Fazenda considera que texto de Pacheco para dívida dos Estados é uma ‘pauta-bomba’

O Ministério da Fazenda é contrário aos termos do texto para revisar as dívidas dos estados com a União, apresentado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O projeto é considerado pela equipe econômica uma "pauta-bomba", por causar forte impacto nas contas da União.
A Fazenda não descarta sugerir veto por parte do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, caso o projeto passe nas duas casas do Legislativo, ou mesmo judicializar o tema.
Os detalhes do texto de Pacheco foram conhecidos nesta terça-feira (9) em coletiva de imprensa do presidente do Congresso Nacional. Foram vistos por integrantes da equipe econômica como uma "pauta-bomba" que traz grande prejuízo aos cofres públicos.
A equipe econômica considera que o projeto busca ajudar apenas cinco estados, em especial Minas Gerais, reduto político de Pacheco, onde ele é visto como potencial candidato ao governo em 2026.
Pacheco apresenta proposta para renegociação da dívida dos Estados.
Fontes da Fazenda ouvidas pelo blog afirmam que não houve discussão com o ministério dos termos da renegociação apresentada por Pacheco, que debateu o tema com governadores e representantes de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Goiás, cinco estados que detêm 90% dos cerca de R$ 700 bilhões da dívida com a União.
A visão é de que o texto prejudica inclusive estados que fizeram esforço para manter suas dívidas baixas. Além disso, os ativos que seriam dados em garantia pelos estados são em grande parte considerados irrecuperáveis.
O momento da apresentação do texto por Pacheco tem relação com o final do prazo do Supremo Tribunal Federal para negociar a entrada de Minas no Regime de Recuperação Fiscal. Vence agora em julho o prazo dado em liminar pelo ministro Nunes Marques, e a Advocacia-Geral da União se prepara para pedir ao ministro que Minas retome de imediato o pagamento.
Com um projeto no Congresso, haveria um motivo para pedir uma nova extensão do prazo de retomada do pagamento.
Só que Pacheco é visto como aliado
Segundo fontes do governo e aliados no Congresso, a dificuldade do governo em confrontar Pacheco é pelo fato de o presidente do Senado ser hoje um aliado de primeira hora do Planalto para segurar outras pautas enviadas pela Câmara ou iniciativas da oposição que atrapalham o governo.
A área econômica lembra, entretanto, que Pacheco também pode depender de apoio de Lula em 2026.
A negociação de um meio-termo para o texto que não oponha a área econômica do governo e Pacheco deve ser um teste para o senador Davi Alcolumbre (União-AP), designado relator do texto.
Além de muito próximo do atual presidente do Congresso, Alcolumbre também é candidato ao comando do Senado e não quer se indispor com o governo.

Haddad sinaliza que alternativa para imposto sobre a carne pode ser aumentar cashback para mais pobres

Dólar cai e encosta em R$ 5,40 após discurso do presidente do Fed; Ibovespa sobe
Por essa lógica, todos pagariam o imposto sobre proteína animal na hora da compra, mas pessoas do CadÚnico receberiam de volta valor correspondente à tributação. Ministro da Fazenda disse que ideia foi discutida durante reunião com Lira e líderes partidários. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista a jornalistas nesta terça
Reprodução/TV Globo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizou nesta terça-feira (9) que uma alternativa à cobrança de imposto sobre carnes pode ser aumentar o cashback para pessoas que não têm condições de pagar "o valor cheio" do produto.
Ou seja, todos os consumidores pagariam o tributo sobre a carne na hora da compra – mas os mais pobres receberiam esse dinheiro de volta, nos cartões do Cadastro Único (Cadúnico) ou em algum outro método a ser definido (entenda mais abaixo).
"Está sendo discutido aumentar aquela parcela do imposto que é para as pessoas que estão no Cadastro Único. Isso é uma coisa que tem efeitos distributivos importantes. Então, às vezes, não é isentar toda a carne, mas aumentar o cashback de quem não pode pagar o valor cheio da carne", afirmou Haddad.
Haddad deu as declarações depois de participar de uma reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e líderes partidários para debater a regulamentação da reforma tributária.
O presidente Lula já defendeu, em mais de uma oportunidade, a isenção de imposto sobre carnes, com a inclusão desse item na cesta básica de alimentos, que será isenta de imposto. Essa ideia, no entanto, representaria uma redução "relevante" na arrecadação de tributos, e tem sido alvo de resistência.
Proposta na Câmara
A Câmara deve aprovar nesta terça-feira (9) o regime de urgência para um dos projetos de regulamentação da reforma tributária de 2023. Para focar no tema, Arthur Lira suspendeu as atividades das comissões da Casa.
A proposta em debate trata das cobranças dos novos impostos criados pela reforma tributária (IBS, CBS e Imposto Seletivo).
Os dois novos impostos formam o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) e substituirão cinco tributos que atualmente incidem sobre consumo: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
Entenda o projeto que regulamenta a reforma tributária
Na última semana, membros do grupo de trabalho que analisa o texto apresentaram o seu primeiro parecer.
O texto altera a proposta original encaminhada pelo governo, mas não é definitivo. A regulamentação ainda vai ser votada pelos plenários da Câmara e do Senado, e pode sofrer novas alterações até se tornar lei.
A reforma tributária passará, ainda, por um período de transição. As regras que forem aprovadas só entram em vigor por completo em 2033.
Grupo de trabalho da Câmara apresenta regras da reforma tributária
Veja a seguir os principais pontos:
▶️ Carnes, cesta básica e cashback
Defendida por Lula em discursos recentes, a tributação zero da carne bovina e do frango não foi incluída no projeto de lei.
Com isso, continua valendo o que previa o texto original do governo: esses produtos serão tributados, mas com uma alíquota abaixo da padrão.
Se a proposta for aprovada assim, o nível do imposto sobre carnes e frango será correspondente a 40% do imposto geral.
O peso exato do novo modelo de impostos ainda será definido, mas a estimativa é de 26,5%.
Neste caso, as carnes ficariam sujeitas a um tributo em torno de 10,6%.
Segundo os deputados, se derrubasse essa cobrança a zero, o projeto poderia acabar elevando a alíquota geral para compensar a perda de arrecadação do governo.
O grupo defende que, em vez do imposto zero, a carne e o frango sejam incluídos em um sistema de "cashback" – que ainda não está detalhado no texto, mas foi defendido por Haddad nesta terça (9).
Como funciona hoje?
Atualmente, a carne bovina e o frango, estão isentos de impostos federais (como IPI, PIS e Cofins). A maioria dos estados, no entanto, cobra o ICMS sobre os produtos – em geral, de 7%.
Todos esses tributos serão substituídos, nos próximos anos, pelo IBS e pela CBS, impostos sobre o valor agregado dos estados, municípios e da União. Por isso, a regra está sendo rediscutida na regulamentação da tributária.
▶️'Imposto do pecado'
Os deputados do grupo de trabalho ampliaram a lista de produtos sujeitos ao imposto seletivo, ou "imposto do pecado".
Esse imposto é inserido na economia para desestimular o consumo de produtos considerados nocivos à saúde ou ao meio ambiente – que ficam mais caros em razão da carga tributária maior.
A lista no projeto de lei é, agora, formada por:
cigarros;
bebidas alcoólicas;
bebidas açucaradas;
embarcações e aeronaves;
extração de minério de ferro, de petróleo e de gás natural;
apostas;
carros, incluindo os elétricos – os caminhões não serão taxados.
Apesar dos pedidos de diversas entidades e da defesa de parte dos parlamentares, armas e munições seguem fora da lista.
▶️ 'Nanoempreendedor'
O grupo de trabalho incluiu, no texto em tramitação, uma figura que não existe na legislação atual e não estava no projeto do governo: o "nanoempreendedor".
Será classificado assim, se a proposta virar lei, o empreendedor com receita anual de até R$ 40,5 mil – R$ 3.375 mensais. Essa receita é metade daquela que caracteriza o microempreendedor individual (MEI), com faturamento anual de até R$ 81 mil.
Para os nanoempreendedores, a proposta é que eles não sejam contribuintes dos futuros impostos sobre o consumo — o IBS estadual e municipal, e a CBS do governo federal — a não ser que façam essa opção.
Ou seja, os nanoempreendedores ficariam isentos dos impostos do consumo se não optassem, de fato, por eles. Dessa forma, esses empreendedores poderão escolher entre ficar no Simples Nacional, sistema cumulativo, ou migrar pro IVA, modelo não cumulativo.
▶️ Viagra, absorvente e medicamentos
O grupo de trabalho na Câmara também alterou a lista de medicamentos e produtos de saúde sujeitos a regras diferenciadas de tributação.
Na nova versão, não há mais imposto zero sobre o citrato de sildenafila, mais conhecido como Viagra.
A tadalafila, que assim como o Viagra também ajuda a aumentar o fluxo de sangue no pênis e pode auxiliar homens a manter uma ereção, foi mantida na tributação de 40%.
Ao mesmo tempo, o texto passou a prever imposto zero sobre absorventes higiênicos. Na versão original enviada pelo governo, eles estavam incluídos na alíquota menor, de 40% da taxação geral.
O substitutivo do grupo de deputados mantém uma lista de 850 medicamentos que teriam imposto reduzido – com taxação de 40% da alíquota total.
Outros 383 ficariam completamente isentos de tributos, segundo o texto.
Na prática, a redução ou isenção de impostos deve evitar a alta dos produtos, mas isso depende também de as empresas farmacêuticas repassarem a queda nos impostos ao consumidor.

Dólar cai a R$ 5,41 após sinalizações de Powell sobre futuro dos juros nos EUA; Ibovespa sobe

Dólar cai e encosta em R$ 5,40 após discurso do presidente do Fed; Ibovespa sobe
A moeda norte-americana recuou 1,12%, cotada a R$ 5,4144. Já o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa, opera em alta. Notas de dólar.
Reuters
O dólar fechou em queda nesta terça-feira (9), à medida que investidores repercutiram o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, em sabatina no Senado dos Estados Unidos.
Powell afirmou que a inflação do país “permanece acima” da meta de 2% do Fed, mas tem melhorado nos últimos meses. Ele também mencionou os riscos de manter juros altos por muito tempo. (veja mais abaixo)
No Brasil, o dia é de atividade reduzida, por conta do feriado de 9 de Julho, que celebra a Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo.
Assim, a expectativa permanece com os novos dados de inflação medidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que devem ser divulgados na quarta-feira (10).
O mercado ainda repercute o anúncio de um novo aumento de preços da gasolina e do gás de cozinha para as distribuidoras feito pela Petrobras, que entrou em vigor nesta terça-feira.
O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, opera em alta.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
ENTENDA: A cronologia da disparada do dólar motivada pelos juros nos EUA, o cenário fiscal brasileiro e as declarações de Lula
CONSEQUÊNCIAS: Alta do dólar deve pressionar inflação e impactar consumo das famílias no 2º semestre, dizem especialistas
Dólar
O dólar caiu 1,12%, cotado a R$ 5,4144. Na mínima, chegou a R$ 5,4131. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,87% na semana;
recuo de 3,11% no mês;
alta de 11,58% no ano.
Na véspera, a moeda encerrou o dia com alta de 0,25%, vendida a R$ 5,4755.

Ibovespa
Por volta das 16h50, o Ibovespa subia 0,39%, aos 127.043 pontos.
Na véspera, o índice teve alta de 0,22%, aos 126.548 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,22% na semana;
ganhos de 2,13% no mês;
perdas de 5,69% no ano.

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O que está mexendo com os mercados?
Nesta terça-feira, investidores ficaram de olho na agenda externa, já que o feriado de São Paulo reduz a atividade no país.
O destaque foi para as sinalizações sobre os próximos passos do Fed na condução de política monetária, com o discurso do chair, Jerome Powell.
Em depoimento ao Congresso dos EUA, Powell afirmou que a inflação do país “permanece acima” da meta de 2% do Fed, mas tem melhorado nos últimos meses. Ele acrescentou que novos dados positivos fortaleceriam o argumento para cortes na taxa de juros.
"Mais dados bons fortaleceriam nossa confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável em direção a 2%", disse.
Ter uma inflação em direção à meta é um dos requisitos para a flexibilização da política monetária.
Powell também comparou a falta de progresso nos primeiros meses do ano com a melhora recente nos dados. Na prática, o cenário mais positivo ajudou a construir uma base de confiança de que as pressões sobre os preços continuarão a diminuir.
Além disso, ele observou que o Fed agora está preocupado com os riscos para o mercado de trabalho e para a economia caso as taxas permaneçam altas durante muito tempo.
“Após a falta de progresso em direção ao nosso objetivo de inflação de 2% no início deste ano, as leituras mensais mais recentes mostraram progressos adicionais modestos”, disse Powell.
O presidente do Fed afirmou ainda que o mercado de trabalho parece estar "totalmente de volta ao equilíbrio", observando que "à medida que fazemos mais progressos na inflação e o mercado de trabalho permanece forte", os cortes nas taxas de juros farão sentido em algum momento.
Na sexta-feira, dados de empregos norte-americanos mostraram, de fato, um mercado de trabalho que começa a se equilibrar. Enquanto o índice de preços ao consumidor norte-americano (CPI, na sigla em inglês) será divulgado na quinta-feira, a inflação ao produtor dos EUA ficará para a sexta.
Os comentários de Powell podem reforçar as expectativas de mudanças na declaração de política monetária a ser divulgada após a reunião do Fed de 30 a 31 de julho, que pode abrir a porta para um corte nas taxas em setembro. A probabilidade de corte em setembro agora está precificada em cerca de 70% no mercado.
No cenário doméstico, o mercado financeiro também está à espera de novos dados do IPCA (a inflação oficial do Brasil), que devem ser divulgados na próxima quarta-feira.
Segundo analistas da XP Investimentos, a expectativa é que o grupo Alimentação e bebidas continue variando fortemente, ainda em reflexo da tragédia vista no Rio Grande do Sul. Já o grupo de serviços e monitorados devem recuar na margem — o primeiro por conta da deflação das passagens aéreas e o segundo pela desaceleração da energia elétrica.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda deve divulgar indicadores dos setores de comércio e serviços entre quinta e sexta-feira.

Haddad sinaliza que alternativa para não isenção de imposto sobre carne pode ser aumentar cashback para mais pobres

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Por essa lógica, todos pagariam o imposto sobre proteína animal na hora da compra, mas pessoas do CadÚnico receberiam de volta valor correspondente à tributação. Ministro da Fazenda disse que ideia foi discutida durante reunião com Lira e líderes partidários. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista a jornalistas nesta terça
Reprodução/TV Globo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizou nesta terça-feira (9) que uma alternativa à não isenção de imposto sobre carnes pode ser aumentar o cashback para pessoas que não têm condições de pagar "o valor cheio" do produto.
Por essa lógica, todos os consumidores pagariam o imposto sobre a carne na hora da compra – mas os mais pobres receberiam esse dinheiro de volta, nos cartões do Cadastro Único (Cadúnico) ou em algum outro método a ser definido.
"Está sendo discutido aumentar aquela parcela do imposto que é para as pessoas que estão no Cadastro Único. Isso é uma coisa que tem efeitos distributivos importantes. Então, às vezes, não é isentar toda a carne, mas aumentar o cashback de quem não pode pagar o valor cheio da carne", afirmou Haddad.
Haddad deu as declarações depois de participar de uma reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e líderes partidários para debater a regulamentação da reforma tributária.
O presidente Lula já defendeu, em mais de uma oportunidade, a isenção de imposto sobre carnes, com a inclusão desse item na cesta básica de alimentos, que será isenta de imposto. Essa ideia, no entanto, representaria uma redução "relevante" na arrecadação de tributos.
Entenda o projeto que regulamenta a reforma tributária
Proposta na Câmara
A Câmara deve aprovar nesta terça-feira (9) o regime de urgência para um dos projetos de regulamentação da reforma tributária de 2023.
A proposta trata das cobranças dos novos impostos criados pela reforma tributária (IBS, CBS e Imposto Seletivo).
Na última semana, membros do grupo de trabalho que analisa o texto apresentaram o seu primeiro parecer.
O texto altera a proposta original encaminhada pelo governo, mas não é definitivo. A regulamentação ainda vai ser votada pelos plenários da Câmara e do Senado, e pode sofrer novas alterações até se tornar lei.
A reforma tributária passará, ainda, por um período de transição. As regras que forem aprovadas só entram em vigor por completo em 2033.
Veja a seguir os principais pontos:
▶️ Carnes, cesta básica e cashback
Defendida por Lula em discursos recentes, a tributação zero da carne bovina e do frango não foi incluída no projeto de lei.
Com isso, continua valendo o que previa o texto original do governo: esses produtos serão tributados, mas com uma alíquota abaixo da padrão.
Se a proposta for aprovada assim, o nível do imposto sobre carnes e frango será correspondente a 40% do imposto geral. O peso exato do novo modelo de impostos ainda será definido, mas a estimativa é de 26,5%. Neste caso, as carnes ficariam sujeitas a um tributo em torno de 10,6%.
Segundo os deputados, se derrubasse essa cobrança a zero, o projeto poderia acabar elevando a alíquota geral para compensar a perda de arrecadação do governo.
Como funciona hoje?
Atualmente, a carne bovina e o frango, estão isentos de impostos federais (como IPI, PIS e Cofins). A maioria dos estados, no entanto, cobra o ICMS sobre os produtos – em geral, de 7%.
Todos esses tributos serão substituídos, nos próximos anos, pelo IBS e pela CBS, impostos sobre o valor agregado dos estados, municípios e da União. Por isso, a regra está sendo rediscutida na regulamentação da tributária.
▶️'Imposto do pecado'
Os deputados do grupo de trabalho ampliaram a lista de produtos sujeitos ao imposto seletivo, ou "imposto do pecado".
Esse imposto é inserido na economia para desestimular o consumo de produtos considerados nocivos à saúde ou ao meio ambiente – que ficam mais caros em razão da carga tributária maior.
A lista no projeto de lei é, agora, formada por:
cigarros;
bebidas alcoólicas;
bebidas açucaradas;
embarcações e aeronaves;
extração de minério de ferro, de petróleo e de gás natural;
apostas;
carros, incluindo os elétricos – os caminhões não serão taxados.
▶️ 'Nanoempreendedor'
O grupo de trabalho incluiu, no texto em tramitação, uma figura que não existe na legislação atual e não estava no projeto do governo: o "nanoempreendedor".
Será classificado assim, se a proposta virar lei, o empreendedor com receita anual de até R$ 40,5 mil – R$ 3.375 mensais. Essa receita é metade daquela que caracteriza o microempreendedor individual (MEI), com faturamento anual de até R$ 81 mil.
Para os nanoempreendedores, a proposta é que eles não sejam contribuintes dos futuros impostos sobre o consumo — o IBS estadual e municipal, e a CBS do governo federal — a não ser que façam essa opção.
Ou seja, os nanoempreendedores ficariam isentos dos impostos do consumo se não optassem, de fato, por eles. Dessa forma, esses empreendedores poderão escolher entre ficar no Simples Nacional, sistema cumulativo, ou migrar pro IVA, modelo não cumulativo.
▶️ Viagra, absorvente e medicamentos
O grupo de trabalho na Câmara também alterou a lista de medicamentos e produtos de saúde sujeitos a regras diferenciadas de tributação.
Na nova versão, não há mais imposto zero sobre o citrato de sildenafila, mais conhecido como Viagra.
A tadalafila, que assim como o Viagra também ajuda a aumentar o fluxo de sangue no pênis e pode auxiliar homens a manter uma ereção, foi mantida na tributação de 40%.
Ao mesmo tempo, o texto passou a prever imposto zero sobre absorventes higiênicos. Na versão original enviada pelo governo, eles estavam incluídos na alíquota menor, de 40% da taxação geral.
O substitutivo do grupo de deputados mantém uma lista de 850 medicamentos que teriam imposto reduzido – com taxação de 40% da alíquota total.
Outros 383 ficariam completamente isentos de tributos, segundo o texto.
Na prática, a redução ou isenção de impostos deve evitar a alta dos produtos, mas isso depende também de as empresas farmacêuticas repassarem a queda nos impostos ao consumidor.

Dólar cai e encosta em R$ 5,40 após discurso do presidente do Fed; Ibovespa sobe

Dólar cai e encosta em R$ 5,40 após discurso do presidente do Fed; Ibovespa sobe
Na véspera, a moeda norte-americana teve ganho de 0,25%, cotada em R$ 5,4755. Já o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa, fechou em alta de 0,22%, aos 126.548 pontos. Notas de dólar.
Reuters
O dólar opera em queda nesta terça-feira (9), à medida que investidores repercutem o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, em sabatina no Senado americano.
Powell afirmou que a inflação do país “permanece acima” da meta de 2% do Fed, mas tem melhorado nos últimos meses. (veja mais abaixo)
Por aqui, o dia é de atividade reduzida, por conta do feriado de 9 de Julho, que celebra a Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo.
Assim, a expectativa permanece com os novos dados de inflação medidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que devem ser divulgados na quarta-feira (10).
O mercado ainda repercute o anúncio de um novo aumento de preços da gasolina e do gás de cozinha para as distribuidoras feito pela Petrobras, que entra em vigor nesta terça-feira.
O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, oscilava entre altas e baixas.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
ENTENDA: A cronologia da disparada do dólar motivada pelos juros nos EUA, o cenário fiscal brasileiro e as declarações de Lula
CONSEQUÊNCIAS: Alta do dólar deve pressionar inflação e impactar consumo das famílias no 2º semestre, dizem especialistas
Dólar
Às 15h34, dólar operava em queda de 1,05%, cotado em R$ 5,4181. Na mínima, chegou a R$ 5,4131. Veja mais cotações.
Na véspera, a moeda encerrou o dia com alta de 0,25%, vendida a R$ 5,4755.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,25% na semana;
recuo de 2,02% no mês;
alta de 12,84% no ano.

Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,46%, aos 127.130 pontos.
Na véspera, o índice teve alta de 0,22%, aos 126.548 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,22% na semana;
ganhos de 2,13% no mês;
perdas de 5,69% no ano.

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30 anos do Real: como era a vida antes do plano econômico que deu origem à moeda brasileira
DINHEIRO OU CARTÃO? Qual a melhor forma de levar dólares em viagens?
DÓLAR: Qual o melhor momento para comprar a moeda?
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
Nesta terça-feira, investidores estão de olho na agenda externa, já que o feriado de São Paulo reduz a atividade no país.
O foco fica com as sinalizações sobre os próximos passos do Fed na condução de política monetária, com discurso do chair, Jerome Powell.
Em depoimento ao Congresso dos EUA, Powell afirmou que a inflação do país “permanece acima” da meta de 2% do Fed, mas tem melhorado nos últimos meses. Ele acrescentou que novos dados positivos fortaleceriam o argumento para cortes na taxa de juros.
"Mais dados bons fortaleceriam nossa confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável em direção a 2%", disse.
Ter uma inflação em direção à meta é um dos requisitos para a flexibilização da política monetária.
Powell também comparou a falta de progresso nos primeiros meses do ano com a melhora recente nos dados. Na prática, o cenário mais positivo ajudou a construir uma base de confiança de que as pressões sobre os preços continuarão a diminuir.
Além disso, ele observou que o Fed agora está preocupado com os riscos para o mercado de trabalho e para a economia caso as taxas permaneçam altas durante muito tempo.
“Após a falta de progresso em direção ao nosso objetivo de inflação de 2% no início deste ano, as leituras mensais mais recentes mostraram progressos adicionais modestos”, disse Powell.
O presidente do Fed afirmou ainda que o mercado de trabalho parece estar "totalmente de volta ao equilíbrio", observando que "à medida que fazemos mais progressos na inflação e o mercado de trabalho permanece forte", os cortes nas taxas de juros farão sentido em algum momento.
Na sexta-feira, dados de empregos norte-americanos mostraram, de fato, um mercado de trabalho que começa a se equilibrar. Enquanto o índice de preços ao consumidor norte-americano (CPI, na sigla em inglês) deve ser divulgado na quinta-feira, a inflação ao produtor dos EUA deve sair na sexta-feira.
Os comentários de Powell podem reforçar as expectativas de mudanças na declaração de política monetária a ser divulgada após a reunião do Fed de 30 a 31 de julho, que pode abrir a porta para um corte nas taxas em setembro. A probabilidade de corte em setembro agora está precificada em cerca de 70% no mercado.
No cenário doméstico, o mercado financeiro também está à espera de novos dados do IPCA (a inflação oficial do Brasil), que devem ser divulgados na próxima quarta-feira.
Segundo analistas da XP Investimentos, a expectativa é que o grupo Alimentação e bebidas continue variando fortemente, ainda em reflexo da tragédia vista no Rio Grande do Sul. Já o grupo de serviços e monitorados devem recuar na margem — o primeiro por conta da deflação das passagens aéreas e o segundo pela desaceleração da energia elétrica.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda deve divulgar indicadores dos setores de comércio e serviços entre quinta e sexta-feira.