Dólar sobe e bate R$ 5,57, com fiscal e decisão de juros do BCE no radar; Ibovespa tem queda

Haddad pede ‘parcimônia’ à equipe da Fazenda ao revisar projeção de crescimento econômico
Na véspera, a moeda norte-americana avançou 1%, cotada em R$ 5,4833. Já o principal índice de ações da bolsa opera em alta. Notas de 1 dólar
Rafael Holanda/g1
O dólar abriu sem direção única nesta quinta-feira (18), mas logo virou para o território positivo e atingiu a marca de R$ 5,57, conforme investidores monitoravam o noticiário fiscal e corporativo local e aguardavam novos sinais sobre os juros norte-americanos e europeus.
Por aqui, as atenções ficam voltadas para as discussões em torno do Orçamento, com expectativa de que novos bloqueios de despesas sejam anunciados em breve, em mais uma tentativa do governo de conseguir alcançar o déficit zero neste ano.
No noticiário corporativo, destaque para o preço e o volume final das ações da Sabesp compradas durante o processo de privatização da companhia de saneamento, que devem ser divulgados hoje.
Já no exterior, além de novos dados econômicos dos Estados Unidos, o mercado avalia a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que manteve os juros da zona do euro inalterados.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, operava em queda.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
ENTENDA: A cronologia da disparada do dólar motivada pelos juros nos EUA, o cenário fiscal brasileiro e as declarações de Lula
CONSEQUÊNCIAS: Alta do dólar deve pressionar inflação e impactar consumo das famílias no 2º semestre, dizem especialistas
Dólar
Às 14h13, o dólar subia 1,55%, cotado em R$ 5,5683. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,5708. Veja mais cotações.
Na véspera, a moeda subiu 1%, cotada em R$ 5,4833.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,96% na semana;
recuo de 1,88% no mês;
avanço de 13% no ano.

Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa operava em queda de 1,20%, aos 127.898 pontos.
Na véspera, o índice avançou 0,26%, aos 129.450 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,43% na semana;
ganhos de 4,47% no mês;
perdas de 3,53% no ano.

LEIA TAMBÉM
30 anos do Real: como era a vida antes do plano econômico que deu origem à moeda brasileira
DINHEIRO OU CARTÃO? Qual a melhor forma de levar dólares em viagens?
DÓLAR: Qual o melhor momento para comprar a moeda?
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
O noticiário internacional é o principal foco dos negócios nesta quinta-feira, com destaque para a nova decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE). A instituição decidiu, mais uma vez, manter os juros inalterados na zona do euro, sem dar nenhuma indicação sobre seus próximos passos.
O argumento para a decisão foi que as pressões internas de preços continuam altas e que a inflação ficará acima de sua meta até o próximo ano.
"O Conselho do BCE continuará a seguir uma abordagem dependente de dados e reunião a reunião para determinar o nível apropriado e a duração da restrição", disse o BCE em comunicado.
Além disso, novos dados econômicos dos Estados Unidos também ficam no radar, com os pedidos de seguro-desemprego e índices da indústria norte-americana.
Segundo dados do Departamento de Trabalho dos EUA, o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego aumentou mais do que o esperado na semana passada, para 243 mil.
Os dados devem ajudar a nortear os mercados sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na condução dos juros do país.
Na véspera, o presidente da distrital da instituição em Richmond, Tom Barkin, afirmou que o mercado de trabalho dos EUA está esfriando, mas destacou que ainda há falta de mão de obra em alguns setores.
"Esse mercado parece estar apertado, mas não muito apertado", afirmou, acrescentando que observa atentamente a taxa de desemprego do país.
Além disso, a corrida eleitoral dos Estados Unidos também segue sob os holofotes. Após o atentado sofrido pelo ex-presidente Donald Trump no último sábado, uma onda de favoritismo pelo republicano tomou conta do país
O cenário ainda se agravou em meio à turbulência da candidatura à reeleição do presidente norte-americano, Joe Biden, com vários líderes democratas pressionando por um encerramento de sua campanha.
Biden, de 81 anos, até agora se recusou a atender aos apelos públicos de 20 democratas do Congresso para que se afastasse, depois de um desempenho vacilante em debate no dia 27 de junho contra Trump, de 78 anos. Seus problemas ainda foram agravados na quarta-feira, quando ele testou positivo para Covid-19 durante uma visita de campanha a Nevada.
Já no mercado local, investidores continuam atentos para o quadro fiscal brasileiro. A expectativa é que novos bloqueios e contingenciamentos no Orçamento de 2024 sejam divulgados em breve pela equipe econômica, que busca cumprir as regras do arcabouço fiscal.
Nesta quinta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que pediu "parcimônia" de sua equipe na revisão da expectativa de Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, diante do impacto das enchentes do Rio Grande do Sul.
"Eu estou pedindo parcimônia da Secretaria de Política Econômica na revisão de PIB, fazer com bastante cuidado. Nós estamos recebendo informações e dados que sustentariam uma reprojeção, mas pedi cautela, para avaliar bem se essa reprojeção deve ser feita", declarou.
Segundo o blog do Valdo Cruz, a equipe econômica já avisou ao Palácio do Planalto que um novo bloqueio de verbas no Orçamento deste ano, agora em julho, será inevitável para cumprir a meta fiscal de zerar o déficit público (deixar as receitas e despesas equivalentes).
A decisão deve ser anunciada no próximo dia 22. Até o momento, a equipe econômica avalia que o contingenciamento será de no mínimo R$ 10 bilhões. Agentes de mercado, contudo, esperam ao menos R$ 30 bilhões para que a meta de déficit zero seja cumprida.
*Com informações da agência de notícias Reuters.

Governo cita ‘descontrole’ no BPC; pente-fino pode incluir recadastramento de beneficiários

Ana Flor: combate de fraudes em benefícios vai ajudar a fechar as contas
O governo federal está surpreso com os dados do Benefício de Prestação Continuada (BPC) – e com o crescimento no número de pedidos de acesso aos pagamentos.
O pente-fino nos programas sociais deve começar por ele, e pode incluir um recadastramento dos beneficiários.
O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, afirmou ao blog que são cerca de 170 mil novos pedidos por mês apenas para a inclusão no BPC, o que causa estranheza na área técnica.
No Bolsa Família, a revisão dos cadastros já vem ocorrendo desde o ano passado.
O Benefício de Prestação Continuada (BPC) garante um salário mínimo por mês ao idoso ou à pessoa com deficiência de qualquer idade, mesmo que não tenha contribuído para a Previdência Social – desde que atendidos critérios de renda familiar.
Segundo o governo, o pagamento desse benefício custa 1% do PIB ao ano.
Na manhã desta quinta-feira (18), o presidente Lula se reúne com membros do núcleo do governo, da equipe econômica e representantes da Polícia Federal e do INSS para falar de fraudes em benefícios.
A possível economia de gastos com o combate às fraudes e irregularidades é considerada essencial para ajudar a área economica a cumprir a meta fiscal deste ano – e, em especial, de 2025.
Lula se reúne hoje com equipe econômica para discutir bloqueios
Economia prevista pode chegar a R$ 80 bi
Integrantes do governo ouvidos pelo blog dizem que a economia ao sanear a base dos benefícios sociais pode chegar a R$ 80 bilhões – cifra que ajudaria, e muito, o governo a bater a meta fiscal.
O foco é na revisão de auxílios, aposentadorias e pensões.
O governo diz ver um "descontrole" dos pagamentos nos últimos anos – em especial, a partir da pandemia, quando foram suspensos os recadastramentos e as perícias.
"Os benefícios precisam ser pagos para quem realmente precisa, porque estamos falando do dinheiro dos contribuintes brasileiros", disse ao blog o ministro da Casa Civil.
Despesas vinculadas ao mínimo preocupam
O crescimento das despesas obrigatórias atreladas ao salário mínimo preocupa a área econômica. O BPC é um desses gastos.
O governo vem sendo pressionado a abraçar um "plano de desvinculação" entre o salário mínimo e os benefícios sociais, sobretudo em razão da promessa de Lula de seguir elevando o mínimo acima da inflação.
A desvinculação, no entanto, enfrenta enorme resistência. Lula chegou a afirmar que, enquanto for presidente, não vai desvincular as aposentadorias do salário mínimo, por exemplo.
O governo tem jogado a responsabilidade do descontrole na gestão Jair Bolsonaro.
Além da pandemia, medidas populistas para ajudar na tentativa de reeleição do hoje ex-presidente são citadas como parte do descontrole na concessão de benefícios.

Após vários adiamentos, governo envia convites para lançamento do Voa Brasil desidratado

Haddad pede ‘parcimônia’ à equipe da Fazenda ao revisar projeção de crescimento econômico
Programa para facilitar acesso a bilhetes aéreos de até R$ 200 será lançado na próxima quarta. Lula ainda não confirmou presença em evento do Ministério de Portos e Aeroportos. Governo vai disponibilizar um site para a busca de passagens a até R$ 200 pelo trecho
Divulgação Aeroporto de Cabo Frio
Adiado diversas vezes, o Voa Brasil deve ser lançado na próxima quarta-feira (24), em cerimônia no Ministério de Portos e Aeroportos. A data consta em convites que já começaram a ser distribuídos, aos quais o g1 teve acesso.
O evento vai contar com a presença do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não confirmou se vai participar.
No convite, o Voa Brasil é chamado de "primeiro programa de inclusão social da aviação brasileira".
O programa foi anunciado pelo então ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, nos primeiros meses do governo Lula.
O lançamento foi adiado algumas vezes (relembre no vídeo abaixo). A mais recente delas em abril, quando o atual ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, chegou a anunciar a data de lançamento em suas redes sociais, que sria em 17 de abril. O evento, no entanto, foi cancelado por causa da agenda de Lula.
O programa também foi desidratado em relação ao anúncio inicial. A versão mais recente terá uma primeira fase focada em aposentados, conforme mostrou o g1.
"Voa Brasil" será adiado mais uma vez
O governo vai disponibilizar um site para a busca de passagens a até R$ 200 pelo trecho. Também será necessário ter cadastro do gov.br. Com base nessas informações, o sistema já saberá se a pessoa viajou de avião ou não no último ano.
Quando encontrar uma passagem que deseja, o aposentado será redirecionado pelo portal para o site da própria companhia aérea, já na parte para finalizar a compra.

Governo cria comissão que vai elaborar regras para transporte aéreo de animais

Medida vem depois da morte do cachorro Joca, enviado para outro destino em um voo da Gol. Os trabalhos do grupo devem ser concluídos em 30 dias. O governo lançou nesta quinta-feira (18) uma comissão que vai elaborar as regras para transporte aéreo de animais.
A medida vem depois da morte do cachorro Joca, enviado para outro destino em um voo da Gol (veja vídeo abaixo).
A comissão foi criada pelo Ministério de Portos e Aeroportos e pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para avaliar as contribuições da sociedade em consulta pública.
Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo conclui laudo da morte do cachorro Joca
Coordenada pela Anac, a comissão vai ouvir técnicos dos órgãos competentes e analisar as 3,4 mil contribuições recebidas. Segundo o ministério, é o maior número de contribuições já recebidas pela agência.
Segundo o secretário de Aviação Civil, Tomé Franco, os trabalhos da comissão devem ser concluídos em até 30 dias.
Durante o lançamento, o deputado federal Fernando Marangoni afirmou que o resultado dessa comissão pode subsidiar normas infralegais, como resoluções da Anac, e projetos de lei que tratem do tema.
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que o grupo ainda vai decidir a forma da regulação.
"Estamos discutindo se através de um projeto de lei ou através de resoluções da própria Anac, que esse grupo técnico vai discutir em 30 dias. E esperamos que em agosto a primeira legislação do país e a primeira regulamentação da própria Anac", afirmou.
Costa Filho ressaltou a necessidade de garantir a rastreabilidade dos pets, com acompanhamento pelos tutores, a instalação de câmeras nos porões dos aviões e responsabilização das equipes nos aeroportos.
"Hoje, nós temos no país mais de 80 mil transportes [de animais] anualmente, 8% são transportados no porão, mas a gente precisa criar no Brasil uma legislação clara, que possa dar segurança à aviação animal no país, para que a gente não tenha casos como o do Joca", declarou.
Além do ministério e da Anac, o grupo será formado por representantes dos seguintes órgãos:
Ministério da Agricultura e Pecuária;
Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima;
Ministério da Saúde;
Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania;
Agência Nacional de Vigilância Sanitária;
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis;
Conselho Federal de Medicina Veterinária.

Haddad pede ‘parcimônia’ à equipe da Fazenda ao revisar projeção de crescimento econômico

Haddad pede ‘parcimônia’ à equipe da Fazenda ao revisar projeção de crescimento econômico
Ministro citou impacto financeiro das enchentes do Rio Grande do Sul como motivo para o pedido. Gasto não impacta meta fiscal, mas pode afetar crescimento geral da economia. Fernando Haddad
ALOISIO MAURICIO/ESTADÃO CONTEÚDO
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (18) que pediu "parcimônia" de sua equipe na revisão da expectativa de Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, diante do impacto das enchentes no Rio Grande do Sul.
"Eu estou pedindo parcimônia da Secretaria de Política Econômica na revisão de PIB, fazer com bastante cuidado. Nós estamos recebendo informações e dados que sustentariam uma reprojeção, mas pedi cautela, para avaliar bem se essa reprojeção deve ser feita", declarou.
Haddad ressaltou que "os dados da economia estão vindo muito bem, consistentes e com baixa pressão nos preços, o que é ótimo, crescer com inflação controlada".
A Secretaria de Política Econômica apresenta, na tarde desta quinta-feira (18), o Boletim Macrofiscal. O relatório bimestral traz projeções do PIB e inflação para o ano.
Na última divulgação do boletim, em maio, a equipe da Fazenda aumentou a projeção de PIB para 2,5% neste ano, em relação a 2023.
Contudo, o cálculo não considerou o impacto financeiro do desastre no Rio Grande do Sul, que enfrentou fortes chuvas e enchentes no entre abril e maio deste ano.
FMI revê projeção do PIB do Brasil: para baixo em 2024 e para cima em 2025
Na ocasião, o governo disse que "a magnitude do impacto depende da ocorrência de novos eventos climáticos, de transbordamentos desses impactos para estados próximos e do efeito de programas de auxílio fiscal e de crédito nas cidades atingidas pelas chuvas".
O PIB do Rio Grande do Sul tem peso de aproximadamente 6,5% no PIB nacional. Em maio, a estimativa era que as chuvas levariam a perdas na economia principalmente no segundo trimestre, que seriam compensadas ao longo do ano.
Segundo a área econômica, atividades ligadas à agropecuária e à indústria de transformação deveriam ser as mais impactadas.
Por causa das fortes chuvas no estado, o governo federal abriu crédito extraordinário para o Rio Grande do Sul e lançou linhas de crédito para empreendedores, financiamento de casas pelo Minha Casa Minha Vida, e outros programas de assistência.