Elon Musk teve 12 filhos e três ex-mulheres: saiba quem é quem na vida familiar do bilionário

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Bilionário confirmou que teve mais bebê no começo deste ano com a executiva Shivon Zills. Antes, ele relacionou com atrizes, cantora e escritora. Elon Musk em foto de 16 de junho de 2023
REUTERS/Gonzalo Fuentes/File Photo
O bilionário Elon Musk tem 12 filhos, com diferentes mulheres. O bebê que nasceu mais recentemente é fruto da relação com Shivon Zills, executiva da Neuralink, a startup de Musk que atua no segmento de saúde e chips cerebrais.
Zills é canadense e tem 38 anos. Segundo a publicação Business Insider, ela nasceu em Markham, Ontário, e cresceu jogando hóquei no gelo.
Frequentou a Universidade de Yale, uma das mais respeitadas dos Estados Unidos, e atuou como goleira do time feminino de hóquei no gelo enquanto estudava na instituição. Também de acordo com a publicação, Zills se formou em 2008 em economia e filosofia.
Zills tem um perfil verificado na rede social X (antigo Twitter, que também pertence a Musk), no qual costuma postar bastante, geralmente reflexões sobre a vida e fotos dos filhos.
Além do bebê que nasceu no início do ano (cujo nome e o sexo não foram revelados), ela tem um casal de gêmeos com Musk: Strider e Azure, nascidos em 2021.
Os outros filhos e as outras ex
Ao todo, Musk tem 12 filhos, com três mulheres diferentes (Justine e Grimes, além de Shivon).
Com a primeira mulher, Justine, Musk teve seis filhos: os gêmeos Griffin e Vivian, que se identifica como mulher trans, nascidos em 2004, e os trigêmeos Damian, Saxon e Kai, de 2006. Um outro filho do casal morreu subitamente poucas semanas após o nascimento.
Justine também é canadense, tem 51 anos e é escritora. Sua obra mais famosa é "Bloodangel" (sem tradução para o português).
Depois, com a cantora Grimes, Musk teve mais três filhos (e de nomes bem exóticos). X AE A-XII, nascido em 2020 e chamado também de "X"; Exa Dark Sideræl Musk, em 2022; e Techno Mechanicus, revelado na biografia do empresário, publicada em 2023. Ele tem o apelido "Tau".
Veja abaixo, em infográfico, quem são as ex-mulheres e quem são os filhos de Elon Musk:
Veja quem são os 12 filhos de Elon Musk
g1
Outras famosas…
Musk também se relacionou com outras artistas… Segundo um agente, a atriz Amber Heard teve um relacionamento com Musk em 2016.
O jornal britânico "The Guardian" afirmou, em reportagem, que eles se relacionaram dois meses depois de ela ter feito acusações contra Johnny Depp.
Amber Heard em foto de arquivo
Evelyn Hockstein/Pool/Reuters
E… Antes de Heard, Musk namorou (e até casou por duas vezes) com outra atriz: Talulah Riley (eles não tiveram filhos juntos).
Britânica, ela atuou em "Orgulho e Preconceito" e "A Origem". Eles se casaram pela primeira vez em 2010 e se divorciaram em 2012. Eles se casaram novamente 18 meses depois e voltaram a se separar.
Fortuna de Musk
Com 52 anos, Musk era, na última segunda-feira (24), o homem mais rico do mundo, pela lista da Forbes.
Ele é dono de negócios diversos, como o antigo Twitter, que rebatizou de X, a fabricante de carros elétricos Tesla, a empresa aeroespacial SpaceX, que tem um braço para internet via satélite chamado Starlink, além da Neuralink, focada em chips cerebrais.
Polêmico, arruma briga até com o Brasil: quem é Elon Musk
Elon Musk e Grimes no Met Gala 2018
Jason Kempin/Getty Images North America/Getty Images via AFP/Arquivo
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Elon Musk e Shivon Zills com primeiros dois filhos do casal; o nascimento de um terceiro foi confirmado pelo bilionário neste ano
Reprodução/Twitter @WalterIsaacson
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MPF desenha ‘hierarquia da fraude’ das Americanas; esquema tinha 5 níveis

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Parecer do Ministério Público Federal estipula a ordem de comando na fraude fiscal investigado dentro da Americanas. Ex-CEO da companhia, Miguel Gutierrez, foi preso em Madri. Ministério Público Federal desenha "hierarquia da fraude" em esquema investigado na Americanas.
Ministério Público Federal
O parecer do Ministério Público Federal (MPF) sobre a suposta atuação de executivos em fraudes contábeis das Lojas Americanas traz um organograma do esquema, investigado no âmbito da Operação Disclosure, da Polícia Federal (PF).
De acordo com o documento obtido pelo g1, a “hierarquia da fraude”, nome dado pelo próprio MPF, tinha 5 escalões e era chefiada pelo ex-CEO da companhia, Miguel Gutierrez. O executivo foi preso nesta sexta-feira (28), em Madri, mas acabou solto na audiência de custódia.
Segundo o parecer, os investigados constituíam uma “verdadeira associação paralela, cujas funções não correspondiam às suas atribuições na empresa, para o fim de cometer crimes ao longo do tempo”.
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Veja, abaixo, como o esquema foi dividido:
1º escalão
Posto ocupado apenas pelo ex-CEO Miguel Gutierrez, tendo como subordinada direta no esquema Anna Christina Ramos Saicali, ex-diretora nas Americanas. Ela chegou a ter uma prisão preventiva determinada pela Justiça, mas que acabou substituída por medidas cautelares.
A ex-diretora da Americanas Anna Christina Ramos Saicali e o ex-CEO Miguel Gutierrez
JN
Gutierrez, aponta o MPF, “estava ciente de todas as fraudes praticadas, inclusive sugerindo ele mesmo alterações nos balanços que seriam investigados”. “Ademais, apesar de a B2W ser, à época, uma empresa independente da Lasa [Lojas Americanas S/A], foram juntadas provas de que Miguel Gutierrez também era destinatário dos e-mails que tratavam das manobras fraudulentas da B2W.”
2º escalão
Saicali aparece como única integrante do 2º escalão, diz o Ministério Público Federal.
“As provas deixam claro que Anna Saicali possuía uma forte ascendência de comando nas fraudes praticadas. Era a principal responsável por comandar as fraudes na empresa B2W (sendo comunicadas pelos escalões inferiores dos diversos crimes praticados), enquanto chefiou a referida empresa, porém sempre cientificando Miguel Gutierrez sobre o esquema criminoso", diz o MPF.
3º escalão
No 3º escalão estão Timotheo Barros (ex-diretor da B2W, ex-diretor presidente de Lasa e ex-CEO/CFO da Americanas S.A plataforma física] e Marcio Cruz (ex-diretor presidente da B2W, ex-CEO da Americanas S.A. plataforma digital).
Esse nível, aponta a investigação, fazia a interligação entre os executores da fraude e a cúpula da empresa, cobrando informações dos escalões inferiores e pedindo autorizações e repassando ordens dos superiores.
Segundo o MPF, tinham canal direto com Anna Saicali e Miguel Gutierrez e, ao mesmo tempo, debatiam e participavam frontalmente das fraudes perpetradas ao longo do tempo nas empresas. Muitas das ordens para execuções das fraudes eram por eles materializadas, conforme narrado anteriormente.
4º escalão
Ministério Público Federal desenha "hierarquia da fraude" em esquema investigado na Americanas.
Ministério Público Federal
Segundo o parecer do MPF, "no quarto escalão estava a maioria dos investigados. Ali, apesar de ainda possuírem uma hierarquia de comando, já estavam submetidos às ordens dos demais agentes criminosos".
Esse grupo possuía um poder de decisão mais limitado e precisava se reportar para dar continuidade nas fraudes.
Fazem parte do 4º escalão:
Carlos Eduardo Rosalba Padilha – ex-diretor operacional da B2W e ex-CFO/Diretor de Relações com Investidores de Lojas Americanas S.A.;
Fábio da Silva Abrate – ex-diretor financeiro e de relações com investidores da B2w e ex-diretor executivo da Americanas S.A.;
Anna Christina da Silva Sotero – ex-diretora estatuária comercial da B2w, ex-diretora executiva comercial em Americanas S.A.;
Fabien Pereira Picavet – ex-diretor executivo de relação com investidores da Lasa e ex-diretor executivo de relação com investidores em Americanas S.A;
Jean Lessa – ex-diretor estatutário de tecnologia de informação da Lasa, ex-diretor executivo de tecnologia de Informação de Americanas S.A. e ex-diretor executivo de Americanas S.A.;
Luiz Saraiva – ex-diretor de tesouraria de asa, ex-chief financial officer de Lasa;
Maria Christina Ferreira do Nascimento – ex-diretora estatuária comercial de Lasa e ex-diretora executiva comercial em Americanas S.A.;
Marcelo Nunes – ex-funcionário e colaborador da investigação;
Murilo dos Santos Correa – ex-CFO de Lasa;
Raoni Lapagesse Franco Fabiano – ex-diretor executivo de relações com investidores de B2W.
Segundo as investigações, Fabien Picavet era o responsável por avaliar os números fechados nos trimestres e enviava as sugestões quanto à redação das notas explicativas para melhor atender às expectativas do mercado.
O então diretor-executivo de relações com investidores da Lasa formatava, segundo parecer do MPF, arquivo verdes e vermelhos, que "serviam para que a cúpula da associação criminosa se balizasse pelas expectativas dos analistas de mercado quando definisse os números finais de cada balanço fraudulento".
Membro do 4º escalão, ele também repassava falsas informações a analistas de mercado, a fim de ancorar as expectativas destes em relação aos resultados da empresa. "Tinha papel fundamental para a manipulação do mercado de capitais", diz o parecer.
A conexão do 4º escalão com o 3º escalão ocorria por meio de Fábio Abrate, diz o MPF.
"Praticava atos fraudulentos diretamente, repassava ordens para a prática de delitos aos seus subordinados, debatia o planejamento das manobras artificiosas com seus pares e ainda possuía participação nas discussões criminosas com os escalões superiores", diz o documento.
5º escalão
No último escalão do esquema desenhado pelo Ministério Público Federal aparece a colaboradora da investigação Flávia Carneiro. Subordinada de Marcelo Nunes, ela era responsável por executar diversas das fraudes contábeis realizadas ao longo do tempo.
Ela aparece em uma troca de e-mails com Carlos Padilha, onde o executivo pede para que ela repasse um anexo que discriminava valores falsos de Verba de propaganda cooperada (VPC) para Gutierrez, utilizando um pen drive.
A Americanas afirma que é vítima da antiga administração.
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A prisão de Gutierrez é parte da Operação Disclosure, deflagrada na quinta-feira (28) pela Polícia Federal.
Além do ex-CEO e de Anna Saicali, outros ex-executivos da Americanas foram alvos de busca. Ao todo, a Justiça Federal determinou o bloqueio de R$ 500 milhões dos envolvidos.
De acordo com a PF, a fraude maquiou os resultados financeiros do conglomerado a fim de demonstrar um falso aumento de caixa e consequentemente valorizar artificialmente as ações das Americanas na bolsa.
Com esses números manipulados, segundo a PF, os executivos recebiam bônus milionários por desempenho e obtinham lucros ao vender as ações infladas no mercado financeiro.
A maquiagem foi detectada em pelo menos 2 operações:
Risco sacado: antecipação do pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto a bancos;
Verba de propaganda cooperada (VPC): incentivos comerciais que geralmente são utilizados no setor, mas no presente caso eram contabilizadas VPCs que nunca existiram.
Foram identificados vários crimes, como manipulação de mercado, uso de informação privilegiada (ou insider trading), associação criminosa e lavagem de dinheiro. Caso sejam condenados, os alvos poderão pegar até 26 anos de prisão.
A força-tarefa contou com procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e representantes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A atual administração do Grupo Americanas também contribuiu com o compartilhamento de informações da empresa.
Disclosure, expressão utilizada pela Polícia Federal para designar a operação, é um termo do mercado de capitais referente ao fornecimento de informações para todos os interessados na situação de uma companhia e tem relação com a necessidade de transparência das empresas de capital aberto.
O que dizem os citados
A defesa de Miguel Gutierrez, preso nesta sexta, declarou que ele jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude, e que tem colaborado com as autoridades.
O advogado Renato Tonini, responsável pela defesa de Fabien Pereira Picavet, disse ao g1 que ainda não teve acesso a todo material do inquérito, assim como as colaborações. Por conta disso, o advogado informou que não iria se manifestar no momento.
A defesa de José Timotheo de Barros disse que "desde o início das apurações, documentos, informações econômicas e dados telemáticos foram colocados à disposição para a apuração do caso". Os advogados também esperam que "seja concedido pela Justiça o reiterado pedido de acesso às delações premiadas".
O escritório de advocacia que faz a defesa de Anna Christina Ramos Saicali também foi procurado, mas não se manifestou até a última atualização desta reportagem.
Os advogados responsáveis por cada um dos demais citados nas investigações do MPF também foram procurados pelo g1. Contudo, até a última atualização desta reportagem, não houve retorno.
A Americanas divulgou a seguinte nota:
“A Americanas reitera sua confiança nas autoridades que investigam o caso e reforça que foi vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes. A Americanas acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos.”

30 anos do Real: R$ 1 de hoje equivale a apenas R$ 0,12 da época

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A inflação acumulada desde junho de 1994, quando o real foi lançado, é de 708%. Para ter o mesmo poder de compra da época, seriam necessários R$ 8,08 para cada R$ 1. Cédulas de real
Reprodução
A inflação brasileira acumula uma alta de 708% entre o dia 1° de julho de 1994 e a última divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de maio.
Em outras palavras: no aniversário de 30 anos do Plano Real, uma moeda de R$ 1 equivaleria a apenas R$ 0,12 da época de seu lançamento.
Embora a inflação acumulada em três décadas seja bastante expressiva, é preciso reconhecer o sucesso do Plano Real, no governo de Itamar Franco, para resolver o caos inflacionário.
Nas décadas de 1980 e 1990, o país vivia uma hiperinflação que chegou a ultrapassar os 2.500% ao ano. Da entrada do real em circulação para cá, anos ruins de inflação são aqueles em que IPCA chega à casa dos 10% na janela de 12 meses.
Ainda assim, o valor nominal do dinheiro caiu bastante: para comprar o equivalente a R$ 1 daquela época, seria necessário desembolsar R$ 8,08 atualmente.
Para ter o mesmo poder de compra de julho de 1994, seriam necessários, hoje:
R$ 40,40 para uma nota de R$ 5 da época;
R$ 404,01 para uma nota de R$ 50 da época;
R$ 808,02 para uma nota de R$ 100 da época.
Outras notas
Além das notas de R$ 1, R$ 5, R$ 10 e R$ 100, o "kit original" lançado inicialmente pelo Plano Real, cédulas de outros valores também foram desenvolvidas com o passar dos anos.
Em dezembro de 2001, foi lançada a nota de R$ 2. Para ter o mesmo poder de compra da época em que ela foi lançada, seriam necessários R$ 7,69. A inflação acumulada de lá para cá é de 284,63%, segundo o Banco Central do Brasil (BC).
Em junho de 2002, chegou às ruas a nota de R$ 20. Hoje, para ter o poder de compra que se tinha quando foi lançada, seriam necessários R$ 74,56. O IPCA acumulado do período é de 272,78%.
A última nota a ser criada foi a de R$ 200, que começou a circular no dia 2 de setembro de 2020, em meio à pandemia de Covid-19. Em quase três anos, a inflação já acumula uma alta de 29,29% e, hoje, seriam necessários R$ 258,59 para ter o mesmo poder de compra.
O Plano Real
O real completa 30 anos de existência nesta segunda-feira (1°). O plano que deu origem à moeda nasceu sob a gestão de Itamar Franco, que tinha Fernando Henrique Cardoso como ministro da Fazenda.
O Plano Real marcou o fim de um dos períodos de maior instabilidade econômica e monetária do Brasil. Teve seu processo iniciado em 1993 e tinha como objetivo controlar a hiperinflação no país, que ultrapassava os quatro dígitos.
De acordo com informações do BC, no acumulado em 12 meses entre julho de 1993 e junho de 1994, quando o real foi implementado, a inflação chegou a encostar no nível de 5.000%.
Apenas para se ter uma ideia, de lá para cá, "mesmo com as várias crises internacionais e internas que prejudicaram a estabilização econômica, o IPCA acumulado em 12 meses passou de 9% em poucas ocasiões", destaca a instituição.
A implementação do real como a moeda nacional foi a última etapa do plano monetário.

Leve agora, pague depois: jovens americanos ‘descobrem’ compras parceladas e contraem dívidas ‘invisíveis’

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Especialistas dos Estados Unidos debatem o perigo dessas dívidas, que são invisíveis para economistas e para o próprio Estado, que não sabe ao certo o tamanho do problema. carteira dívida contas dinheiro pagamento e-commerce boleto
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Nos últimos dois anos, os americanos descobriram a "mágica" do método de pagamento Buy Now, Pay Later ("Compre agora, pague depois", em inglês).
A febre é tamanha, em especial entre os mais jovens, que o "BNPL" ganhou até tutoriais de uso no TikTok. Acontece que a possibilidade de pagar mais tarde também gera uma longa lista de novos endividados nos Estados Unidos.
💲 O que é BNPL? É um tipo de financiamento a curto prazo que permite que os consumidores façam compras (geralmente on-line) e paguem depois. Diferentemente da compra parcelada no cartão de crédito, a opção se assemelha mais a um empréstimo pessoal, geralmente isento de juros — desde que a pessoa pague as parcelas dentro do prazo e integralmente. Neste caso, as parcelas costumam ser quinzenais, e não mensais.
Mas os boletos estão vencendo e acumulando. E muitos jovens consumidores podem não saber bem como irão pagá-los. Além da questão da possível inadimplência, o que está em debate por lá é que essas dívidas são invisíveis para economistas e, até mesmo, para o próprio Estado, que não sabe ao certo o tamanho do endividamento dessas pessoas.
Carla Beni, economista e professora da Fundação Getulio Vargas (FGV), explica que o BNPL nada mais é do que uma parceria entre empresas financeiras e varejistas.
"Essa parceria permite que os clientes paguem parcelado, em um modelo de quatro parcelas sem juros a cada duas semanas. No lugar de você gastar US$ 100, você só enxerga US$ 25. Não fazem uma avaliação de crédito e está sendo usado por pessoas que não teriam esse crédito normalmente no próprio cartão", diz.
O meio de pagamento existe há mais de 10 anos no país, mas começou a crescer durante a pandemia de Covid-19 e ajudou a impulsionar os resultados de plataformas focadas no e-commerce: "algumas cresceram na casa dos 20%", destaca Beni. Já o parcelamento em semanas está relacionado ao conceito americano de renda semanal, e não mensal como no Brasil.
Endividamento obscuro
A partir do momento em que mais pessoas se endividam mais, o problema passa a ser do Estado, que precisa resolver uma 'epidemia' de crédito é ruim, avalia Carla Beni.
"Uma das funções do Banco Central é controlar o volume de crédito no país. Vamos imaginar que os Estados Unidos tenham um volume de crédito equivalente a 100% do PIB, e isso possa estar crescendo em escala, a ponto de provocar uma mudança na economia pela inadimplência muito grande", contextualiza a professora.
Até o momento, não está claro com que frequência as contas do BNPL não são pagas. "As pessoas que utilizam os serviços têm duas vezes mais probabilidades de estarem inadimplentes em outro produto de crédito, como um empréstimo de carro ou uma hipoteca", alerta.
"O motor do sistema capitalista é o crédito e o endividamento", complementa.
Regulamentação
De acordo com uma pesquisa divulgada pela e-Marketer, embora não seja tão predominante quanto os cartões de crédito, cartões de débito ou PayPal, o BNPL foi usado por 14% dos compradores digitais dos EUA para fazer pelo menos uma compra digital em 2023.
O estudo prevê que em 2024 a adesão de jovens ao BNPL seja ainda mais representativa. Apesar da popularização entre os grupos mais jovens, existe uma tensão ascendente entre as empresas do BNPL e os bancos tradicionais, que cobram regulamentação para a indústria.
Em 2022, a Consumer Financial Protection Bureau (CFPB), agência responsável pela proteção aos consumidores de produtos financeiros, informou que planeja regular empresas do tipo BNPL. Na época, a agência enxergava riscos potenciais para os consumidores, tais como: proteções inconsistentes ao consumidor, risco de acumulação de dívidas e recolhimento de dados que possam comprometer a privacidade de seus usuários.
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"Eles falavam que tinha um tal o minuto pagante [na madrugada]", diz jogador que afirma ter perdido mais de R$ 100 mil com esse tipo aposta. Dados de busca do Google mostram picos entre as 2h e as 3h.
Ansiedade e promessas de lucros mais fáceis têm levado apostadores a buscar jogos de caça-níquel online na madrugada.
Dados da última semana do Google Trends, que medem o volume de buscas na internet, mostram que expressões como "Fortune Tiger", "Fortune OX" e "Fortune Rabbit" – três tipos populares de jogos online – tiveram picos entre as 2h e as 3h (veja abaixo).

"Eu jogava principalmente de madrugada, por não ter que me preocupar com as crianças, que já estavam dormindo, e porque eu li que pagava mais. Porém, não ganhava nada, e me dava mais ansiedade para jogar de novo e tentar algum lucro. Cheguei a dar murro na minha cabeça, puxar meus cabelos, me morder. Isso não é vida", conta Laysa Gonçalves, de 24 anos, moradora de Aracaju (SE).
Laysa conta que começou a jogar em janeiro de 2022, a partir de um anúncio que viu em um grupo de WhatsApp de gestantes. Segundo ela, a mensagem indicava que os jogos eram uma forma de ganhar dinheiro extra, principalmente na madrugada.
No começo, ela colocou R$ 20 e perdeu, mas, em seguida, ganhou R$ 200. "Na hora, pensei, paga mesmo", disse. Algumas semanas depois, ela apostou R$ 1 mil e lucrou 5 vezes mais. "Foi então que virou um vício".
Desde que começou a jogar, entretanto, Laysa conta que perdeu R$ 20 mil – e que chegou a apostar dinheiro que seria usado para comprar comida para os filhos.
"Hoje em dia, eu sofro ansiedade, depressão. Meu filho nasceu prematuro por conta de tanto nervosismo."
Laysa Gonçalves, de 24 anos, com o filho, Davi Gael
Arquivo pessoal
Minutos pagantes
"Eles falavam que tinha um tal minuto pagante [na madrugada], diz Fabio Costa, de 30 anos, morador de Vilhena (GO).
Minuto pagante é uma promessa de lucro fácil em jogos online feita por divulgadores. Segundo eles, seriam momentos em que os jogos tendem a pagar mais prêmios: se o minuto pagante for 9, o jogo poderia pagar mais em horários que terminam em 9, como 12h59 ou 15h19.
Especialistas e o próprio setor, entretanto, dizem se tratar de uma fraude. Isso porque, nesse tipo de jogo, por princípio, resultados devem ser gerados de forma aleatória, sem padrão definido, e ser imprevisíveis. Se a estratégia funcionar, há uma fraude na plataforma (entenda aqui).
Fabio afirma que, quando começou a jogar, há cerca de um ano, chegou a ter alguns ganhos, na casa de R$ 1 mil. Porém, em menos de 1 ano, entretanto, estima que teve um prejuízo de R$ 100 mil com esse tipo de jogo, mudou para uma casa menor e vendeu o carro.
"No começo, você pode até ter ganhos mínimos, mas você sempre vai perder no final", afirmou Costa. "Acabei caindo no papo deles [sobre os minutos pagantes]".
Promoções de jogos de caça-níquel online
Reprodução YouTube e Palver
Estímulo dos jogos é mais forte que o do descanso
O psiquiatra responsável pelo ambulatório do tratamento de dependências de comportamentos do Programa de Orientação e Atendimento de Dependentes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Aderbal Vieira, afirma que a madrugada é um momento que as pessoas ficam mais vulneráveis à ansiedade, já que as preocupações pessoais e profissionais foram resolvidas normalmente de manhã e de tarde.
"Quando dá meia-noite e não existe mais preocupação na mente, o prazer de ganhar ou perder é muito mais satisfatório do que dormir. Esse estímulo de sensações é muito mais imediato do que o descanso. Então as pessoas jogam", afirma.
Assistente-administrativa Eduarda Candido, de 19 anos, de Joinville (SC), afirma que jogava principalmente de madrugada porque, durante o dia, conseguia prestar a atenção em outras coisas. Além disso, a ansiedade causada pelas perdas a empurrava para fora da cama.
"Eu comecei a me afundar um pouco mais porque ficava jogando e, quando eu ia trabalhar, estava morta de sono e tinha perdido o dinheiro que era para eu pagar o cartão da minha madrasta. E ficava pensando no que eu ia fazer", conta.
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Eduarda
Arquivo pessoal
Eduarda afirma que perdeu cerca de R$ 50 mil com os jogos online entre abril de 2022 e maio de 2024.
"Eu percebi que com 19 anos, eu estava com o nome sujo. Então, me abri com a minha família, que me ajudou com a dívida e prometi nunca mais jogar. Entendi então que esse jogo só iria destruir minha vida".
O que são caça-níqueis online
Segundo a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), a Lei nº 14.790, de 2023, que regulamentou o mercado de apostas esportivas, autoriza o oferecimento de jogos online do tipo quota fixa – nos quais se enquadram jogos de caça-níqueis online (ou de slots).
"Por estar (…) diretamente ligado ao conceito de aleatoriedade, o 'Jogo do Tigrinho' (e os demais jogos slot) consiste em um jogo de chance, na modalidade de quota fixa, e não um jogo de azar, proibido pela Lei de Contravenções Penais", afirma a associação.
Para que uma empresa sediada no Brasil possa oferecer esse tipo de jogo, entretanto, é preciso cumprir uma série de regras e obter uma autorização do Ministério da Fazenda. Procurada, a pasta diz que a portaria que vai tratar de jogos online ainda está em elaboração.
"Com esta, serão estabelecidos critérios técnicos e jurídicos, para que um jogo on-line possa ser reconhecido como cumpridor de requisitos legais e, apenas assim, permitidos pelo ordenamento jurídico nacional a serem ofertados pelos operadores de apostas autorizados", afirma a pasta.
Por esse motivo, segundo a pasta, ainda não é possível dizer se os jogos atualmente ofertados obedecem aos critérios legais ou não.
Segundo Magnho José, presidente do Instituto Jogo Legal, entretanto, a maioria das plataformas que oferecem os cassinos online para apostadores que estão no Brasil estão estabelecidas no exterior.
"A maioria das plataformas de apostas esportivas e jogos online estão hospedadas em Malta, Curaçao, Gibraltar e Reino Unido, mesmo que tenham sócios brasileiros", afirma José.
E, segundo Fabiano Jantalia, advogado especialista em direito de jogos e apostas, "desde que o país onde essa plataforma esteja sediada tenha autorização, também não há nenhuma irregularidade."