Dólar fecha em R$ 5,66, terceira alta seguida, após Lula dizer que ‘há um jogo de interesse’ contra o real

Dólar sobe e vai a R$ 5,70, após Lula dizer que ‘há um jogo de interesse’ contra o real; Ibovespa oscila
A moeda americana fechou em alta de 0,22%, cotado a R$ 5,6652 e no maior patamar em dois anos e meio. O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, opera em alta. Dólar
Karolina Grabowska/Pexels
O dólar voltou a operar em alta nesta terça-feira (2) e chegou à casa dos R$ 5,70. A moeda americana só deu alívio no fim do dia, depois de um enfraquecimento no exterior e rumores de que o BC poderia promover uma intervenção no mercado de câmbio. Terminou o dia na casa dos R$ 5,66, maior patamar desde 10 de janeiro de 2022, quando custava R$ 5,6742.
Mais uma vez, investidores repercutiram críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Banco Central do Brasil (BC), em especial as dirigidas à presidência da instituição.
Em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador (BA), Lula disse que há um "jogo de interesse especulativo" contra o real e que o governo avalia medidas. O presidente diz que a reação de alta da moeda americana após as críticas feitas por ele ao Banco Central e ao seu presidente, Roberto Campos Neto, "não têm explicação".
Na segunda-feira, Lula disse que o próximo presidente da instituição olhará para o Brasil "do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala". Após esses comentários, o dólar encerrou o dia vendido a R$ 5,6527, no maior patamar desde 10 de janeiro de 2022.
Mais tarde, durante a noite, Lula afirmou em discurso que que não tem que prestar contas a "banqueiro" ou a "ricaço", mas sim ao povo pobre do país.
Nesta terça, Campos Neto respondeu de forma indireta: disse que a interrupção do ciclo de quedas da taxa básica de juros "tem a ver muito mais com ruídos que nós criamos do que com os fundamentos [da economia]". (saiba mais abaixo)
É a terceira alta seguida do dólar. Em 27 de junho, custava R$ 5,5079.
28 de junho: R$ 5,5884;
1º de julho: R$ 5,6527;
2 de julho: R$ 5,6652.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, passou quase todo o dia em alta.
30 anos do Real: como era a vida antes do plano econômico que deu origem à moeda brasileira
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
O dólar fechou em alta de 0,22%, cotado a R$ 5,6652. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,7007. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
avanço de 1,37% na semana;
ganho de 1,37% no mês;
alta de 16,75% no ano.
No dia anterior, o dólar teve alta de 1,15%, cotado a R$ 5,6527.

Ibovespa
Nos últimos minutos do pregão, o Ibovespa subia 0,06%, aos 124.787 pontos.
Na véspera, o índice teve alta de 0,69%, aos 124.765 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,69% na semana;
ganhos de 0,69% no mês;
perdas de 7,02% no ano.

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O que está mexendo com os mercados?
Os olhos do mercado seguem voltados para as falas do presidente Lula em relação ao Banco Central, o presidente da instituição e a condução da política monetária no país.
Hoje, Lula disse que "não se pode inventar crises" e "jogar a culpa" da disparada do dólar nas últimas semanas nas declarações que ele deu.
"É um absurdo. Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. Há uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o Real nesse país. Eu tenho conversado com as pessoas o que a gente vai fazer. Estou voltando quarta-feira, vou ter uma reunião. Não é normal o que está acontecendo", argumentou Lula.
Ele voltou a falar, também, sobre o comando do BC, defendendo que a instituição seja autônoma e que Campos Neto tem um viés político.
"A gente precisa manter o Banco Central funcionando de forma correta, com autonomia, para que o presidente do Banco Central não fiquei vulnerável às pressões políticas. (…) Quando você é autoritário você resolve fazer com que o mercado se apodere de uma instituição que deveria ser do Estado. Ele não pode estar à serviço do sistema financeiro, ele não pode estar à serviço do mercado".
Nesta segunda, Lula já havia dito que o próximo presidente do BC deve olhar para o Brasil "do jeito que ele é e não do jeito que o sistema financeiro fala".
"Eu estou há dois anos com o presidente do Banco Central do [ex-presidente Jair] Bolsonaro, não é correto isso", afirmou o presidente nesta segunda-feira, ponderando que a autonomia do BC foi aprovada pelo Congresso e será respeitada.
"Eu tenho que, com muita paciência, esperar a hora de indicar o outro candidato, e ver se a gente consegue… ter um presidente do Banco Central que olhe o país do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala", acrescentou, destacando que "quem quer BC autônomo é o mercado".
O mandato de Campos Neto acaba em 2024 e que, desde 2021, a legislação brasileira determina a autonomia do BC, que deve tomar suas decisões sem interferência política. No entanto, Lula afirmou que vai indicar para a presidência da instituição alguém com "compromisso com o crescimento do país".
A legislação determina que o presidente e os diretores do BC terão mandatos de 4 anos não coincidentes com a presidência da República — um novo presidente assume o BC, então, no terceiro ano de mandato de cada presidente da República. Cabe ao presidente da república indicar nomes para o comando do BC, mas estes só serão aprovados com aval do Senado Federal.
Lula também disse que preza pela responsabilidade fiscal e que inflação baixa é sua obsessão, usando como exemplo a decisão do governo de manter a meta para a evolução dos preços em 3%. O presidente ainda afirmou, ontem à noite, que não tem que prestar contas "a nenhum ricaço desse país, a nenhum banqueiro".
"Tenho que prestar contas ao povo pobre, trabalhador deste país, que precisa que a gente tenha cuidado e que a gente cuide deles".
As falas recentes do presidente se juntam às críticas feitas por ele à instituição desde a semana passada. Lula disse que "a taxa de juros de 10,5% é irreal para uma inflação de 4%", reiterando que a Selic deve melhorar quando ele indicar o substituto de Campos Neto.
Nesta terça-feira, presidente do Banco Central deu uma resposta. Afirmou que a interrupção do ciclo de corte de juros pela instituição, em junho deste ano, "tem a ver muito mais com ruídos que nós criamos do que com os fundamentos [da economia]".
Ele não detalhou, na declaração, quem criou os ruídos citados. A declaração foi dada durante palestra no Forum on Central Banking, promovido pelo Banco Central Europeu (ECB), em Portugal (Sintra).
"Isso [interrupção dos cortes de juros] tem a ver muito mais com ruídos que nós criamos do que com os fundamentos [da economia]. E os ruídos estão relacionados com dois canais: um é a expectativa do caminho da política fiscal [arrecadação e gastos públicos], e o outro é a expectativa sobre o futuro da política monetária [decisões sobre a taxa de juros]", disse.
"Então, quando você tem esses dois [ruídos] ao mesmo tempo, criou-se uma incerteza suficiente que, para nós, precisávamos interromper e ver como podíamos arrumar esse canal, e como nós podemos nos comunicar melhor para eliminar esses ruídos", afirmou Campos Neto.
De acordo com ele, há uma "grande desconexão" entre os dados correntes da economia, como as informações sobre as contas públicas, e as informações sobre política monetária (inflação e seu impacto na taxa de juros) e as expectativas dos agentes do mercado financeiro.
"O que aconteceu no Brasil é que as expectativas começaram a subir apesar de os dados correntes [de inflação] estarem vindo conforme o esperado", explicou o presidente do BC.
Além do conflito entre governo e BC, o mercado segue atento ao cenário fiscal do país, principalmente após o resultado consolidado do setor público ter revelado um déficit superior às projeções do mercado, na semana passada.
Já no exterior, as atenções se voltam para a atividade econômica dos Estados Unidos. Segundo dados do Departamento do Comércio norte-americano, os gastos com construção caíram inesperadamente em maio, uma vez que as taxas de hipoteca mais altas pesaram sobre a construção de residências unifamiliares. O indicador teve queda de 0,1%, após alta de 0,3% em abril.
Além disso, informações do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês), indicaram que o setor manufatureiro dos EUA se contraiu pelo terceiro mês seguido em junho, de 48,7 para 48,5. Uma leitura acima de 50 indica crescimento no setor manufatureiro.

Equatorial: conheça a empresa que deve comprar 15% das ações da Sabesp

Dólar sobe e vai a R$ 5,70, após Lula dizer que ‘há um jogo de interesse’ contra o real; Ibovespa oscila
Companhia tem mais de 20 anos no mercado e atende mais de 13 milhões de clientes. Equatorial Energia
Equatorial
A Equatorial Energia, única empresa a apresentar proposta de compra das ações da Sabesp, é uma holding — gestora que controla outras empresas — de "utilities", como são chamadas as empresas que atuam no setor de energia, água e gás.
Com mais de 20 anos no mercado, a companhia opera majoritariamente como concessionária de energia nos estados do Alagoas, Amapá, Goiás, Maranhão, Pará, Piauí, e Rio Grande do Sul. É o 3º maior grupo de distribuição do país em número de clientes, atendendo mais de 13 milhões de pessoas nessas regiões.
A empresa atua também nos segmentos de transmissão de energia, telecomunicações e no de energias renováveis, além de ter entrado recentemente no setor de saneamento, após ter adquirido os serviços de água e esgoto do governo do Amapá no final de 2021, em uma concessão com prazo de 35 anos.
No primeiro trimestre deste ano, a Equatorial registrou um lucro líquido ajustado de R$ 384 milhões, alta de 40,9% em relação ao observado em igual período de 2023.
Em nota, a companhia afirmou que o valor oferecido por 15% das ações como acionista referência da Sabesp foi de R$ 67 por ação. A empresa ainda reiterou que "seguirá acompanhando todas as etapas e trâmites previstos no edital", que estão sendo conduzidos pela Sabesp e pelo Governo do Estado de São Paulo.
"A participação do Grupo Equatorial, como um dos principais líderes no setor de energia no país, no processo, é mais um passo na consolidação da companhia no segmento de saneamento brasileiro, expansão geográfica para a região sudeste e diversificação no segmento de infraestrutura", informou.
Primeira etapa da venda de ações
A Equatorial venceu a primeira etapa da venda de ações da Sabesp, tendo comprado 15% dos papéis por R$ 6,9 bilhões. Nesta fase, apenas empresas com experiência em saneamento poderiam participar.
A atual presidente do conselho de administração da Sabesp, Karla Bertocco Trindade, era membro do conselho de administração da Equatorial Energia e membro do comitê de regulação e inovação e do comitê operacional da companhia até dezembro do ano passado. Ela renunciou ao cargo em 29 de dezembro.
Em nota, a Equatorial informou que tem avaliado o setor de saneamento desde a edição do novo marco do segmento, o que motivou a participação da empresa em diversos leilões públicos.
"Nesse contexto, o trabalho então desempenhado pela conselheira independente, Sra. Karla Bertocco, a partir de 2022, no âmbito do Conselho de Administração da Equatorial, sempre esteve alinhado com as melhores práticas de governança da companhia e do mercado, sem qualquer atuação em potencial conflito de interesse", afirmou a empresa.
A Equatorial ainda ressaltou que a renúncia de Bertocco, em 2023, aconteceu "muito antes da definição das regras do processo de desestatização da Sabesp".
A empresa também reiterou que adota "os mais altos padrões de governança corporativa" e que consolidou nos últimos anos uma série de "políticas e regimentos importantes para fortalecer os níveis de segurança e confiabilidade de sua gestão."
"O grupo segue rigidamente um Código de Ética, que disciplina toda a conduta das empresas no Brasil e de seus executivos, em todos os seus negócios e relacionamentos", completou.
Já a Sabesp reiterou a informação de que Bertocco havia encerrado sua atuação no conselho de administração da Equatorial antes do início da modelagem da oferta pública da companhia e informou que sua participação em demais cargos de administração é pública desde sua eleição para presidente do conselho da Sabesp, em 2023.
"Destacamos que não havia, na ocasião, qualquer vedação a essa participação em outros conselhos, nem pela Lei das Estatais ou pela Lei das S.A.s, nem pelo Código de Conduta e Integridade da Sabesp", disse a companhia em nota oficial.
Tem início o período de reserva para quem quer comprar ações da Sabesp
Segunda etapa da venda de ações
No começo desta semana, a Sabesp deu início a segunda etapa do processo e abriu a venda de mais 17% de suas ações para investidores aptos a operar no mercado de ações, incluindo pessoas físicas.
Ao final do processo, dos 50,3% de ações que o governo de São Paulo detém atualmente:
32% serão de investidores;
18% permanecerão com o governo estadual.
Os demais papéis da companhia (49,7%) já estão na Bolsa de São Paulo e de Nova York. O governo do estado pretende finalizar a venda da empresa até 22 de julho.
Privatização
O projeto que autorizou a privatização da Sabesp foi aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo em dezembro de 2023. Na capital, a privatização foi aprovada na Câmara Municipal em 2 de maio deste ano.
Atualmente, metade das ações da empresa está sob controle privado, sendo que parte é negociada na B3 e parte na Bolsa de Valores de Nova York, nos Estados Unidos.
Mesmo com a aquisição de 15% das ações da Sabesp, a empresa ainda terá uma participação menor do que a do Governo do Estado de São Paulo.
Atualmente, a Sabesp atende:
28,1 milhões de clientes com abastecimento direto de água;
24,9 milhões de clientes com coleta direta de esgoto;
376 municípios no total.
No primeiro trimestre deste ano, a Sabesp registrou um lucro líquido de R$ 823,3 milhões, alta de 10,2% em comparação a igual período do ano passado. Em 2023, o lucro total anual da companhia foi de R$ 3,5 bilhões.

Tigrinho: Fazenda deve publicar neste mês portaria sobre apostas on-line

Dólar sobe e vai a R$ 5,70, após Lula dizer que ‘há um jogo de interesse’ contra o real; Ibovespa oscila
Setor avalia que lei das bets autoriza caça-níqueis virtuais como o Fortune Tiger. Segundo ministério, é preciso aguardar normas para avaliar quais jogos vão se enquadrar ou não nos critérios legais. Jofos de aposta online.
Fábio Santos/g1
O Ministério da Fazenda (MF) informou que deve publicar, neste mês, a portaria que vai regulamentar os jogos de aposta on-line. Nela, devem estar definidos os critérios técnicos e jurídicos para a modalidade ser reconhecida como legal (entenda mais abaixo).
🎰 A lei 14.790/2023 – que regulamentou o setor e criou diretrizes para as bets – define que os jogos on-line são aqueles em que o resultado é determinado de forma aleatória, a partir de um gerador randômico de números, símbolos, figuras ou objetos – definido por sistema de regras.
Essa lei, no entanto, gerou um debate no mundo jurídico. Isso porque, para alguns integrantes do setor de apostas e especialistas, além de liberar as bets, autoriza a oferta de jogos de caça-níqueis on-line, conhecidos como slot games. O mais popular hoje é o Fortune Tiger (ou jogo do tigrinho).
A Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), por exemplo, afirma que o "Fortune Tiger consiste em um jogo de chance, na modalidade de quota fixa [em que o apostador sabe o quanto pode ganhar de acordo com o valor apostado], e não um jogo de azar, proibido pela Lei de Contravenções Penais".
Fábio Jantalia, advogado especialista em apostas e jogos, também diz que, além do jogo do tigrinho se enquadrar perfeitamente no conceito de quota fixa, o apostador, ao jogar, tem de antemão o quanto ele poderá ganhar com o valor apostado.
"Sobre esses aspectos, o jogo do tigre é perfeitamente enquadravel no disposto na Lei 14.790 e, portanto, poderá ser regularmente oferecido no Brasil, desde que haja um pedido de autorização para a oferta aqui no Brasil", afirma o especialista.
Para o Ministério da Fazenda, no entanto, até o momento, não é possível dizer se o jogo do tigrinho cumpre os critérios necessários para ser oferecido legalmente.
Reprodução do jogo do tigrinho
Reprodução
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E o que deve mudar com a nova portaria?
Segundo o Ministério da Fazenda, a portaria prevista para esse mês deve garantir que os jogos de aposta online cumpram algumas exigências para serem reconhecidos legalmente. Uma delas é que terão de ser submetidos a uma certificação emitida por empresas habilitadas pela pasta.
Até hoje, quatro certificadoras foram homologadas: Gaming Associates Europe Ltd, BMM Spain Testlabs, eCogra Limited e Gaming Laboratories International LLC. Essas empresas atestarão se os jogos seguiram os critérios legais e regulamentares.
❌ Os jogos que não passarem por essa certificação não poderão ser considerados legais.
"(Além disso), os jogos deverão ser ofertados por operadores de apostas que tiverem autorização", diz a pasta. Os sites autorizados terão endereços terminados em bet.br.
Segundo o ministério, até o momento, apenas uma plataforma pediu autorização para operar no Brasil – a Kaizen, dona da marca Betano. As empresas que tiverem interesse em oferecer esses jogos terão até 31 dezembro de 2024 para se adequarem à nova legislação.
"A partir de 1º de janeiro de 2025, serão iniciadas as atividades de monitoramento e fiscalização e eventualmente de sanção das empresas que tiverem sido autorizadas. Aquelas que não tiverem uma autorização do Ministério da Fazenda não poderão ofertar serviço em nível nacional."
O g1 perguntou ao ministério se, com as novas regras, especificamente o jogo do tigrinho será proibido ou não, mas até a publicação desta reportagem não teve retorno.
Jogo do Tigrinho usa tecnologia para atrair apostadores ilegalmente
Especialistas destacam também que hoje, os slot games, são oferecidos principalmente por plataformas hospedadas em Malta, Curaçao, Gibraltar e Reino Unido, mesmo que tenham sócios brasileiros.
Segundo o ministério, com a lei, só poderão operar no Brasil empresas brasileiras estabelecidas segundo a legislação nacional que tiverem obtido a autorização da Secretaria de Prêmios e Apostas.
"E eventuais empresas estrangeiras que queiram operar no país precisarão criar uma empresa nacional, que seguirá a regulação brasileira".

Camisa da seleção a R$ 899? ‘Inflação do torcedor’ tem amarelinha e cerveja mais caras, mas carne mais barata

Dólar sobe e vai a R$ 5,70, após Lula dizer que ‘há um jogo de interesse’ contra o real; Ibovespa oscila
Marcos Milan, professor da FIA Business School, levantou preços de itens cujo consumo cresce em períodos de jogos da seleção. Nike e CBF relançam o uniforme da seleção brasileira de 1998.
Divulgação/Nike
O relançamento de uma camisa da seleção brasileira, usada durante a Copa do Mundo de 1998, movimentou as redes sociais dias antes da estreia do Brasil na Copa América, na semana passada.
A edição histórica da Nike era muito esperada pelo torcedor, mas o grande destaque deixou de ser o modelo. A camisa custa "salgados" R$ 899.
Há parcelamento em até oito vezes, conforme anúncio no site da marca esportiva. No PIX, tem desconto: R$ 854,99.
"Isso foi uma das maiores sacanagens que eu já vi", escreveu um torcedor na rede social X. "900 reais numa camisa da seleção em um país onde a maioria que acompanha o futebol mal recebe 1.400 por mês", comparou outra internauta.
Procurada pelo g1, a Nike não comentou sobre o tema até a última atualização desta reportagem.
Os modelos das camisas atuais da seleção brasileira custam cerca de R$ 350 na versão para torcedor e mais de R$ 600 na versão "jogador". Mas torcer pela seleção está realmente mais caro?
Um levantamento feito pelo professor Marcos Milan, da FIA Business School, mostra que alguns dos itens mais consumidos durante jogos da seleção tiveram alta de dois dígitos desde 2021, ano da última edição da Copa América.
Os avanços nos preços vão do álbum de figurinhas, com alta de 25%, à camisa canarinho, que em suas versões tradicionais teve aumento de 16% no período.
Por outro lado, os custos de dois itens importantes para os brasileiros recuaram de lá para cá: a tradicional carne do churrasco (-1,51%) e o televisor (-2,17%).
Para efeito de comparação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, chegou a 24,57% nos últimos três anos. Isso significa que boa parte dos itens ficaram abaixo da inflação oficial acumulada desde a última Copa América.
Veja abaixo:

Churrasco mais barato — em partes
Apesar da queda no preço da carne, bebidas tradicionalmente consumidas no churrasco do brasileiro tiveram alta acima da inflação desde 2021. É o caso do refrigerante e da cerveja no domicílio, cujos preços avançaram 29,54% e 26%, respectivamente.
O professor Marcos Milan, da FIA, destaca que a inflação acumulada no período é resultado de dois fatores bastante específicos: os resquícios da pandemia de Covid-19 e as eleições presidenciais de 2022.
"A pandemia causou um aumento bastante expressivo no consumo de itens em casa, impactando diretamente o consumo de cerveja, água e refrigerante em domicílio", explica. "Em anos eleitorais, a inflação também tende a ser mais elevada."
Milan também destaca que a variação de preços dos itens analisados passou a desacelerar a partir de 2023. Principal item do churrasco, a carne apresentou queda de 11,8% de janeiro de 2023 até maio de 2024.
"Enquanto isso, a aquisição de novos aparelhos de televisão tem acumulado queda desde 2022. Para o período de janeiro de 2023 a maio de 2024, a queda é de 12,75%", pontua.
O professor também destaca o aumento do modelo tradicional da camisa da seleção brasileira — excluindo o relançamento da edição da Copa de 1998.
"O novo modelo lançado pela Nike custa R$ 349,90, uma alta de mais de 16% em relação aos R$ 299,90 do modelo anterior", conclui.
Nova camisa da seleção brasileira, lançada em 2023.
Divulgação/Nike
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No dia anterior, a moeda americana subiu 1,15%, cotada em R$ 5,6527. O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, teve alta de 0,69%, aos 124.765 pontos. Dólar
Karolina Grabowska/Pexels
O dólar voltou a operar em alta nesta terça-feira (2) e já encosta nos R$ 5,70, com investidores ainda repercutindo as mais recentes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Banco Central do Brasil (BC), em especial as dirigidas à presidência da instituição.
Em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador (BA), Lula disse que há um "jogo de interesse especulativo" contra o real e que o governo avalia medidas. O presidente diz que a reação de alta da moeda americana após as críticas feitas por ele ao Banco Central e ao seu presidente, Roberto Campos Neto, "não têm explicação".
Na segunda-feira, Lula disse que o próximo presidente da instituição olhará para o Brasil "do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala". Após esses comentários, o dólar encerrou o dia vendido a R$ 5,6527, no maior patamar desde 10 de janeiro de 2022.
Mais tarde, durante a noite, Lula afirmou em discurso que que não tem que prestar contas a "banqueiro" ou a "ricaço", mas sim ao povo pobre do país.
Nesta terça, também, Campos Neto respondeu de forma indireta: disse que a interrupção do ciclo de quedas da taxa básica de juros "tem a ver muito mais com ruídos que nós criamos do que com os fundamentos [da economia]". (saiba mais abaixo)
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, inverteu o sinal e opera em baixa.
30 anos do Real: como era a vida antes do plano econômico que deu origem à moeda brasileira
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Às 14h50, o dólar subia 0,83%, cotado a R$ 5,6997. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,7004.Veja mais cotações.
No dia anterior, o dólar teve alta de 1,15%, cotado a R$ 5,6527.
Com o resultado, acumulou:
avanço de 1,15% na semana;
ganho de 1,15% no mês;
alta de 16,49% no ano.

Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,09%, aos 124.658 pontos.
Na véspera, o índice teve alta de 0,69%, aos 124.765 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,69% na semana;
ganhos de 0,69% no mês;
perdas de 7,02% no ano.

DINHEIRO OU CARTÃO? Qual a melhor forma de levar dólares em viagens?
DÓLAR: Qual o melhor momento para comprar a moeda?
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
Os olhos do mercado seguem voltados para as falas do presidente Lula em relação ao Banco Central, o presidente da instituição e a condução da política monetária no país.
Hoje, Lula disse que "não se pode inventar crises" e "jogar a culpa" da disparada do dólar nas últimas semanas nas declarações que ele deu.
"É um absurdo. Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. Há uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o Real nesse país. Eu tenho conversado com as pessoas o que a gente vai fazer. Estou voltando quarta-feira, vou ter uma reunião. Não é normal o que está acontecendo", argumentou Lula.
Ele voltou a falar, também, sobre o comando do BC, defendendo que a instituição seja autônoma e que Campos Neto tem um viés político.
"A gente precisa manter o Banco Central funcionando de forma correta, com autonomia, para que o presidente do Banco Central não fiquei vulnerável às pressões políticas. (…) Quando você é autoritário você resolve fazer com que o mercado se apodere de uma instituição que deveria ser do Estado. Ele não pode estar à serviço do sistema financeiro, ele não pode estar à serviço do mercado".
Nesta segunda, Lula já havia dito que o próximo presidente do BC deve olhar para o Brasil "do jeito que ele é e não do jeito que o sistema financeiro fala".
"Eu estou há dois anos com o presidente do Banco Central do [ex-presidente Jair] Bolsonaro, não é correto isso", afirmou o presidente nesta segunda-feira, ponderando que a autonomia do BC foi aprovada pelo Congresso e será respeitada.
"Eu tenho que, com muita paciência, esperar a hora de indicar o outro candidato, e ver se a gente consegue… ter um presidente do Banco Central que olhe o país do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala", acrescentou, destacando que "quem quer BC autônomo é o mercado".
O mandato de Campos Neto acaba em 2024 e que, desde 2021, a legislação brasileira determina a autonomia do BC, que deve tomar suas decisões sem interferência política. No entanto, Lula afirmou que vai indicar para a presidência da instituição alguém com "compromisso com o crescimento do país".
A legislação determina que o presidente e os diretores do BC terão mandatos de 4 anos não coincidentes com a presidência da República — um novo presidente assume o BC, então, no terceiro ano de mandato de cada presidente da República. Cabe ao presidente da república indicar nomes para o comando do BC, mas estes só serão aprovados com aval do Senado Federal.
Lula também disse que preza pela responsabilidade fiscal e que inflação baixa é sua obsessão, usando como exemplo a decisão do governo de manter a meta para a evolução dos preços em 3%. O presidente ainda afirmou, ontem à noite, que não tem que prestar contas "a nenhum ricaço desse país, a nenhum banqueiro".
"Tenho que prestar contas ao povo pobre, trabalhador deste país, que precisa que a gente tenha cuidado e que a gente cuide deles".
As falas recentes do presidente se juntam às críticas feitas por ele à instituição desde a semana passada. Lula disse que "a taxa de juros de 10,5% é irreal para uma inflação de 4%", reiterando que a Selic deve melhorar quando ele indicar o substituto de Campos Neto.
Nesta terça-feira, presidente do Banco Central deu uma resposta. Afirmou que a interrupção do ciclo de corte de juros pela instituição, em junho deste ano, "tem a ver muito mais com ruídos que nós criamos do que com os fundamentos [da economia]".
Ele não detalhou, na declaração, quem criou os ruídos citados. A declaração foi dada durante palestra no Forum on Central Banking, promovido pelo Banco Central Europeu (ECB), em Portugal (Sintra).
"Isso [interrupção dos cortes de juros] tem a ver muito mais com ruídos que nós criamos do que com os fundamentos [da economia]. E os ruídos estão relacionados com dois canais: um é a expectativa do caminho da política fiscal [arrecadação e gastos públicos], e o outro é a expectativa sobre o futuro da política monetária [decisões sobre a taxa de juros]", disse.
"Então, quando você tem esses dois [ruídos] ao mesmo tempo, criou-se uma incerteza suficiente que, para nós, precisávamos interromper e ver como podíamos arrumar esse canal, e como nós podemos nos comunicar melhor para eliminar esses ruídos", afirmou Campos Neto.
De acordo com ele, há uma "grande desconexão" entre os dados correntes da economia, como as informações sobre as contas públicas, e as informações sobre política monetária (inflação e seu impacto na taxa de juros) e as expectativas dos agentes do mercado financeiro.
"O que aconteceu no Brasil é que as expectativas começaram a subir apesar de os dados correntes [de inflação] estarem vindo conforme o esperado", explicou o presidente do BC.
Além do conflito entre governo e BC, o mercado segue atento ao cenário fiscal do país, principalmente após o resultado consolidado do setor público ter revelado um déficit superior às projeções do mercado, na semana passada.
Já no exterior, as atenções se voltam para a atividade econômica dos Estados Unidos. Segundo dados do Departamento do Comércio norte-americano, os gastos com construção caíram inesperadamente em maio, uma vez que as taxas de hipoteca mais altas pesaram sobre a construção de residências unifamiliares. O indicador teve queda de 0,1%, após alta de 0,3% em abril.
Além disso, informações do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês), indicaram que o setor manufatureiro dos EUA se contraiu pelo terceiro mês seguido em junho, de 48,7 para 48,5. Uma leitura acima de 50 indica crescimento no setor manufatureiro.