Pó de café não tem só… café; descubra o que são as impurezas permitidas por lei

Dólar inverte e passa a cair, após falas de Haddad e dados de inflação nos EUA; Ibovespa sobe
Regra brasileira permite que o produto tenha até 1% materiais naturais da própria lavoura, como galhos, folhas e cascas do fruto, e matérias 'estranhas', por exemplo, grãos ou sementes de outros vegetais. Pó de café
Foto de Diana
Você sabia que o pó de café no supermercado não tem apenas grãos do fruto? Isso porque a legislação brasileira permite que o produto possua até 1% de impurezas naturais do café (como galhos, folhas e cascas) e matérias estranhas (por exemplo, grãos ou sementes de outras espécies vegetais, pedras e areia).
Quando o alimento comercializado apresenta uma porcentagem maior desses elementos, ele é considerado fraudado.
Foi o que aconteceu na operação do Departamento de Inspeção do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em março. As marcas em cujos lotes foram identificadas fraudes foram divulgadas no dia 28 de junho.
Segundo o governo, os produtos foram desclassificados após o Ministério detectar a presença de matérias e elementos estranhos e impurezas acima dos limites permitidos pela legislação vigente, a Portaria nº 570. Confira abaixo as definições pela lei.
Além de café: veja o que pode estar no pacote do produto
Bruna Rocha / arte g1
Enquanto as impurezas podem estar no café de forma acidental, os elementos estranhos são adicionados intencionalmente para falsificação, afirma o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov) do Ministério da Agricultura, Hugo Caruso.
Como é a análise
Atualmente, a detecção de impurezas e matérias estranhas no café comercializado é feita por meio de análises com microscópio. Contudo, Caruso aponta que esse processo precisa de melhorias para ser mais assertivo. "Pode ter uma diferença grande quando a gente pega 1% de impureza, pode ser na realidade que tenha 2% ou até 3%", diz.
Ele afirma que, apesar de considerar a metodologia boa, ela depende de qual é a matéria adicionada ao café e quais foram os pontos de torra e da moagem, que podem mascarar as irregularidades se forem mais intensos.
Na regra, o café pode ter até 360 defeitos em 300g. Contudo, cada irregularidade tem um peso diferente. Confira na tabela abaixo.
Café pode ter até 360 defeitos em 300g
Wagner Magalhaes / Arte g1
Essa metodologia de medição foi desenvolvida há 100 anos, para a comercialização do fruto na bolsa de Nova York (EUA).
"O que a gente já percebeu em algumas torrefadoras que nós fomos é que as empresas estavam torrando café com 1.000 defeitos, 1.200 defeitos", diz o diretor do Dipov, Hugo Caruso.
Leia também: Como ler rótulos de cafés e o que levar em conta na hora de escolher o produto
Impurezas camufladas
Existem equipamentos no beneficiamento de café que já permitem a separação de impurezas do grão bom. É assim que o tipo especial consegue ser 100% sem defeitos.
Nesses filtros, são separados o café ardido (que está passado) e o preto (que já apodreceu).
Na legislação brasileira, não é permitido um número muito grande destes grãos. Em uma amostra de 300g, podem ser encontrados apenas 50 grãos desse tipo. Contudo, quando eles são bem torrados e moídos, são difíceis de serem identificados, uma vez que ainda se trata de café.
O que acontece é que existem torrefadoras que vendem o fruto bom para a indústria e resolvem aproveitar os impróprios para produzir o pó.
"O que [os fraudadores] fazem é acabar torrando, aí geralmente é bem forte, extraforte, para tentar mascarar esse gosto ruim. O ardido e o preto, eles podem ter uma contaminação de fungos que pode trazer alguns problemas de saúde", explica Caruso.
Por esta razão, a Portaria nº 570 estabelece que, a partir deste mês, a embalagem dos alimentos deve informar o grau da torra.
"Para que o consumidor comece a perceber que o café, quando é muito escuro, muitas vezes é utilizado como forma de esconder os defeitos", explica o diretor do Dipov.
"Quando você torra muito escuro, [o café] vira um carvão, então tanto faz se é uma casca ou se é um café ou se é um milho, fica tudo igual", completa.
Existem três tipos de torra:
clara, que entrega uma bebida com acidez, doçura e menos amargor;
média, se trata de um café com mais equilíbrio, com notas mais caramelizadas, mas sem tanto amargor ou acidez;
escura tem mais amargor, menos doçura e menos acidez.
"Geralmente, um torrefador que tem um café de alta qualidade, ele não vai torrar ele que nem um carvão, porque ele vai perder o sabor, vai perder a qualidade. Se ele pagou caro naquele grão, ele vai procurar uma torra mais clara ou média, para poder realçar o seu sabor", diz.
Pensando nisso, Caruso pensa que a próxima etapa de identificação de fraudes é acrescentar a análise sensorial ao café, que pelo sabor permite que a fiscalização perceba se há algo de errado no produto. Essa metodologia seria acompanhada de uma análise química, que permitiria identificar toda a composição do pó.
Este processo já é aplicado para identificar fraude em outros produtos, como o azeite.
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Dólar fecha em queda, após falas de Haddad e inflação nos EUA; Ibovespa enfileira 10ª alta seguida

Dólar inverte e passa a cair, após falas de Haddad e dados de inflação nos EUA; Ibovespa sobe
A moeda norte-americana caiu 0,20%, cotada em R$ 5,4310. O principal índice de ações da bolsa operava em alta nos últimos minutos do pregão. Dólar
Freepik
O dólar fechou em queda nesta sexta-feira (12). Investidores repercutiam falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad e os novos dados de inflação dos EUA.
Por aqui, o ministro da Fazenda defendeu que a expansão fiscal não é boa no momento para o Brasil e reiterou que o governo brasileiro cortará gastos se necessário. Na agenda, novos dados de serviços seguem no radar.
No exterior, o foco continua com os sinais sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na condução da política monetária dos Estados Unidos.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, fechou em alta, enfileirando uma sequência positiva de 10 pregões.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
ENTENDA: A cronologia da disparada do dólar motivada pelos juros nos EUA, o cenário fiscal brasileiro e as declarações de Lula
CONSEQUÊNCIAS: Alta do dólar deve pressionar inflação e impactar consumo das famílias no 2º semestre, dizem especialistas
Dólar
O dólar fechou em queda 0,20%, cotado em R$ 5,4310. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,56% na semana;
recuo de 2,82% no mês;
alta de 11,92% no ano.
Na véspera, a moeda subiu 0,55%, cotada em R$ 5,4420.

Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa operava em alta de 0,47%, aos 128.897 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 1,60% na semana;
ganhos de 3,54% no mês;
perdas de 4,39% no ano.
Na véspera, o índice fechou em alta de 0,85%, aos 128.294 pontos.

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O que está mexendo com os mercados?
As taxas de juros norte-americanas continuam no radar dos investidores nesta sexta-feira (12), principalmente em meio à divulgação de novos dados de inflação.
Segundo dados do Departamento de Trabalho, o índice de preços ao produtor norte-americano registrou uma alta de 0,2% em junho, após ter ficado inalterado em maio. O avanço veio acima do esperado pelos economistas consultados pela Reuters, de aumento de 0,1%.
A alta acima do esperado vem após os bons resultados da inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, divulgados na véspera. Segundo dados do Departamento de Trabalho, os preços caíram 0,1% em um mês, contrariando as previsões de analistas, que contavam com um ligeiro aumento de 0,1%, e de 3,1% em um ano.
Com isso, os mercados aumentaram as apostas de que o Fed deve começar a cortar os juros por lá em setembro. Segundo dados da ferramenta FedWatch do CME Group, as chances de corte na reunião de setembro subiram de 72,2% para 88,1% em uma semana, de acordo com as estimativas dos analistas.
"A inflação ao consumidor benigna de junho vem na sequência de outros dados menos pressionados de inflação e atividade, o que levou os mercados a acreditar que o Federal Reserve começará a cortar os juros em setembro, após sinalizá-lo na sua próxima reunião de política monetária em julho", afirmaram analistas da XP.
Nesta semana, o presidente da instituição, Jerome Powell, já havia afirmado que a inflação do país “permanece acima” da meta de 2% do Fed, mas tem melhorado nos últimos meses. Ele acrescentou que novos dados positivos fortaleceriam o argumento para cortes na taxa de juros.
"Mais dados bons fortaleceriam nossa confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável em direção a 2%", disse Powell.
Ter uma inflação em direção à meta é um dos requisitos para a flexibilização da política monetária. Powell também comparou a falta de progresso nos primeiros meses do ano com a melhora recente nos dados. Na prática, o cenário mais positivo ajudou a construir uma base de confiança de que as pressões sobre os preços continuarão a diminuir.
Além disso, ele observou que o Fed agora está preocupado com os riscos para o mercado de trabalho e para a economia caso as taxas permaneçam altas durante muito tempo. “Após a falta de progresso em direção ao nosso objetivo de inflação de 2% no início deste ano, as leituras mensais mais recentes mostraram progressos adicionais modestos”, disse Powell.
Agora, a expectativa fica pelo índice de preços ao produtor norte-americano, outro indicador relevante de inflação do país que deve ser divulgado hoje.
Já no cenário doméstico, investidores continuam atentos a eventuais sinais sobre o quadro fiscal brasileiro. Além de o Congresso ter adiado a votação da desoneração da folha para 17 setores, também há expectativa pela aprovação da reforma tributária, que agora está nas mãos do Senado.
Nesta sexta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que a expansão fiscal não seria boa para o país neste momento e reiterou que Lula cortará gastos se necessário. O ministro também fez comentários sobre a repactuação da dívida dos estados com o governo federal e sobre a reforma tributária. Veja na reportagem abaixo:
Haddad diz que mercado tende a dar 'nota menor' para governos progressistas: 'Tem viés'
Na agenda, o volume do setor de serviços do Brasil ficou estável em maio em relação a abril. Já em relação a igual mês do ano anterior, o indicador teve uma alta de 0,8%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Balanços corporativos do segundo trimestre e o noticiário corporativo também ficam sob os holofotes.
*Com informações da agência de notícias Reuters.

Analistas veem pico do dólar superado por enquanto, mas alertam para cuidado com contas públicas

Dólar inverte e passa a cair, após falas de Haddad e dados de inflação nos EUA; Ibovespa sobe
No início do mês, valor da moeda dos EUA chegou a R$ 5,70. Embora não deva impactar na indústria e no comércio, alta foi considerada no reajuste do preço da gasolina pela Petrobras. Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
Reuters/Arte g1
O pico do dólar, que atingiu R$ 5,70 no início deste mês, é uma questão, por enquanto, superada e a moeda americana tende a se aproximar das expectativas para o ano de 2024, avaliam analistas econômicos ouvidos pelo g1.
Os especialistas, contudo, alertam que a cotação do dólar depende da situação das contas públicas. Investidores estão atentos às ações do governo e aguardam medidas de contenção de gastos.
Embora não deva impactar na indústria e no comércio, a alta do início de julho da moeda dos Estados Unidos foi considerada no reajuste do preço da gasolina pela Petrobras (leia mais aqui).
Segundo Volnei Eyng, CEO da gestora MultiPlike, o patamar alto do dólar foi algo "momentâneo".
Eyng reforça que, por ter sido um período curto, os empreendedores estavam protegidos por seguros ou preferiram não adquirir produtos. Ou seja, a alta na moeda americana não deve se refletir no preço dos produtos.
“O dólar deve voltar para o voo de cruzeiro em torno de R$ 5,20, R$ 5,25, e esse momento aí não vai gerar impacto”, declarou.
O analista ressalta que a previsão do relatório “Focus” do Banco Central, que traz as expectativas do mercado financeiro para indicadores econômicos, aponta a cotação média do dólar para R$ 5,20 ao final de 2024.
“Não vejo grandes impactos. E foi um momento curto. Dentro do ano, é um impacto pequeno”, resumiu.
Falas de Lula
O economista da Rio Bravo Investimentos, José Alfaix, diz que o cenário de alta do dólar estava associado ao momento político, com incerteza sobre as contas do governo e falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
“Agora a gente já vê que muito da 'poluição' da moeda eram ruídos políticos e fiscais, que já foram revertidos até certo ponto. Podem ser ainda mais, caso o cenário externo continue a se mostrar favorável. Então, é algo que preocupa sim, mas tem impactos limitados”, declarou.
O dólar bateu R$ 5,70 no dia em que o presidente Lula fez ataques a Campos Neto e chegou a dizer que havia um "jogo de interesse especulativo" contra o real. Antes disso, o petista já tinha dito que não precisava prestar contas ao mercado financeiro e a "ricaços", mas, sim, aos mais pobres.
Posteriormente, Lula foi alertado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e por integrantes da equipe econômica do governo de que as falas poderiam gerar um aumento da inflação. Diante disso, o presidente recuou, mudou de tom, e passou a dizer que tem compromisso com o controle de gastos.
Apesar da retomada da tendência de estabilidade do dólar para o ano, outros fatores devem ser levados em consideração: a safra deve ser menor que a de 2023 e a tragédia no Rio de Grande do Sul também deve impactar a economia.
Alta da gasolina
Aumento do dólar impacta no nosso bolso: além de gasolina, produtos importados ficam caros; entenda
Com o pico do dólar no início do mês, a Petrobras anunciou um reajuste de 7% no preço da gasolina a partir da última terça-feira (9).
“Ele [o aumento] tem dois impactos. Não é muito popular, tem impacto inflacionário, porém o mercado gostou muito”, declarou Eyng.
O executivo destaca que o momento de reajuste foi importante por se tratar de uma nova gestão na Petrobras, comandada por Magda Chambriard, o que aumentou a confiança dos investidores na companhia.
O especialista em combustíveis da consultoria Argus, Amance Boutin, explica que o pico do dólar acentuou uma defasagem já existente no preço da gasolina.
“No auge do pico de preços, estávamos com uma diferença no exterior de R$ 0,78 por litro, então começou a ficar mais urgente ali para fazer esse reajuste”, declarou.
Ele ressalta que o reajuste da Petrobras não chegou a igualar o valor da gasolina no Brasil com o preço no exterior, “mas deu um sinal para o mercado de que [a Petrobras] iria continuar acompanhando”.
O reajuste na gasolina é um dos fatores considerados no cálculo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – indicador da inflação.
Outro combustível que tem impacto inflacionário é o diesel. Isso porque a maior parte dos produtos e alimentos são transportados no Brasil por caminhões, que usam o óleo diesel. O combustível é, portanto, um dos componentes de preço dos produtos.
Embora haja defasagem no diesel, a Petrobras não reajustou o preço do combustível. “A questão do diesel tem essa particularidade de estar mais atrelado à inflação. A gasolina também, mas um pouco menos, até porque no Brasil você tem a alternativa do etanol”, declarou Boutin.

Inflação argentina fica em 4,6% em junho e chega a 271,5% em 12 meses

Dólar inverte e passa a cair, após falas de Haddad e dados de inflação nos EUA; Ibovespa sobe
Índice de preços do país voltou a acelerar após 5 meses seguidos de desaceleração. Em maio, taxa havia sido de 4,2%. Bandeira da Argentina
Unplash
A inflação da Argentina ficou em 4,6% em junho, apontou o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) divulgado nesta sexta-feira (12) pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) do país. Com isso, o aumento dos preços chegou a 271,5% em 12 meses.
O resultado rompeu um ciclo de 5 meses consecutivos de desaceleração. Em relação a maio, quando a inflação ficou em 4,2%, os preços subiram 0,4 ponto percentual (p.p.). Quando considerado o primeiro semestre de 2024, a taxa acumulada é de 79,8%.
O setor de maior alta no mês foi o de Habitação, Água, Eletricidade, Gás e outros combustíveis (14,3%). Na sequência, ficaram Restaurantes e Hotéis (6,3%), Educação (5,7%), Recreação e Cultura (5,6%) e Comunicação (5,3%).
A Argentina, sob o comando do presidente ultraliberal Javier Milei, passa por uma forte desregulação da economia, com cortes de gastos e fim de subsídios.
Após tomar posse, em dezembro de 2023, Milei decidiu paralisar obras federais e interromper o repasse de dinheiro para os estados, visando reduzir os gastos públicos.
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Além disso, deixou de subsidiar tarifas de água, gás, luz, transporte público e serviços essenciais — o que, inicialmente, resultou em um aumento expressivo nos preços ao consumidor.
O país já vinha enfrentando uma forte recessão econômica, e o ajuste fiscal permitiu, no primeiro trimestre deste ano, o primeiro superávit desde 2008. O objetivo do governo é alcançar o "déficit zero" para o fim de 2024.
No mês passado, o Senado da Argentina também aprovou um amplo projeto de lei que é chave para os planos de reforma econômica de Milei.
Em termos gerais, a "Lei de Bases" dá poderes especiais ao governo por meio de um decreto de estado de emergência pública, além de propor a privatização de algumas estatais. Veja mais detalhes no vídeo abaixo.
Senado da Argentina aprova pacote de reformas de Javier Milei
Desde que Milei assumiu a Presidência da Argentina, a inflação do país desacelerou dos 25,5% registrados em dezembro aos 4,6% calculados em junho.
Entre outros pontos, a queda no índice tem sido atribuída ao corte de custos e à consequente diminuição na procura pelos consumidores, além de medidas para redução de impressão de dinheiro.
Na prática, entretanto, argentinos ouvidos pela agência de notícias Reuters destacaram que a redução nas taxas não se refletiu na queda dos preços de serviços públicos, transporte e de alimentos.
Os dados atuais mostram que o salário mínimo de 234,3 mil pesos (US$ 260) não conseguiu acompanhar a inflação anual próxima dos 300%.
Projeções do Banco Mundial, apoio do FMI e pobreza
Em relatório publicado no mês passado, o Banco Mundial mudou suas perspectivas para a economia argentina neste ano.
A instituição passou a prever uma queda de 3,5% para a atividade econômica do país vizinho, uma piora de 0,8 ponto percentual (p.p.) em comparação às estimativas de janeiro, de recuo de 2,7%.
Para 2025, no entanto, as projeções são mais otimistas. A expectativa é que o país volte a se recuperar, "com um crescimento de 5%, à medida que os desequilíbrios econômicos forem resolvidos e a inflação diminuir" no país.
Também no cenário internacional, as medidas de austeridade adotadas por Milei têm rendido elogios do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em maio, a organização internacional anunciou um acordo que permite o desembolso de quase US$ 800 milhões (R$ 4,1 bilhão).
O FMI destacou o "primeiro superávit fiscal trimestral" em mais de 10 anos anos, a "rápida queda da inflação, a mudança de tendência das reservas internacionais e uma forte redução do risco soberano".
Especialista destacam, porém, que o superávit é uma consequência direta da redução dos gastos, e não da elevação das receitas obtidas pelo governo — o que pode não ser sustentável no longo prazo.
Para isso, milhares de demissões ocorreram, assim como os salários e aposentadorias tiveram uma queda importante.
A consequência é uma intensificação da crise econômica que já vinha assolando o país e que colocou, no segundo semestre de 2023, 41,7% dos 46,7 milhões dos argentinos abaixo da linha da pobreza, segundo o Indec.
Essas condições econômicas têm impactado os níveis de consumo da população e até as carnes — que representam uma das maiores tradições argentinas, o churrasco — estão perdendo espaço: até março, o consumo de carnes no país estava no menor nível em 30 anos, segundo a Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados da Argentina.

Dólar inverte e passa a cair, após falas de Haddad e dados de inflação nos EUA; Ibovespa sobe

Dólar inverte e passa a cair, após falas de Haddad e dados de inflação nos EUA; Ibovespa sobe
Na véspera, a moeda norte-americana avançou 0,55%, cotada a R$ 5,4420. Já o principal índice de ações da bolsa subiu 0,85%, aos 128.294 pontos. Dólar
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O dólar passou a operar em queda nesta sexta-feira (12). Investidores repercutiam falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad e os novos dados de inflação dos EUA.
Por aqui, o ministro da Fazenda defendeu que a expansão fiscal não é boa no momento para o Brasil e reiterou que o governo brasileiro cortará gastos se necessário. Na agenda, novos dados de serviços seguem no radar.
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Dólar
Às 15h, o dólar caía 0,28%, cotado em R$ 5,4267. Veja mais cotações.
Na véspera, a moeda subiu 0,55%, cotada em R$ 5,4420.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,36% na semana;
recuo de 2,62% no mês;
alta de 12,15% no ano.

Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa operava em alta de 0,53%, aos 128.977 pontos.
Na véspera, o índice fechou em alta de 0,85%, aos 128.294 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 1,60% na semana;
ganhos de 3,54% no mês;
perdas de 4,39% no ano.

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Segundo dados do Departamento de Trabalho, o índice de preços ao produtor norte-americano registrou uma alta de 0,2% em junho, após ter ficado inalterado em maio. O avanço veio acima do esperado pelos economistas consultados pela Reuters, de aumento de 0,1%.
A alta acima do esperado vem após os bons resultados da inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, divulgados na véspera. Segundo dados do Departamento de Trabalho, os preços caíram 0,1% em um mês, contrariando as previsões de analistas, que contavam com um ligeiro aumento de 0,1%, e de 3,1% em um ano.
Com isso, os mercados aumentaram as apostas de que o Fed deve começar a cortar os juros por lá em setembro. Segundo dados da ferramenta FedWatch do CME Group, as chances de corte na reunião de setembro subiram de 72,2% para 88,1% em uma semana, de acordo com as estimativas dos analistas.
"A inflação ao consumidor benigna de junho vem na sequência de outros dados menos pressionados de inflação e atividade, o que levou os mercados a acreditar que o Federal Reserve começará a cortar os juros em setembro, após sinalizá-lo na sua próxima reunião de política monetária em julho", afirmaram analistas da XP.
Nesta semana, o presidente da instituição, Jerome Powell, já havia afirmado que a inflação do país “permanece acima” da meta de 2% do Fed, mas tem melhorado nos últimos meses. Ele acrescentou que novos dados positivos fortaleceriam o argumento para cortes na taxa de juros.
"Mais dados bons fortaleceriam nossa confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável em direção a 2%", disse Powell.
Ter uma inflação em direção à meta é um dos requisitos para a flexibilização da política monetária. Powell também comparou a falta de progresso nos primeiros meses do ano com a melhora recente nos dados. Na prática, o cenário mais positivo ajudou a construir uma base de confiança de que as pressões sobre os preços continuarão a diminuir.
Além disso, ele observou que o Fed agora está preocupado com os riscos para o mercado de trabalho e para a economia caso as taxas permaneçam altas durante muito tempo. “Após a falta de progresso em direção ao nosso objetivo de inflação de 2% no início deste ano, as leituras mensais mais recentes mostraram progressos adicionais modestos”, disse Powell.
Agora, a expectativa fica pelo índice de preços ao produtor norte-americano, outro indicador relevante de inflação do país que deve ser divulgado hoje.
Já no cenário doméstico, investidores continuam atentos a eventuais sinais sobre o quadro fiscal brasileiro. Além de o Congresso ter adiado a votação da desoneração da folha para 17 setores, também há expectativa pela aprovação da reforma tributária, que agora está nas mãos do Senado.
Nesta sexta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que a expansão fiscal não seria boa para o país neste momento e reiterou que Lula cortará gastos se necessário. O ministro também fez comentários sobre a repactuação da dívida dos estados com o governo federal e sobre a reforma tributária. Veja na reportagem abaixo:
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Na agenda, o volume do setor de serviços do Brasil ficou estável em maio em relação a abril. Já em relação a igual mês do ano anterior, o indicador teve uma alta de 0,8%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Balanços corporativos do segundo trimestre e o noticiário corporativo também ficam sob os holofotes.
*Com informações da agência de notícias Reuters.