Quaest: 66% concordam com críticas de Lula à política de juros do Banco Central, e 23% discordam

53% dos entrevistados acham que o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, tende a usar critérios técnicos e 28%, que não.
Pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (10) indica que 66% dos entrevistados concordam com as críticas de Lula (PT) à política de juros do Banco Central.
Já 23% dos entrevistados não concorda com as falas do petista nesse sentido e outros 11% não sabem ou não responderam. A margem de erro do levantamento é de 2 pontos para mais ou para menos.
A pesquisa, encomendada pela Genial Investimentos, ouviu 2 mil pessoas com 16 anos ou mais em 120 municípios entre os dias 5 e 8 de julho. O intervalo de confiança é de 95%. A margem de erro para o conjunto da população é 2 pontos para mais ou para menos.
Entre os eleitores que votaram no petista no 2º turno da eleição presidencial em 2022, 77% concordam com as críticas. Entre os que votaram em Jair Bolsonaro (PL) – responsável por indicar o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto -, o percentual é de 51% (a margem de erro nesses dois grupos é de 4 pontos percentuais.)
Lula tem criticado o atual patamar da Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, que é definida pelo BC, e atacado Campos Neto, a quem acusa de ter "lado político" e trabalhar "para prejudicar o país".
"O presidente do Banco Central é um adversário político, ideológico e adversário do modelo de governança que nós fazemos. Ele foi indicado pelo governo anterior e faz questão de dar demonstração de que não está preocupado com a nossa governança, ele está preocupado é com o que ele se comprometeu", disse o petista em 21 de junho.
Para 53% dos eleitores entrevistados pela Quaest, Campos Neto tende a usar critérios técnicos para conduzir a autoridade monetária. Outros 28% consideram que não, e 19% não souberam ou não responderam.

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Para alguns analistas, falas de Lula – inclusive as contra o presidente do Banco Central – têm contribuído para a alta do dólar. Desde o final de maio, moeda americana acumula subiu mais de 6%.
Para 53% dos eleitores, as afirmações do presidente não são a principal razão para o aumento do dólar. Outros 34% acham que, sim, são o principal fator. E 13% não sabem ou não ersponderam.

Para 70% dos eleitores a recente alta do dólar vai afetar o preço dos alimentos e dos combustíveis no Brasil (18% acreditam que não e 7% não sabem ou não responderam).

Percepção da economia melhora entre os mais pobres, indica Quaest

Entre os que ganham até 2 salários mínimos, fatia dos que veem situação melhor foi de 33% para 37% e a dos que veem piora, de 28% para 24%. Diferença entre as percepções positiva e negativa é a maior desde outubro. No conjunto da população, avaliação permanece estável.
Pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (9) indica uma melhora na percepção sobre a economia entre os que ganham até 2 salários mínimos.
Nesse grupo, a parcela dos eleitores que avaliam que a economia melhorou nos últimos 12 meses foi de 33%, em maio, para 37% em julho. A que vê uma piora nesse período foi de 28% para 24%. A margem de erro é de 4 pontos percentuais, para mais ou para menos.
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Essas variações fazem com que a percepção de melhora na economia tenha ficado 13 pontos acima da de piora, uma diferença que não era alcançada desde outubro de 2023, primeiro ano do atual governo. Em fevereiro de 2024, os dois grupos (os que veem melhora e os que veem piora) chegaram a ficar empatados tecnicamente nessa faixa de renda.
Nas outras duas faixas de renda pesquisadas (de 2 a 5 salários mínimos e mais de 5 salários mínimos), a percepção de que a economia piorou nos últimos 12 meses segue maior.
O mesmo acontece no conjunto da população:
Para 36%, a economia piorou nos últimos 12 meses (era 38% em maio);
Para 28%, a economia melhorou (era 27%);
Para 32%, ficou do mesmo jeito (era 32%);
4% não sabem ou não responderam (era 3%).
O levantamento mostra ainda que:
63% dos eleitores avaliam que o poder de compra dos brasileiros é menor do que comparado um ano atrás (era 67% em maio);
61% que o valor das contas de água e luz subiu no último mês (era 62%)
44% considera que o preço dos combustíveis nos postos de gasolina subiu no último mês (era 48%);
70% têm a sensação de que o preço dos alimentos nos mercados subiu no último mês (era 73%).
A pesquisa, encomendada pela Genial Investimentos, ouviu 2 mil pessoas com 16 anos ou mais em 120 municípios entre os dias 5 e 8 de julho. O intervalo de confiança é de 95%. A margem de erro para o conjunto da população é 2 pontos para mais ou para menos.

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Expectativa futura para economia
A pesquisa também pergunto qual a expectativa dos eleitores em relação à economia brasileira para os próxims 12 meses
52% acham que vai melhorar (eram 48% em maio);
27%, que vai piorar (eram 30%);
18%, que vai ficar do mesmo jeito (era 19%);
4% não sabem ou não responderam (eram 3%).

Lula x Campos Neto e dólar
A pesquisa também perguntou se os eleitores concordam ou não com as críticas de Lula à política de juros do Banco Central – o presidente da República vem há semanas fazendo ataques ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto, e ao nível da Selic, a taxa básica de juros da economia, que é definida por ela.
Segundo o levantamento, 2/3 dos eleitores dizem concordar com Lula e pouco menos de 1/4, discordam.

O levantamento também perguntou se Campos Neto tende a usar critérios técnicos na condução do Banco Central. Para 53% dos eleitores, sim. Para 28%, não. 19% disseram não saber ou não responderam.

A pesquisa também perguntou aos eleitores se declarações de Lula são o principal motivo para a alta recente do dólar – alguns analistas atribuem às críticas do presidente ao Banco Central a disparada da cotação da moeda americana, que acumula alta de 6% desde maio e 14,75% desde o início do ano.
Uma parcela maior dos eleitores (53%) avalia que as declarações de Lula não são a principal causa. Cerca de 1/3 (34%), entretanto, dizem que sim. E 13% não sabem ou não responderam.
Para 70% dos eleitores a recente alta do dólar vai afetar o preço dos alimentos e dos combustíveis no Brasil (18% acreditam que não e 7% não sabem ou não responderam).

Para 70% dos eleitores a recente alta do dólar vai afetar o preço dos alimentos e dos combustíveis no Brasil (18% acreditam que não e 7% não sabem ou não responderam).

Quaest: Para 53%, falas de Lula não são principal razão para o aumento do dólar; 34% acham que sim

Desde o final de maio, a moeda americana acumula alta de mais de 6% em relação ao real. Aumento ocorre em meio a críticas do presidente Lula (PT) à taxa Selic e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Falas do presidente Lula (PT) não são a principal razão para o aumento do dólar para 53% dos entrevistados por uma pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (10).
Outros 34% atribuem a falas do presidente a principal causa da valorização da moeda americana. 13% não sabem ou não responderam.
A pesquisa ouviu 2 mil pessoas com 16 anos ou mais em 120 municípios entre os dias 5 e 8 de julho. A margem de erro do levantamento é de 2 pontos para mais ou para menos e o intervalo de confiança é de 95%. O levantamento foi encomendado pela Genial Investimentos.
O dólar subiu 14,75% em 2024 e, desde maio, a alta é de 6%. Alguns analistas têm atribuído parte dessa valorização a críticas de Lula ao Banco Central e ao presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto.
A pesquisa também questionou os eleitores se concordam ou discordam com as críticas de Lula à política de juros do BC – a autoridade monetária é a responsável por definir a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. Veja os números:

Além disso, os entrevistados foram perguntados se avaliam que o presidente do BC tende a usar critérios técnicos para conduzir a autoridade monetária.

Por que Brasil é central no plano bilionário da Arábia Saudita de investimentos na América Latina

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A monarquia árabe tem aumentado sua presença em países na América Latina e no Caribe para diversificar a sua economia e se afastar do petróleo. Lula viajou em novembro a Riad, capital da Arábia Saudita, única nação do Oriente Médio a participar do G20 e forte aliada dos Estados Unidos na região.
Ricardo Stuckert/PR
Uma nova potência chegou à América Latina e ao Caribe: a Arábia Saudita.
Seguindo as linhas definidas pelo príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman no plano econômico que intitulou de Visão 2030, a monarquia árabe demonstra um interesse crescente na região e aumentou recentemente a sua presença econômica e diplomática.
As exportações sauditas para a América Latina, que, em 2019, atingiram o valor de US$ 2,8 bilhões, atingiram pouco mais de US$ 4,5 bilhões em 2023, uma alta de 38,8%.
As importações passaram de US$ 3,8 bilhões em 2019 para quase US$ 5 bilhões em 2023, um aumento de 23,6%.
O aquecimento do comércio tem sido acompanhado por crescentes investimentos sauditas, possibilitados pelo grande capital que o país árabe possui graças à sua vasta riqueza petrolífera, o que lhe permite ser um dos maiores exportadores do mundo.
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Parte desse dinheiro começou a fluir para a América Latina e o Caribe. E a crescente relação entre a Arábia Saudita e a região passa, em grande parte, pelo Brasil.
Os dois países têm reforçado seus laços econômicos e políticos.
As exportações do Brasil, maior parceiro comercial da Arábia Saudita na região, atingiram o nível mais alto dos últimos dez anos em 2023.
O ministro de Investimentos, Khalid Al-Falih, comunicou, em visita ao Brasil, o desejo de que ambos os países se tornem um dos cinco maiores investidores um do outro, numa cooperação impulsionada “pela evolução do Sul Global e pelos valores partilhados” entre os dois países.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que viajou a Riad, capital da Arábia Saudita, em novembro de 2023, acha que é uma boa ideia.
“Não estamos interessados ​​apenas em saber quanto os fundos sauditas podem investir no Brasil, mas em quanto os empresários brasileiros podem investir na Arábia Saudita”, disse Lula.
Mas não é só o Brasil.
A Guiana anunciou em novembro que Riad se comprometeu a investir US$ 2,5 bilhões para o desenvolvimento dos países caribenhos nos próximos anos.
A Aramco, grupo petrolífero do Estado saudita, adquiriu uma das principais distribuidoras de combustíveis do Chile, onde pretende expandir a sua atividade comercial.
Segundo o pesquisador Najad Khouri, do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre o Oriente Médio, um centro de pesquisas no Brasil, “esses são os primeiros passos de um relacionamento natural”.
Parece que o relacionamento está avançando.
O ministro Khalid Al-Falih fez uma viagem a sete países da região em agosto de 2023 para, disse ele, “explorar oportunidades para fortalecer e aprofundar parcerias de investimento”.
A Visão 2030 da Arábia Saudita
O príncipe Bin Salman é o responsável pela iniciativa conhecida como Visão 2030.
Getty Images via BBC
Ao assumir o trono saudita em 2015, o rei Salman surpreendeu ao fazer do seu sétimo filho, Mohammed bin Salman, que tinha apenas 32 anos na época, o homem forte do governo e passou à frente de todos os seus irmãos nas preferências do pai.
Tim Callen, especialista do Instituto de Estudos Árabes do Golfo em Washington (EUA), disse à BBC que Bin Salman “chegou com um plano muito ambicioso para diversificar a economia e reduzir a sua dependência do petróleo, além de transformar a muito conservadora sociedade saudita”.
Economicamente, o principal objetivo era orientar para um mundo visto como descarbonizado no futuro e gerar empregos para os jovens, uma parte muito importante da sociedade saudita.
Segundo Callen, “ainda que a Arábia Saudita demore décadas a se desligar do petróleo — porque tem tanto [petróleo] que pode produzir muito e a custos muito baixos —, tem importantes necessidades energéticas internas e procura desenvolver formas alternativas e mais limpas de energia”.
Um dos meios para concretizar a estratégia batizada de Visão 2030 tem sido um poderoso fundo soberano saudita, cujos recursos são estimados em cerca de US$ 1 bilhão.
O príncipe e o ministro Al-Falih, encarregado de tornar realidade as diretrizes do palácio, traçaram uma nova estratégia para alocar parte dos enormes investimentos do fundo soberano saudita para outros destinos que não os Estados Unidos, Ásia e Europa, locais onde Riad investe há anos.
Por meio de sua Iniciativa de Investimentos Futuros, o fundo começou a organizar o que chama de Cúpulas Prioritárias, reuniões para promover negócios e investimentos na América Latina e no Caribe, cujas primeiras edições foram realizadas no Rio de Janeiro e em Miami (EUA).
A iniciativa Visão 2030 também prevê uma transformação social e uma abertura ao mundo exterior.
Nesse âmbito, Riad começou a permitir a entrada de turistas no país em 2019, quando antes só permitia visitas por motivos religiosos.
Um ano antes, havia sido tomada uma das medidas de abertura mais simbólicas num país onde prevalece uma interpretação estrita do Islã: permitir que as mulheres dirijam, algo que até então era proibido.
Por que a Arábia Saudita está interessada na América Latina e no Caribe?
Brasil é o principal parceiro comercial da Arábia Saudita na região.
Getty Images via BBC
Najad Khouri, do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre o Oriente Médio, diz que “a América Latina e o Caribe são destinos interessantes para os investimentos sauditas porque geralmente possuem países estáveis, nos quais não há guerras ou revoluções”.
“A América Latina e o Caribe precisam de investimentos e a Arábia Saudita tem muito dinheiro para investir”, afirma.
A região também possui alguns dos elementos mais difíceis de encontrar no país árabe desértico, como alguns dos metais que emergem como estratégicos no futuro — por exemplo, lítio, níquel ou cobre.
A expectativa é de que eles devem impulsionar a economia mundial quando o petróleo já não fizer isso — e a América do Sul tem depósitos importantes.
Embora a riqueza em petróleo torne difícil que este combustível fóssil deixe de ser o principal negócio dos sauditas no curto prazo, eles já começaram a se posicionar para um futuro que parece baseado na eletricidade.
Uma das apostas recentes do reino é a Ceer, primeira fabricante de automóveis elétricos saudita, que deve demandar alguns dos minerais sul-americanos.
E já hoje, a fértil região da América Latina exporta uma grande quantidade de alimentos e produtos agrícolas para a Arábia Saudita, onde a árida geografia da Península Arábica torna a agricultura muito difícil e cara.
A América Latina também é uma das regiões por onde flui mais água doce do planeta.
A atenção à América Latina e ao Caribe não responde apenas a razões econômicas.
A maioria dos governos da América Latina e do Caribe também pertence a países não alinhados com o chamado bloco ocidental. Riad pode contar com o fato de não receber críticas pela forma como lida com os direitos humanos — e isso não será um obstáculo aos seus negócios.
O reino tem sido alvo de críticas há anos por organizações ocidentais de direitos humanos e de grupos de mulheres que denunciaram a discriminação a que são submetidas no país.
O assassinato no consulado saudita em Istambul do jornalista crítico Jamal Kashoggi em 2018, pelo qual o príncipe Bin Salman foi diretamente acusado, prejudicou gravemente a imagem internacional da monarquia árabe e desde então o seu governo tem se dedicado a um esforço para limpá-la por meio de intensas atividades comerciais e diplomáticas.
Os países da região representam um bom número de votos nas Nações Unidas e nos diferentes fóruns multilaterais, o que indica que esse apoio pode ser uma ferramenta valiosa na tentativa de reabilitação internacional buscada pelo príncipe bin Salman.
Há exemplos. Os Estados do bloco caribenho Caricom, que se beneficiaram dos fundos de desenvolvimento da Arábia Saudita, apoiaram a sua candidatura para sediar a feira mundial Expo 2030, disputa que acabou vencida pela Coreia do Sul e pela Itália.
“Um dos objetivos do príncipe é alcançar uma posição mais central e de liderança no que tem sido chamado de Sul Global”, diz Callen.
E uma atividade que desperta paixões em milhões de latino-americanos também desempenha um papel nisso: o futebol.
O país árabe tem injetado enormes quantias em seu campeonato nacional, o que atraiu grandes estrelas do futebol internacional, como o português Cristiano Ronaldo, e também sul-americanos, como Neymar, para clubes sauditas.
Neymar é uma das estrelas do futebol que foi para a Arábia Saudita.
Getty Images via BBC
O papel do Brasil
A aproximação entre Riad e Brasília se intensificou nos últimos tempos.
Ambos os países já realizaram diversas reuniões bilaterais e o Brasil aceitou o convite da Arábia Saudita para ingressar na Opep+ (grupo de produtores e exportadores de petróleo que se reúne regularmente para decidir quanto petróleo bruto vender no mercado mundial), embora apenas tenha feito isso como observador.
O Brasil, por sua vez, conseguiu que Riad se juntasse ao grupo Brics — antes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e que em 2023 anunciou uma expansão.
No entanto, segundo Mohamad Nourad, vice-presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, trata-se mais de “uma relação comercial do que política e isso ocorre porque agora existem boas oportunidades para ambas as partes”.
Na esfera comercial, o Brasil é o maior exportador para a Arábia Saudita de alimentos halal, aqueles produzidos de acordo com os preceitos do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos.
As outras exportações notáveis ​​são açúcar, milho e alimentos de origem animal.
Nourad diz que há “um crescente interesse saudita na capacidade brasileira de produzir energia renovável” e espaço para aumentar a cooperação em setores mais tecnológicos, como a fabricação de turbinas eólicas ou a indústria de defesa em geral.
A gigante mineira brasileira Vale vendeu recentemente uma das suas unidades de negócio ao capital saudita por US$ 2,5 bilhões e a Embraer assinou um acordo com o Centro Nacional de Desenvolvimento Industrial da Arábia Saudita, o que pode levar à montagem dos seus aviões no país árabe.
Para Najad Khouri, “a relação entre a Arábia Saudita e a América Latina e o Caribe está apenas começando e representa uma boa oportunidade para ambos”.
Ainda que, para isso, tenha de superar “obstáculos e limites”, como a distância geográfica e cultural que separa duas áreas muito distantes.
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Como saber se um carro passou por enchente? Confira a lista de indícios

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O g1 ouviu especialistas que indicam como identificar se um usado passou por alagamentos. Tapetes, bancos, motor e óleo são alguns dos itens a verificar, e você pode fazer a vistoria em poucos minutos. Honda Civic inundado RS
Alexandre Dias/ Arquivo pessoal
O mês de junho registrou um aumento de 206% na venda de carros no Rio Grande do Sul em comparação com o mês anterior. Os dados foram divulgados pelo Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos (Sincodiv/Fenabrave-RS), que atribui o arranque às vendas feitas para quem perdeu seu carro em razão do desastre ambiental no estado.
Além dos novos emplacamentos, contudo, há oficinas fazendo um árduo trabalho de recuperar os carros que passaram pelas enchentes, mas que não foram dados como “perda total”. Após essa recuperação, muitos carros podem voltar para o mercado e ser revendidos.
Contudo, especialistas ouvidos pelo g1 afirmam que carros que passam por enchentes dificilmente voltam a ser como eram. E o comprador deve avaliar bem o custo-benefício se ainda assim quiser colocar um carro que passou por alagamento na garagem.
“A espuma dos bancos é grossa e cheia de camadas, uma hora ou outra o cheiro de lama vai voltar”, afirmou Alexandre Dias, proprietário do grupo de oficinas Guia Norte Auto Center em São Paulo, que já recebeu diversos carros dos alagamentos recentes.
“Soma-se a isso o fato de que existem locais que não tem como limpar por completo, como nos dutos de ar-condicionado ou nas dobradiças das portas.”
Independentemente de onde foi a enchente, o ideal é ter o poder de identificar se um carro foi afetado pela água. Lojas de usados dificilmente vão sinalizar se o veículo à venda foi afetado por algo tão sério. De acordo com Dias, “alguns lojistas querem maquiar o carro antes de vender”.
O especialista em veículos usados Rogério Galvão, do site Único Dono, concorda. “É importante fazer uma vistoria cautelar no carro para verificar se há algum sinistro de enchente.”
“Hoje, é praxe do mercado que as lojas apresentem um laudo, mas o segredo é que o interessado em comprar um usado faça uma vistoria independente da apresentada pela revendedora. É melhor gastar um dinheiro extra para garantir a idoneidade daquele automóvel do que confiar 100% na loja”, diz Galvão.
Nesta reportagem, listamos todos os itens que você deve verificar, em especial para escapar das unidades que passaram por enchentes e não há notificação. E, se mesmo assim decidir assumir o risco e comprá-lo, o g1 mostrou que os preços deveriam ser de 45% a 60% do preço mostrado pela Tabela Fipe.
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Faltam mecânicos para consertar carros atingidos pela enchente no RS
Identificando um carro que foi alagado
▶️ ESTOFADO
O estado do estofamento pode facilmente denunciar se um carro passou por enchente. O material de portas e carpete, mas sobretudo os bancos, por conta da densidade da espuma, são responsáveis por liberar um odor característico de terra ou umidade. Por isso, a primeira coisa a fazer é entrar no carro e sentir se ele tem algum cheiro desse tipo.
“Aquele cheiro de tapete, banco ou assoalho molhado pode ser um indicativo que algo não está certo”, afirma Dias, do Guia Norte Auto Center.
Mesmo que sejam revestidos de couro, os bancos possuem muita espuma. E são essas camadas que retém o odor. O carpete também faz parte do estofamento e, por isso, deve ser verificado com cuidado. Manchas de barro ou cheiro forte de terra também são evidências de alagamento.
“É muito difícil não deixar vestígios em um carpete. A pessoa pode até lavar, mas o cheiro vai ficar. O carpete é feito sob medida para aquele modelo e não é facilmente encontrado”, afirma Dias.
“Desta forma, existem lojas que tiram o carpete de dentro do carro e cortam a parte danificada, mas esquecem que a do porta-malas é uma continuação dessa peça de dentro. Portanto, verifique se há emenda no carpete — muitas vezes localizada embaixo do banco traseiro. Peça para tirarem o banco e cheque se o carpete está inteiro”, orienta Dias.
Galvão, do site Único Dono, alerta: “é preciso ficar atento ao truque que os lojistas podem usar para disfarçar odores. Se o carro estiver muito perfumado, desconfie e procure outros indícios. Certamente haverá mais provas de que aquele carro foi inundado”.
▶️ TAPETES, TRILHOS E PARAFUSOS DOS BANCOS
Checar embaixo dos bancos dianteiros pode trazer pistas mais conclusivas sobre a situação do automóvel antes da compra. Trilhos onde o banco corre, parafusos e porcas que fixam o assento denunciam se ele foi alagado, principalmente se estiverem enferrujados.
“Se tiver sujeira ou terra nesses locais, é enchente na certa”, afirma Dias.
“Outro teste interessante é correr o banco no trilho. Se estiver emperrado ou com alguma dificuldade para movimentá-lo, pode ser que tenha sujeira, terra ou areia. Nesse caso, escolha outro carro”, completa Galvão.
▶️ DOBRADIÇAS, MOLDUTRAS, FECHADURAS E MAÇANETAS
De acordo com Alexandre Dias, que também é representante do Comitê Nacional da Bosch Car Service, locais inacessíveis são mais difíceis de mascarar, como dobradiças, molduras de portas e fechaduras.
“Nas dobradiças e molduras de portas dá para ver o barro acumulado porque esses lugares são difíceis de limpar”, explica Dias.
▶️ AR-CONDICIONADO
O sistema de circulação do ar é mais um indicativo de problemas que o carro possa ter. De acordo com Dias, até mesmo empresas especializadas em higienização não conseguem limpar todos os dutos de ventilação.
Por isso, ligar o ventilador e checar se existe cheiro forte é fundamental para determinar o passado do veículo.
▶️ ELÉTRICA
Conforme os carros ganham tecnologia, mais módulos de gerenciamento são adicionados. Assim, se luzes de advertências estiverem acesas no painel e não apagarem mesmo após a partida, desconfie.
“Ao ligar o carro, também é necessário verificar se ele está dando a partida com dificuldade. O módulo de injeção eletrônica pode ter sido comprometido com a água. Se estiver danificado por conta da enchente, a partida dificultada é mais um sinal.”
▶️ FARÓIS E LANTERNAS
O especialista em recuperação de veículos, Alexandre Dias, afirma que todos os detalhes fazem diferença. Um deles é a umidade que pode surgir em faróis e lanternas.
“Aquelas gotinhas de água que surgem nas peças de iluminação — semelhante àquela água que aparece na tampa da panela quando está cozinhando alimentos — é indicativo de infiltração. Os vendedores podem até maquiar uma ou outra peça, mas não existe 'crime' perfeito”, explica.
▶️ ESTEPE E FERRAMENTAS
Não é normal uma chave de roda enferrujada, ou um macaco enferrujado. Segundo Galvão, o ideal é vistoriar o carro por completo, inclusive o local reservado para a estepe.
“Tire o pneu extra, puxe as ferramentas e veja se tem umidade onde o estepe fica armazenado. Outro sinal de que o carro foi alagado é a ferrugem que aparece nas ferramentas usadas para a troca do pneu sobressalente”.
Macaco que ficou guardado com umidade e enferrujou
Alexandre Dias | Arquivo pessoal
▶️ RADIADOR
“Sujeira no radiador é fácil de detectar (barro e cor de ferrugem). Ao ver um radiador enferrujado, ligue o sinal de alerta porque não é normal. Se você trabalhar com os produtos adequados para o sistema de arrefecimento, o radiador nunca vai enferrujar”, alega Dias.
Radiador enferrujado
Alexandre Dias | Arquivo pessoal
▶️ ÓLEO
Na parte mecânica, é importante checar se o óleo está em boas condições de uso. Caso o óleo tenha aparência de café com leite, é indício de água no sistema de lubrificação. Tire a vareta, passe-a em um pano e cheque a cor do fluido. Se estiver marrom, evite esse carro.
“Os detalhes vão fazer a diferença, mas é uma junção de provas que vão determinar se o carro foi inundado: odor, sujeira, umidade. Tudo isso vai evidenciar o verdadeiro estado do carro”, alerta Galvão.
Filtro de ar do motor com barro é indício que o carro foi alagado
Alexandre Dias | Arquivo pessoal
Depreciação nas alturas
Consultorias afirmam que 200 mil veículos foram afetados pela enchente que afetou o Rio Grande do Sul. A maior parte deles não pode ser recuperado. Mas existem aqueles que voltarão para o mercado através de lojas que arrematam esses veículos com valores bem abaixo do preço de tabela para recauchutar e vender.
“Os lojistas compram esses carros com descontos de até 60% do valor venal da tabela Fipe para maquiar e revender”, diz Rogério Galvão, especialista em usados.
“Esse é o problema porque os lojistas sempre vão querer cobrar o que ele valeria, mas o comprador não pode cair nessa pegadinha. Uma oferta razoável é pagar 35% a menos do que a média de mercado”, afirma.
Além da vistoria à parte, existem oficinas que oferecem o serviço de avaliação pré-compra, que é semelhante a um laudo cautelar e custa cerca de R$ 400.
A diferença é que a mecânica desmonta algumas peças para checar as condições do carro, diferentemente da maioria dos laudos cautelares que, em sua maioria, se apoiam apenas nas informações enviadas pela seguradora.