Lives de Fortune Tiger, o jogo do tigrinho, surgem em canais de YouTube sobre culinária e jogos infantis

Alta do dólar deve pressionar inflação e impactar consumo das famílias no 2º semestre, dizem especialistas
Transmissões, na verdade, são vídeos que se repetem por horas e prometem lucro alto. Diretrizes do YouTube proíbem mensagens do tipo. Alguns dos responsáveis dizem que tiveram as contas invadidas. Lives com dezenas de horas de duração sobre o Fortune Tiger (ou jogo do tigrinho), um dos mais famosos caça-níqueis online, têm surgido diariamente em canais populares de YouTube sem qualquer relação com o assunto – como culinária, música e jogos infantis.
Em vez de transmissões ao vivo, essas lives são, na verdade, repetições por horas a fio de um mesmo conteúdo gravado.
O conteúdo é sempre o mesmo: um apresentador diz ter encontrado uma falha que permite ganhar muito dinheiro em supostas novas versões do Fortune Tiger, nome oficial do jogo do tigrinho. Em um dos casos, o apresentador diz que lucrou o equivalente a 8 salários em meia hora.
O g1 analisou oito lives assim, postadas em sete canais diferentes, que têm entre 1 milhão e 7,2 milhões de seguidores. Sete lives ficaram inacessíveis após a reportagem entrar em contato com os donos dos canais e uma foi removida pelo YouTube por violar as diretrizes da plataforma.
Advogados e especialistas do setor de aposta apontam ilegalidade de lives que promovem apostas como fonte de renda e falsas estratégias para garantir ganho de dinheiro.
"Jogo é entretenimento e não fonte de renda extra. O jogo regulamentado é randômico e auditável e não há como prever o resultado futuro, a oferta de estratégias que apresentem essa possibilidade são enganosas" diz a advogada Ana Gatti, diretora de operações da Associação Brasileira dos Bingos Cassinos e Similares (Abrabincs).
As regras do YouTube proíbem vídeos que façam promessas exageradas, como afirmar que os espectadores podem enriquecer rapidamente.
Os responsáveis por 2 dos 7 canais (@familiasantana e @leomedeiros) disseram à reportagem que tiveram as contas invadidas e negaram relação com as lives.
Os responsáveis pelos canais @SrPedroCanal (jogos infantis), @McArcoIris (conteúdo para adolescentes), @DandoTrela (humor) e @pedrobennington (humor) não responderam até a publicação desta reportagem. O g1 não conseguiu encontrar contato do responsável pelo canal @GahMarinax.
Veja como são as lives falsas do jogo do tigrinho
Arte g1
80 comentários iguais de 22 contas diferentes
Enquanto as transmissões ocorrem, usuários diferentes postam links para sites de apostas e fazem comentários repetitivos com elogios a essas plataformas.
Em um dos vídeos, ao longo de 25 minutos, a mensagem "muito boa essa plataforma" apareceu 80 vezes, postada por 22 contas diferentes. Em outra, o mesmo comentário ("muito boa essa plataforma") aparece 49 vezes, postado por 19 perfis diferentes num intervalo de 13 minutos.
Essa repetição indica que comentários postados nas lives são automatizados, segundo o especialista de segurança digital Thiago Ayub. A prática de inflar artificialmente comentários para aumentar o engajamento também é proibida pelo YouTube.

Lives promovem links para sites no exterior
Além de elogios, nos comentários são postados links de sites de apostas que estão em português, mas são sediados no exterior.
Os sites mmabet.com e go.aff.apostatudo.bet dizem ter autorização do governo de Curaçao para operar – naquele país, os caça-níqueis online são liberados. O g1 entrou em contato com ambos para saber se têm conhecimento das lives falsas, mas não obteve retorno.
O g1 não conseguiu contato com o grandebetpix.com, que não informa de onde é.
Segundo o advogado Fábio Jantalia, especialista em jogos e apostas, empresas sediadas no exterior podem oferecer o jogo do tigrinho para jogadores brasileiros, desde que tenham autorizações dos países em que estão sediadas.
"Atualmente, ele é explorado a partir de outros países, em BETs que têm sede em outros países, nos quais elas hospedam seu site e são licenciadas para isso. Portanto, mesmo aquelas que oferecem o jogo do tigre em plataformas sediadas no exterior, desde que o país onde essa plataforma esteja sediada tenha autorização, também não há nenhuma irregularidade".
No Brasil, o setor de apostas avalia que o jogo do tigrinho se enquadra na categoria de jogos on-line prevista na lei que regulamentou o mercado de apostas, publicada em dezembro de 2023.
Essa lei define que os jogos on-line são aqueles em que o resultado é determinado de forma aleatória, a partir de um gerador randômico de números, símbolos, figuras ou objetos – definido por sistema de regras. Para alguns integrantes do setor, é nessa categoria que se enquadram caça-níqueis como o tigrinho.
O advogado Luis Felipe Ferrari ressalta, entretanto, que para ser oferecido por plataformas sediadas no Brasil, o jogo precisa cumprir uma série de regras – a lei das bets exige que os jogos passem por um processo de certificação.
"O jogo do tigrinho até poderia se enquadrar nessa nova lei, desde que cumprisse com os requisitos previstos na norma, principalmente em relação à integridade de apostas e prevenção à manipulação de resultados, o que hoje não é possível auditar", afirma o advogado.
Além disso, as plataformas precisam ter autorização do Ministério da Fazenda para atuar no país. As empresas que tiverem interesse terão até 31 dezembro de 2024 para se adequarem à nova legislação.
"A partir de 1º de janeiro de 2025, serão iniciadas as atividades de monitoramento e fiscalização e eventualmente de sanção das empresas que tiverem sido autorizadas. Aquelas que não tiverem uma autorização do Ministério da Fazenda não poderão ofertar serviço em nível nacional", segundo a pasta.
Vídeo: como influencers atraem mais vítimas para o jogo do tigrinho
Propagandas fraudulentas do "Jogo do Tigrinho" invadem celulares e redes sociais

Dólar abre em forte baixa com promessa de cumprimento do arcabouço fiscal

Alta do dólar deve pressionar inflação e impactar consumo das famílias no 2º semestre, dizem especialistas
No dia anterior, a moeda norte-americana recuou 1,71%, cotada em R$ 5,5683. Já o principal índice acionário da bolsa de valores brasileira encerrou em alta de 0,70%, aos 125.662 pontos. Notas de dólar.
Reuters
O dólar abriu em forte queda nesta quinta-feira (4), em um dia com pouca influência externa, por conta do feriado de Dia da Independência nos Estados Unidos, mas com alívio nas tensões políticas no cenário doméstico.
Após uma disparada da moeda americana influenciada, sobretudo, por uma série de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central do Brasil (BC) e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, o anúncio de que o governo está comprometido com a meta fiscal acalmou os mercados.
Na noite desta quarta-feira (3), depois de um dia inteiro de reuniões, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um corte de R$ 25 bilhões em despesas e disse que Lula determinou que seja cumprido o arcabouço fiscal.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
ENTENDA: Juros nos EUA, cenário fiscal e declarações de Lula: veja a cronologia da disparada do dólar
CONSEQUÊNCIAS: Alta do dólar deve pressionar inflação e impactar consumo das famílias no 2º semestre, dizem especialistas
Dólar
Às 09h10, o dólar caía 1,35%, cotado a R$ 5,4933. Veja mais cotações.
No dia anterior, o dólar teve queda de 1,71%, cotado a R$ 5,5683.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,36% na semana;
recuo de 0,36% no mês;
alta de 14,75% no ano.

Ibovespa
O Ibovespa começa a operar às 10h.
Na véspera, o índice teve alta de 0,70%, aos 125.662 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 1,42% na semana;
ganhos de 1,42% no mês;
perdas de 6,35% no ano.

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Nos últimos dias, críticas do presidente Lula reacenderam o temor no mercado de que o governo não estivesse comprometido com a responsabilidade fiscal. O alívio nas tensões políticas em torno do compromisso do governo com o fiscal brasileiro trouxe um tom mais positivo para os mercados, especialmente após as falas de Haddad.
"Tivemos a oportunidade de nos reunirmos três vezes hoje. Lula me pediu que falasse para vocês. Primeira coisa que o presidente determinou é cumprir o arcabouço fiscal. Não se discute isso. São leis que regulam as finanças no Brasil e serão cumpridas. O arcabouço será preservado a todo custo", afirmou o ministro, em coletiva de imprensa.
Haddad ainda prometeu anunciou cortes no Orçamento de 2025, com algumas despesas obrigatórias. O ministro explicou que o governo fez um pente-fino para identificar gastos sociais que poderiam ser cortados e que essas medidas podem até ser antecipadas, a depender so relatório de receitas e despesas do governo federal.
"Serão R$ 25,9 bilhões que vão ser cortados. Foi feito com as equipes dos ministérios. Um trabalho com critérios com base em cadastro, nas leis aprovadas. Algumas dessas medidas do Orçamento de 2025 podem ser antecipadas à luz do que a Receita nos apresente no dia 22 de julho", disse.
Haddad: corte de R$ 25,9 bi de despesas obrigatórias
Ontem, também, durante o anúncio do Plano Safra voltado para a agricultura familiar, no Palácio do Planalto, Lula afirmou que "responsabilidade fiscal é compromisso" e que o governo "não joga dinheiro fora".
"Aqui, nesse governo, a gente aplica o dinheiro que é necessário, a gente gasta com educação e saúde, naquilo que é necessário. Mas a gente não joga dinheiro fora. Responsabilidade fiscal não é uma palavra, é um compromisso desse governo desde 2003. E a gente manterá ele à risca", disse Lula.
Na terça-feira (2), Lula disse que "não se pode inventar crises" e "jogar a culpa" da disparada do dólar nas últimas semanas nas declarações que ele deu.
"É um absurdo. Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. Há uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o Real nesse país. Eu tenho conversado com as pessoas o que a gente vai fazer. Estou voltando quarta-feira, vou ter uma reunião. Não é normal o que está acontecendo", argumentou Lula.
Ele voltou a falar, também, sobre o comando do BC, defendendo que a instituição seja autônoma e que Campos Neto tem um viés político.
"A gente precisa manter o Banco Central funcionando de forma correta, com autonomia, para que o presidente do Banco Central não fiquei vulnerável às pressões políticas. (…) Quando você é autoritário você resolve fazer com que o mercado se apodere de uma instituição que deveria ser do Estado. Ele não pode estar à serviço do sistema financeiro, ele não pode estar à serviço do mercado".
Na segunda, Lula já havia dito que o próximo presidente do BC deve olhar para o Brasil "do jeito que ele é e não do jeito que o sistema financeiro fala".
"Eu estou há dois anos com o presidente do Banco Central do [ex-presidente Jair] Bolsonaro, não é correto isso", afirmou o presidente nesta segunda-feira, ponderando que a autonomia do BC foi aprovada pelo Congresso e será respeitada.
"Eu tenho que, com muita paciência, esperar a hora de indicar o outro candidato, e ver se a gente consegue… ter um presidente do Banco Central que olhe o país do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala", acrescentou, destacando que "quem quer BC autônomo é o mercado".
O mandato de Campos Neto acaba em 2024 e que, desde 2021, a legislação brasileira determina a autonomia do BC, que deve tomar suas decisões sem interferência política. No entanto, Lula afirmou que vai indicar para a presidência da instituição alguém com "compromisso com o crescimento do país".
A legislação determina que o presidente e os diretores do BC terão mandatos de 4 anos não coincidentes com a presidência da República — um novo presidente assume o BC, então, no terceiro ano de mandato de cada presidente da República. Cabe ao presidente da república indicar nomes para o comando do BC, mas estes só serão aprovados com aval do Senado Federal.
Lula também disse que preza pela responsabilidade fiscal e que inflação baixa é sua obsessão, usando como exemplo a decisão do governo de manter a meta para a evolução dos preços em 3%. O presidente ainda afirmou, ontem à noite, que não tem que prestar contas "a nenhum ricaço desse país, a nenhum banqueiro".
"Tenho que prestar contas ao povo pobre, trabalhador deste país, que precisa que a gente tenha cuidado e que a gente cuide deles".
As falas recentes do presidente se juntam às críticas feitas por ele à instituição desde a semana passada. Lula disse que "a taxa de juros de 10,5% é irreal para uma inflação de 4%", reiterando que a Selic deve melhorar quando ele indicar o substituto de Campos Neto.
Na terça-feira, presidente do Banco Central deu uma resposta. Afirmou que a interrupção do ciclo de corte de juros pela instituição, em junho deste ano, "tem a ver muito mais com ruídos que nós criamos do que com os fundamentos [da economia]".
Ele não detalhou, na declaração, quem criou os ruídos citados. A declaração foi dada durante palestra no Forum on Central Banking, promovido pelo Banco Central Europeu (ECB), em Portugal (Sintra).
"Isso [interrupção dos cortes de juros] tem a ver muito mais com ruídos que nós criamos do que com os fundamentos [da economia]. E os ruídos estão relacionados com dois canais: um é a expectativa do caminho da política fiscal [arrecadação e gastos públicos], e o outro é a expectativa sobre o futuro da política monetária [decisões sobre a taxa de juros]", disse.
"Então, quando você tem esses dois [ruídos] ao mesmo tempo, criou-se uma incerteza suficiente que, para nós, precisávamos interromper e ver como podíamos arrumar esse canal, e como nós podemos nos comunicar melhor para eliminar esses ruídos", afirmou Campos Neto.
De acordo com ele, há uma "grande desconexão" entre os dados correntes da economia, como as informações sobre as contas públicas, e as informações sobre política monetária (inflação e seu impacto na taxa de juros) e as expectativas dos agentes do mercado financeiro.
"O que aconteceu no Brasil é que as expectativas começaram a subir apesar de os dados correntes [de inflação] estarem vindo conforme o esperado", explicou o presidente do BC.
*Com informações da agência de notícias Reuters

Lives de jogo do tigrinho surgem em canais de YouTube sobre culinária e jogos infantis

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Em vez de transmissões ao vivo, essas lives são, na verdade, repetições por horas a fio de um mesmo conteúdo gravado.
O conteúdo é sempre o mesmo: um apresentador diz ter encontrado uma falha que permite ganhar muito dinheiro em supostas novas versões do Fortune Tiger, nome oficial do jogo do tigrinho. Em um dos casos, o apresentador diz que lucrou o equivalente a 8 salários em meia hora.
O g1 analisou oito lives assim, postadas em sete canais diferentes, que têm entre 1 milhão e 7,2 milhões de seguidores. Sete lives ficaram inacessíveis após a reportagem entrar em contato com os donos dos canais e uma foi removida pelo YouTube por violar as diretrizes da plataforma.
Advogados e especialistas do setor de aposta apontam ilegalidade de lives que promovem apostas como fonte de renda e falsas estratégias para garantir ganho de dinheiro.
"Jogo é entretenimento e não fonte de renda extra. O jogo regulamentado é randômico e auditável e não há como prever o resultado futuro, a oferta de estratégias que apresentem essa possibilidade são enganosas" diz a advogada Ana Gatti, diretora de operações da Associação Brasileira dos Bingos Cassinos e Similares (Abrabincs).
As regras do YouTube proíbem vídeos que façam promessas exageradas, como afirmar que os espectadores podem enriquecer rapidamente.
Os responsáveis por 2 dos 7 canais (@familiasantana e @leomedeiros) disseram à reportagem que tiveram as contas invadidas e negaram relação com as lives.
Os responsáveis pelos canais @SrPedroCanal (jogos infantis), @McArcoIris (conteúdo para adolescentes), @DandoTrela (humor) e @pedrobennington (humor) não responderam até a publicação desta reportagem. O g1 não conseguiu encontrar contato do responsável pelo canal @GahMarinax.
Veja como são as lives falsas do jogo do tigrinho
Arte g1
80 comentários iguais de 22 contas diferentes
Enquanto as transmissões ocorrem, usuários diferentes postam links para sites de apostas e fazem comentários repetitivos com elogios a essas plataformas.
Em um dos vídeos, ao longo de 25 minutos, a mensagem "muito boa essa plataforma" apareceu 80 vezes, postada por 22 contas diferentes. Em outra, o mesmo comentário ("muito boa essa plataforma") aparece 49 vezes, postado por 19 perfis diferentes num intervalo de 13 minutos.
Essa repetição indica que comentários postados nas lives são automatizados, segundo o especialista de segurança digital Thiago Ayub. A prática de inflar artificialmente comentários para aumentar o engajamento também é proibida pelo YouTube.

Lives promovem links para sites no exterior
Além de elogios, nos comentários são postados links de sites de apostas que estão em português, mas são sediados no exterior.
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Segundo o advogado Fábio Jantalia, especialista em jogos e apostas, empresas sediadas no exterior podem oferecer o jogo do tigrinho para jogadores brasileiros, desde que tenham autorizações dos países em que estão sediadas.
"Atualmente, ele é explorado a partir de outros países, em BETs que têm sede em outros países, nos quais elas hospedam seu site e são licenciadas para isso. Portanto, mesmo aquelas que oferecem o jogo do tigre em plataformas sediadas no exterior, desde que o país onde essa plataforma esteja sediada tenha autorização, também não há nenhuma irregularidade".
No Brasil, o setor de apostas avalia que o jogo do tigrinho se enquadra na categoria de jogos on-line prevista na lei que regulamentou o mercado de apostas, publicada em dezembro de 2023.
Essa lei define que os jogos on-line são aqueles em que o resultado é determinado de forma aleatória, a partir de um gerador randômico de números, símbolos, figuras ou objetos – definido por sistema de regras. Para alguns integrantes do setor, é nessa categoria que se enquadram caça-níqueis como o tigrinho.
O advogado Luis Felipe Ferrari ressalta, entretanto, que para ser oferecido por plataformas sediadas no Brasil, o jogo precisa cumprir uma série de regras – a lei das bets exige que os jogos passem por um processo de certificação.
"O jogo do tigrinho até poderia se enquadrar nessa nova lei, desde que cumprisse com os requisitos previstos na norma, principalmente em relação à integridade de apostas e prevenção à manipulação de resultados, o que hoje não é possível auditar", afirma o advogado.
Além disso, as plataformas precisam ter autorização do Ministério da Fazenda para atuar no país. As empresas que tiverem interesse terão até 31 dezembro de 2024 para se adequarem à nova legislação.
"A partir de 1º de janeiro de 2025, serão iniciadas as atividades de monitoramento e fiscalização e eventualmente de sanção das empresas que tiverem sido autorizadas. Aquelas que não tiverem uma autorização do Ministério da Fazenda não poderão ofertar serviço em nível nacional", segundo a pasta.
Vídeo: como influencers atraem mais vítimas para o jogo do tigrinho
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Como receber alerta se a busca do Google mostrar seus dados, como endereço, telefone e e-mail

Alta do dólar deve pressionar inflação e impactar consumo das famílias no 2º semestre, dizem especialistas
Chamada de "Privacidade nos resultados sobre você", a ferramenta monitora se informações pessoais estão sendo exibidas no buscador e permite solicitar que elas sejam removidas da pesquisa. Alerta do Google sobre resultados com seus dados pessoais
Divulgação/Google
Você sabia que seus dados pessoais podem estar disponíveis para qualquer pessoa que acessar o Google? São dados como endereço, telefones e até número de documentos.
Pensando nisso, a empresa liberou para o Brasil uma ferramenta que alerta caso suas informações pessoais sejam exibidas em buscas (veja como ativar o recurso abaixo).
Batizada de "Privacidade nos resultados sobre você", a opção permite registrar dados que você deseja monitorar. Depois, o Google informa se algum deles caiu na busca e oferece espaço para você solicitar a remoção.
Para usar o recurso, é preciso informar nome, endereço, telefone ou e-mail, que, inicialmente, são os dados que o Google vai monitorar. A empresa disse que, ainda este ano, passará a suportar documentos como CPF, carteira de habilitação e passaporte.
➡️ A novidade não é capaz de excluir dados pessoais que aparecem em outros sites, mas ajuda a limitar o acesso a eles, já que a busca funciona como uma importante vitrine para a internet.
Essa ferramenta já tinha sido lançada em 2022, mas só foi anunciada para o país no começo deste mês.
A novidade foi apresentada no Google For Brasil 2024, evento com lançamentos para o mercado brasileiro. Ela se parece com o formulário para pedir remoção de dados da pesquisa, mas atua de forma proativa.
Abaixo, confira o passo a passo para ativar o modo privacidade nos resultados sobre você.
Como ativar alerta sobre dados pessoais no Google
O recurso está disponível em goo.gle/resultsaboutyou. Também é possível acessá-lo ao clicar em sua foto no app do Google e selecionar "Privacidade nos resultados sobre você" ou ao clicar nos três pontos ao lado de um resultado da busca. Depois, siga os passos abaixo:
No primeiro acesso, clique em "Começar agora" e confirme que deseja prosseguir;
Adicione seus dados de contato, como nome, endereço, telefone e e-mail (é possível incluir mais de um dado em cada categoria), e selecione "Continuar";
Escolha onde você deseja receber o alerta caso as informações apareçam na busca – e-mail ou notificação no app;
Clique em "Salvar" e, depois, em "Terminei".
Em seguida, o Google começará a procurar resultados que correspondam a seus dados pessoais, o que pode levar algumas horas.
Ao final do processo, a empresa enviará uma notificação, mas também mostrará o que encontrou na seção "Resultados para analisar" da página.
A lista mostrará o título e a fonte de cada resultado, e permitirá que você peça para remover algo ao clicar nos três pontos ao lado do resultado e, então em "Remover".
O conteúdo será removido se atender aos critérios do Google. A empresa retira, por exemplo, informações de identificação pessoal e outros tipos de dados caso eles sejam compartilhados de forma mal-intencionada.
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Alta do dólar deve pressionar inflação e impactar consumo das famílias no 2º semestre, dizem especialistas

Alta do dólar deve pressionar inflação e impactar consumo das famílias no 2º semestre, dizem especialistas
Além da variação cambial, leitura de economistas ouvidos pelo g1 é de que preços também podem aumentar em meio aos efeitos climáticos e diante dos reflexos da tragédia no Rio Grande do Sul. Índice de ruptura da Neogrid tem alta e vai a 13,4% em maio.
Banco de Imagem
O forte avanço do dólar visto ao longo do ano pode ser mais um fator relevante a pressionar a inflação e impactar o consumo das famílias ao longo dos próximos meses, dizem especialistas ouvidos pelo g1.
Ainda que os preços continuem controlados por ora, a tendência é que a somatória entre três fatores pese nos preços ao consumidor neste segundo semestre:
A valorização da moeda americana contra o real, que chega a 14,75% em 2024;
A piora na safra agrícola deste ano em relação a 2023; e
Os efeitos econômicos da tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul (RS).
Veja a seguir o que explica o aumento do dólar, e seus impactos na inflação brasileira e no consumo das famílias.
O que está acontecendo com o dólar?
Há uma série de fatores que, juntos, ajudam a explicar a forte valorização do dólar nos últimos meses. Desde o final de maio, a moeda americana acumula alta de mais de 6% em relação ao real, refletindo tanto fatores internos quanto o quadro internacional.
Dólar em alta: entenda
▶️ CENÁRIO DOMÉSTICO
Por aqui, há questões antigas e novas. Analistas reforçam uma preocupação que vem desde o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com os cofres do governo. Há dúvidas sobre o quanto a equipe econômica deverá conseguir controlar as contas públicas.
Os últimos dados divulgados pelo Banco Central (BC), por exemplo, indicam que as contas do setor público consolidado apresentaram um déficit primário de R$ 63,9 bilhões em maio deste ano, no segundo pior resultado para o mês da história.
O déficit primário acontece quando as receitas com impostos ficam abaixo das despesas, desconsiderando os juros da dívida pública.
A arrecadação começou o ano em alta, depois de medidas implementadas pelo governo para perseguir um equilíbrio das contas, mas voltaram para o vermelho no acumulado dos cinco primeiros meses de 2024. Agora, há um déficit de R$ 2,6 bilhões, ou 0,06% do PIB, contra um resultado positivo de R$ 28,5 bilhões (0,65% do PIB) no mesmo período do ano passado.
Governo e mercado veem dívida pública em tendência de alta; entenda efeitos na economia e comparação com outros países
A preocupação crescente com as contas públicas tem mexido com os mercados e colocado o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em uma corrida contra o tempo para tentar achar espaço no orçamento para um corte de gastos.
Na última quarta-feira (3), Lula chegou a afirmar que "responsabilidade fiscal é compromisso" e que o governo "não joga dinheiro fora". A declaração, no entanto, vai na contramão com o que o próprio presidente já falou em momentos anteriores, quando afirmou que é necessário avaliar "se a saída é o corte de gastos ou um aumento na arrecadação".
Além disso, também há um incômodo recente vindo da escalada de estresse causada pelas críticas que Lula tem feito ao BC.
Depois de um início de ano conturbado, Lula voltou a criticar o patamar de juros do país e a condução da política monetária pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto. O mercado financeiro acendeu o sinal amarelo, pela preocupação sobre como deve ser a transição para a nova gestão da instituição.
Com o mandato de Campos Neto se encerrando no final deste ano, o governo deve indicar um novo nome para substituí-lo. O temor dos investidores é que a nova diretoria opte por uma condução mais frouxa da política monetária — ou até com interferência política.
No pior cenário, os diretores seriam forçados a trabalhar com juros menores na economia brasileira, o que poderia implicar em uma inflação média mais alta.
Todo esse cenário reduz o apetite dos investidores aos ativos de risco brasileiros. Isso faz com "fujam" para investimentos em dólar como forma de proteção da carteira — fazendo com que a moeda norte-americana se valorize cada vez mais em relação ao real.
▶️ QUADRO INTERNACIONAL
No ambiente externo, ainda pesam as incertezas em relação aos próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) na condução dos juros da maior economia do mundo.
Isso porque, nos últimos meses, o nível de atividade econômica norte-americana continua com um bom ritmo de crescimento. Isso faz com que os números de emprego e de salários continuem fortes, e deixa mais difícil a missão do Fed de controlar a inflação, que está acima da meta de 2%.
O cenário frustrou as expectativas do mercado financeiro, que esperava uma redução dos juros americanos ainda no primeiro semestre de 2024. O início do ciclo de cortes de juros por lá ainda não tem data para começar.
Atualmente, a taxa básica dos EUA está no intervalo entre 5,25% e 5,50% ao ano, no maior patamar desde 2001. Segundo a ferramenta Fedwatch do CME Group, que reúne as apostas dos analistas para a redução, aponta que a maior parte do mercado (66,5%) projeta que o Fed só comece a cortar os juros na reunião de setembro.
Mas é apenas uma previsão. Nessa semana, por exemplo, a diretora do Fed, Michelle Bowman, reiterou sua opinião de que manter a taxa de juros nos Estados Unidos estável "por algum tempo" provavelmente será suficiente para deixar a inflação sob controle. Na prática, isso significa que o BC norte-americano deve deixar os juros elevados por mais tempo.
Nessa situação, o dólar ganha força. Quando os juros dos EUA estão elevados, a rentabilidade dos Treasuries (títulos públicos norte-americanos), os mais seguros do mundo, é maior. Assim, quem busca segurança e boa remuneração prioriza o investimento no país, e se afasta de emergentes, como o Brasil.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
Por que o aumento do dólar pode impactar os preços?
A valorização da moeda norte-americana já ultrapassa a marca dos 14% no ano até agora. Um dólar mais caro traz impacto em várias cadeias produtoras brasileiras, e a estimativa dos especialistas é que os impactos nos preços já comecem a surgir.
Segundo o economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Felipe Queiroz, a alta do dólar só não teve efeitos significativos nos preços domésticos por enquanto por dois motivos:
Primeiro, porque o setor costuma trabalhar com estoques. Até que acabe o excedente de produtos e os supermercados precisem reabastecer, dificilmente o consumidor sentirá oscilações nos preços.
Segundo, porque o segmento costuma fazer operações com hedge (instrumento voltado para proteger o valor de um ativo contra possíveis oscilações de mercado), o que também acaba limitando impactos instantâneos e mais agressivos nos preços.
“Mas a tendência é que a gente venha a sentir esses impactos [do câmbio] a partir de julho em diante. Por isso a expectativa é que haja aceleração inflacionária neste segundo semestre”, afirmou Queiroz.
De maneira geral, a taxa de câmbio pode ter influência nos preços domésticos em diferentes frentes, como por meio da importação de produtos e insumos ou mesmo pela equiparação dos preços praticados no Brasil com o mercado internacional.
Ou seja, para que não faltem produtos por aqui (principalmente os essenciais), o preço de itens produzidos no Brasil e exportados sobe internamente para acompanhar a variação do dólar.
Um bom exemplo desse quadro é a soja. Apesar de o Brasil ser um enorme produtor do grão, os produtores priorizam a exportação do produto quando o dólar sobe.
Para abastecer o mercado interno, é preciso pagar mais caro. O preço da soja faz subir junto o da ração animal, que traz impactos indiretos a produtores de carne, leite e derivados, por exemplo.
Questionado sobre o dólar, Lula diz que não acompanha o tema e que comida vai baratear
Como isso tudo pode afetar o consumo (e o consumidor)?
Segundo especialistas consultados pelo g1, o consumo das famílias tem vindo em uma trajetória positiva desde o começo do ano, em meio aos estímulos feitos pelo governo. É o caso do reajuste do salário mínimo, o aumento do Bolsa Família e o pagamento de precatórios, por exemplo.
“Tudo isso acabou dando um gás para o consumo. Além disso, também temos uma massa salarial crescendo muito, com a população ocupada subindo e queda do desemprego. Com mais gente empregada e ganhando mais, é natural que o consumo aumente”, explica a economista-chefe do C6 Bank, Claudia Moreno.
Para os meses à frente, no entanto, a leitura já não é tão positiva. Além do impacto do dólar nos preços, que deve ser visto principalmente nos bens de consumo, há também uma pressão inflacionária vinda dos efeitos climáticos e da tragédia vista no Rio Grande do Sul (RS) na primeira metade do ano.
Os indicadores já começam a mostrar essa pressão. O último dado da inflação oficial do país, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mostra que os preços subiram 0,39% na prévia de junho, puxados pela alta no grupo de Alimentação e bebidas (0,62%).
Alimentos comuns na mesa do brasileiro contribuíram para a alta, com destaque para a batata inglesa, que disparou 20,61% e a cebola, por exemplo. O arroz também teve aumento (1,47%) — nesse caso refletindo a tragédia no Sul, uma vez que o RS é o maior produtor do grão no Brasil.
A perspectiva de reajustes mais severos em itens essenciais disparou um antigo gatilho do consumidor contra a inflação: as chamadas “compras de pânico”. Elas acontecem quando consumidores temem a falta de um produto nos mercados e acabam comprando mais unidades do que o habitual.
A empresa Neogrid possui um indicador específico que mede a ausência de produtos nas gôndolas dos supermercados brasileiros, o Índice de Ruptura. No mês de maio, por exemplo, ele registrou um aumento ao patamar de 13,4%. Esse é o percentual de produtos em falta em relação ao total de itens do catálogo de uma loja.
Dentre itens específicos, destaque foi justamente o arroz, que passou de 7,6% para 9,7%. Para entender esse número, fica o exemplo: se o mercado vende cinco marcas de arroz e uma delas está faltando em estoque, a ruptura desse produto seria de 20%.
“Parte da população comprou mais e estocou em casa. A atitude provocou aumento da ruptura do produto devido tanto à demanda ter crescido quanto à demora para o reabastecimento”, afirmou em nota o diretor da Neogrid Robson Munhoz.
Outros destaques, segundo a Neogrid, foram o detergente (de 7,9% para 8,8%), o café (de 8,1% para 8,8%) e a manteiga (de 5,6% para 6,8%).
Diante do aumento do Índice de Ruptura e das estimativas de que a inflação aumente até o final do ano, a leitura dos especialistas é que o consumo deve arrefecer no segundo semestre.
Para Queiroz, da Apas, a estimativa é a de que os supermercados acabem reagindo às variáveis que interferem no consumo, trazendo promoções quando possível e até promovendo os produtos de marca própria — que também são chamados de “marcas exclusivas”.
Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Marcio Milan, a preferência dos consumidores pelos produtos de marca própria já vinha crescendo ao longo do tempo, mesmo antes dessa expectativa de choque de preços.
Essa é uma alternativa frequentemente usada pelos consumidores e que ganhou força após a pandemia, em meio aos fortes aumentos de preços.
“O consumidor passa a procurar alternativas e os produtos de marca própria têm, em média, um preço de 20% a 30% menor do que o [produto] líder, mas com uma qualidade semelhante”, afirmou.