artificial a falar que nem gente
Se você está preocupado com a forma como a IA afetará seu trabalho, o mundo dos redatores pode oferecer um vislumbre do futuro. Como a inteligência artificial irá afetar o seu trabalho?
Serenity Strull/BBC/Getty Images
A carreira do redator Benjamin Miller (nome fictício) vinha bem até o início de 2023.
Ele chefiava uma equipe de mais de 60 redatores e editores, publicando artigos e postagens em blogs para promover uma empresa da área de tecnologia e revender dados sobre tudo, desde imóveis até carros usados.
Para ele, "era um trabalho realmente envolvente" – uma oportunidade de exercer sua criatividade e colaborar com especialistas em uma série de assuntos diferentes.
Até que, um dia, o gerente de Miller contou a ele sobre um novo projeto: "eles queriam usar a inteligência artificial para reduzir os custos".
Por força do seu contrato de confidencialidade, Miller pediu à BBC que não o identificasse, nem divulgasse o nome da companhia.
Um mês depois, a empresa adotou um sistema automatizado. O gerente de Miller digitava o título de um artigo em um formulário on-line e o modelo de IA gerava um esboço baseado naquele título.
Miller recebia então um alerta no seu computador e, em vez de criarem suas próprias ideias, seus redatores produziam artigos com base naquele esboço. Miller fazia a edição final do material e as histórias eram publicadas.
Após poucos meses de adaptação ao novo sistema, Miller recebeu a notícia de que haveria uma segunda etapa da automação. O ChatGPT passaria então a escrever totalmente os artigos e a maior parte da sua equipe foi demitida.
As poucas pessoas restantes passaram a desempenhar uma tarefa ainda menos criativa: editar o texto criado pelo ChatGPT, de qualidade inferior, para que ele parecesse mais humano.
O processo prosseguiu até que, em 2024, a empresa demitiu o restante da equipe e Miller ficou sozinho. "De um momento para outro, passei a fazer o trabalho de todos os demais", ele conta.
Todos os dias, ele abria os documentos escritos por IA para corrigir os erros estereotipados do robô, produzindo sozinho o trabalho que costumava empregar dezenas de pessoas.
"Eu estava basicamente fazendo a limpeza para que os textos parecessem menos esquisitos, cortando a linguagem estranha e formal ou excessivamente animada", descreve Miller.
"Eu tinha mais trabalho de edição do que com os redatores humanos, mas era sempre o mesmo tipo de edição. O problema, na verdade, é que era simplesmente muito repetitivo. Comecei a sentir que eu era o robô."
A experiência de Miller reflete uma mudança mais abrangente.
Em diversos setores, a IA está sendo empregada para produzir trabalho que, antes, era domínio exclusivo da mente humana. A inteligência artificial, muitas vezes, custa menos que uma pessoa, mas os pioneiros no seu uso aprendem rapidamente que, nem sempre, ela traz os mesmos resultados.
Agora, pessoas como Miller se veem levadas a se unir aos mesmos robôs que estão roubando seus empregos, para dar aos algoritmos um pouco de humanidade. É um exército oculto que faz com que a IA pareça melhor do que realmente é.
Se a eficiência da IA aumentar significativamente, esta será uma solução temporária. Do contrário, a história de Miller pode antecipar o que o futuro reserva para outras profissões.
Será que a inteligência artificial vai roubar seu emprego? É difícil responder. Afinal, estamos em uma encruzilhada preocupante.
Alguns especialistas alertam que os robôs superinteligentes logo irão substituir a maior parte do trabalho humano. Já outros acreditam que a tecnologia talvez nem se aproxime desta possibilidade.
E existem também os que defendem que estamos caminhando rumo a um futuro de colaboração entre a IA e os seres humanos, sem que haja competição.
O fato é que, em escala muito menor, alguns profissionais já enfrentam consequências preocupantes. E, se existe um trabalho que os grandes modelos de linguagem alimentados pela IA generativa podem fazer, é reunir palavras e parágrafos, o que coloca os redatores na linha de frente.
O medo de perder trabalho para as ferramentas de redação alimentadas por inteligência artificial foi uma das principais questões que levaram à greve de roteiristas nos Estados Unidos, no ano passado. E outros setores de criação enfrentam preocupações similares sobre seu futuro, com a chegada de ferramentas de IA capazes de gerar imagens, áudio e vídeo a partir do zero.
'Acrescentando o toque humano'
O impacto da IA já está atingindo os copywriters – os redatores de marketing e outros conteúdos para empresas.
Em alguns setores de marketing, a IA é uma bênção. Ela pode ser uma ferramenta útil para acelerar o trabalho e aumentar a criatividade. Mas outros redatores, especialmente os que estão começando suas carreiras, afirmam que a inteligência artificial está dificultando a busca por empregos.
Por outro lado, alguns também observaram o surgimento de um novo tipo de função, embora ela pague muito menos: corrigir os textos de má qualidade criados pelos robôs.
"Estamos acrescentando o toque humano, o que, muitas vezes, exige edição profunda e crescente do texto", afirma a redatora de marketing Catrina Cowart, de Lexington, no Estado americano de Kentucky. Ela trabalha na edição de textos gerados por IA.
"A gramática e a escolha das palavras simplesmente parecem estranhas", diz. "Você está sempre cortando palavras floreadas, como 'portanto' e 'todavia', que não se encaixam na escrita casual."
"Você também precisa verificar todas as informações, porque a IA simplesmente inventa coisas. Isso consome muito tempo, porque não são só as grandes ideias. A IA alucina com pequenas incoerências, em linhas descartáveis que você nunca notaria."
Cowart afirma que a humanização da inteligência artificial, muitas vezes, leva mais tempo do que escrever um artigo do zero – e a remuneração é menor.
"Nas plataformas de emprego onde você encontra este tipo de trabalho, normalmente você ganha cerca de US$ 0,10 [cerca de R$ 0,54] por palavra", ela conta.
"Mas isso é para você escrever. Este é considerado um trabalho de edição, de forma que, normalmente, você recebe de um a cinco centavos [de dólar – cerca de R$ 0,05 a R$ 0,27] por palavra."
"É um trabalho horrível, tedioso e eles pagam quase nada por isso."
Outros setores presenciaram exemplos similares de seres humanos ganhando pouco para alimentar as máquinas em silêncio. Este trabalho inclui, por exemplo, ajudar os sistemas de processamento automático de pedidos a marcar as imagens usadas para treinar os próprios sistemas de visão por IA.
Mas, para algumas pessoas do mundo dos copywriters, a chegada da IA pode ser algo bom ou ruim, dependendo de como elas a utilizam e do estágio de cada um em suas carreiras.
Alguns redatores afirmam que incorporar as ferramentas ao seu processo criativo pode até melhorar o seu trabalho.
O Instituto Norte-Americano de Escritores e Artistas (AWAI, na sigla em inglês) é uma organização que oferece treinamento e recursos para escritor freelancer. O instituto promove uma série de cursos sobre inteligência artificial para seus membros.
A presidente da AWAI, Rebecca Matter, conta que as aulas de IA passaram a ser, de longe, as mais populares do instituto.
Para Matter, a inteligência artificial "é uma ferramenta incrível. O risco para as pessoas que têm a redação como carreira não é que a IA tome seus empregos, mas sim que elas precisem se adaptar. Isso pode ser desconfortável, mas acho que é uma enorme oportunidade."
Ela conta que a transição para o mundo da IA tem sido suave para a maior parte dos redatores que ela conhece. Na verdade, a inteligência artificial se tornou uma parte tão inerente do processo que muitos profissionais passaram a acrescentar "políticas de IA" pessoais aos seus websites profissionais, explicando como eles usam a tecnologia.
A redatora Rebecca Dugas tem nove anos de experiência e afirma que a IA tem sido uma "bênção", que permite que ela entregue seu trabalho com a mesma qualidade em uma fração do tempo.
"Uso a IA sempre que meus clientes se sentem confortáveis com isso", conta Dugas. "Seja para troca de ideias, pesquisa de mercado ou para reescrever parágrafos quando estou batendo a cabeça contra a parede para encontrar uma forma, ela tem sido uma parceira de criação incrível."
Mas Dugas entende por que seus clientes podem ter reservas ao uso da tecnologia. Sua própria política de IA explica que Dugas dispensa o uso da inteligência artificial para os clientes que assim preferirem – mas eles devem se preparar para pagar mais.
A maior energia mental e o tempo necessário para completar o trabalho fazem com que seus projetos livres de IA tenham um preço mais alto.
Com o aperfeiçoamento da IA, Dugas espera que algumas empresas passem a usar o ChatGPT e outras ferramentas para atender suas necessidades de redação, substituindo os seres humanos.
"Mas acho que, mesmo agora, estamos chegando a um ponto em que as empresas percebem que, se você não entender de marketing, não pode julgar a eficácia da produção da IA", defende ela.
Por isso, Dugas acredita que sempre haverá trabalho bem remunerado para redatores talentosos e estabelecidos.
Mas os redatores no outro lado do espectro da carreira podem não ter a mesma sorte. Atualmente, muitos dos que se encontram nessa posição enfrentam as diversas contradições modernas.
'Driblando' os detectores de IA
Muito do trabalho de copywriting vem dos donos de websites que querem artigos para gerar mais tráfico vindo do Google. Mas o buscador fez uma série de anúncios importantes no ano passado, descrevendo seus esforços para retirar conteúdo "inútil" dos resultados de busca.
Estas novidades despertaram temores de que o gigante da tecnologia venha a penalizar websites que incluam conteúdo gerado por IA. O Google defende que a redação por inteligência artificial é aceitável, desde que o conteúdo tenha alta qualidade – o que não eliminou as preocupações.
O resultado é que passou a ser prática comum, em parte do mundo do copywriting, passar o texto por software de detecção de IA. E, no último ano, surgiu uma onda de redatores que afirmam terem perdido seus empregos por falsas acusações de detectores de inteligência artificial.
Segundo Cowart, muitas plataformas de redatores freelancers que possuem software de detecção de IA estão, paralelamente, contratando pessoas para editar conteúdo produzido por robôs. Ou seja, em alguns cantos do ecossistema, quase tudo gira em torno de esforços para evitar a aparência da inteligência artificial.
"Eles estão vendendo conteúdo gerado por IA e pagando você para consertá-lo", explica Cowart. "E, ao mesmo tempo, enviam e-mails sobre como escrever como seres humanos, para não acionar seu detector de IA. É muito ofensivo."
O pior é que os detectores são atualizados regularmente para acompanhar as contínuas mudanças das empresas que produzem robôs de IA. Ou seja, as regras sobre o que pode fazer o seu texto ser marcado como gerado por inteligência artificial mudam constantemente.
"É frustrante, pois existe um milhão de formas de dizer a mesma coisa, mas qual é mais humana? Não gosto de ficar adivinhando", lamenta ela.
'Demissão automatizada'
A experiência de Miller humanizando a IA terminou abruptamente.
Depois de meses daquele trabalho repetitivo de edição, ele foi chamado para uma reunião inesperada. E foi demitido em 5 de abril de 2024 – o mesmo dia em que um terremoto atingiu a cidade de Nova York, onde ele mora.
A empresa decidiu que Miller era apenas mais uma etapa desnecessária de intervenção humana.
"Fui demitido meio que de forma automatizada", ele conta.
Felizmente, Miller logo encontrou uma nova oportunidade – um tanto irônica, diga-se de passagem. Ele conseguiu um emprego na empresa de tecnologia Undetectable AI, que produz software para dificultar a identificação de IA na redação de textos.
Em outras palavras, Miller está ajudando uma empresa que usa inteligência artificial para fazer o trabalho que ele foi obrigado a fazer, depois que a mesma IA tomou seu próprio trabalho.
O executivo-chefe de tecnologia da Undetectable AI, Bars Juhasz, afirma que ferramentas como as produzidas pela sua empresa certamente trazem efeitos negativos para o mercado de trabalho. Mas ele é otimista sobre o futuro do mundo profissional.
"Quando o automóvel surgiu em uma era de cavalos e carruagens, as pessoas reagiram como se fosse o fim do mundo, mas a sociedade sempre se adapta."
"Acho que iremos ver muitos empregos serem substituídos, e os freelancers serão os mais atingidos. Sinto muito por eles. Mas as pessoas que estão sendo pagas para humanizar a IA são fantásticos exploradores de oportunidades."
"É claro que não é um grande emprego, mas eles, de fato, reconheceram uma nova função em um momento de redefinição da ideia de produtividade. As pessoas que conseguirem aprender a trabalhar com a tecnologia ficarão bem", acredita Juhasz.
Miller não se orgulha do seu tempo nas minas de humanização da IA.
"Contribuí com grande parte do lixo que está saturando e destruindo a internet", ele conta. "Ninguém estava nem lendo aquilo na época em que saí, pois é simplesmente lixo."
Miller acredita que a companhia simplesmente vai retirar os artigos de IA editados por ele. "Será como se aquilo nunca tivesse sequer existido."
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